[DESMOIDE DO PLEXO BRAQUIAL] Fernanda Cunha

Instituto Oncoguia - Você poderia se apresentar?

Fernanda Cunha  - Meu nome é Fernanda Cunha, tenho 27 anos, faço 28 daqui uns 20 dias, moro na cidade de Formiga, no centro oeste de Minas Gerais e entre tantas coisas que gosto de fazer é meus trabalhos sociais no centro em que frequento.
 
Instituto Oncoguia - Qual o seu tipo de câncer?

Fernanda Cunha  - Tenho tumor desmoide no plexo braquial esquerdo


Instituto Oncoguia - Como foi que você descobriu que estava com câncer?

Fernanda Cunha  - Primeiramente veio as dores, e o "caroço" já estava visível depois de ir em alguns médicos e tendo diagnostico distintos, fui em um que com o exame de ultrassonografia me afirmou que se tratava de um tumor.
 
Instituto Oncoguia - Como você ficou quando recebeu o diagnóstico?

Fernanda Cunha  - Nome momento em que estava fazendo a ultra o médico já me falou que se tratava de um tumor, é estranho, não me desesperei, não fiquei triste e nem surpresa, parece que já esperava aquele resultado, minha primeira reação foi falar com o médico a seguinte frase: "OK, SEI QUE TENHO UM TUMOR, COMO IREMOS RETIRAR ELE?"
 
Instituto Oncoguia - Qual foi a sua maior preocupação neste momento?

Fernanda Cunha  - Manter a movimentação do meu braço esquerdo, pois sou canhota, farei qualquer coisa, radio, quimo, mais não podia ficar com sequelas.
 
Instituto Oncoguia - O que aconteceu depois disso?

Fernanda Cunha  - Foi tudo muito rápido, descobri por volta do dia 11 de dezembro de 2011 o que tinha, dia 19 fui a consulta com o médico que me operou e uma semana depois estava sendo operada.

Até então só sabíamos que se tratava de um tumor, mas sem fazer ideia do qual, por isso no início o médico tratava como tumor nos nervos, depois da biopsia que ficou definido que era o desmoide. Tumor benigno de comportamento agressivo e maligno.
 
Instituto Oncoguia - Você já começou o tratamento?

Fernanda Cunha  - Já sim, faço tratamento com o medicamento meloxican e tilex para aliviar as dores e de 4 em 4 meses visitas ao médico e exames como ultra e RM para acompanhamento.
 
Instituto Oncoguia - Em sua opinião, qual é o tratamento mais difícil?

Fernanda Cunha  - Acho que todos são, pois envolve uma parte psicológica. Quando te dizem que você tem um tumor, um câncer é complicado, meu maior impacto foi quando me vi entrando em um hospital do câncer como paciente e esperando para ser atendida.

Não precisei de quimo, mais acredito que deve ser um dos mais difíceis, se não for o mais difícil, mexe muito com a auto estima da gente.
 
Instituto Oncoguia - Você teve efeitos colaterais?

Fernanda Cunha  - Não tive nenhum significante. Apenas o uso constante do meloxican meu deu muitas dores no estômago, mas me alimento bem antes de tomá-lo e também faço uso de omeprazol, ajuda bastante nessas dores.
 
Instituto Oncoguia - Como foi a relação com o seu médico?

Fernanda Cunha  - Tanto com o médico que descobriu o tumor, como com o que me operou e com o que faço o acompanhamento, a relação é a melhor possível, confio neles e vejo que eles em mim, isso tem que ser uma troca, confiança em ambos os lados para fazer tudo funcionar.

Instituto Oncoguia - Com que outro profissional você se relacionou?

Fernanda Cunha  - Nenhum diretamente
 
Instituto Oncoguia - Você fez acompanhamento psicológico?

Fernanda Cunha  - Não
 
Instituto Oncoguia - E com nutricionista?

Fernanda Cunha  - Também não, apesar de ter mudado minha alimentação, comendo coisas mais saudáveis e evitando tudo que seja transmissor de colágeno e estrogênio, já a fortes indícios de que o desmoide "se alimenta" disso.

Instituto Oncoguia - Você está em tratamento ou já finalizou?

Fernanda Cunha  - Estou em tratamento e como diz meu médico, sem previsão de alta, sempre acompanhando.
 
Instituto Oncoguia - Como está a sua vida hoje?

Fernanda Cunha  - Minha vida esta praticamente normal, porém as dores são constantes, perdi um pouco da movimentação do braço e agilidade. Meu médico me disse que é irreversível, pois o nervo foi bastante lesionado.

Ainda existe um "pedaço" desse tumor aqui dentro, mais hoje ele está em local inoperável, acho que por isso ainda sinto as dores, quem sabe um dia tomando esse medicamento e com muita fé em Deus eu fique completamente curada.
 
Instituto Oncoguia - Conte-nos sobre seu trabalho e planos para o futuro.

Fernanda Cunha  - Faço faculdade de pedagogia, formo daqui 3 anos, quem sabe um dia possa atuar como professora.

Meus planos é cuidar de crianças com problemas psicológicos de ordens diversas, me especializar em psicopedagogia.

Meu TCC será de Pedagogia Hospitalar e meu foco será crianças com câncer.
 
Instituto Oncoguia - Que orientações você daria para alguém que está recebendo o diagnóstico de câncer hoje?

Fernanda Cunha  - Primeiramente tentar manter o foco e a fé em Deus ou em qualquer outro ser superior em que acreditar.

E não se desesperar, a medicina está avançada, a expectativa de vida aumentou em vista a 50 anos atrás.

E se o câncer for daqueles bravos, violentos mesmo, deixe na mão de Deus, o melhor irá acontecer.

E aproveite a vida com quem ama, a gente não sabe quanto tempo resta, você pode morrer do câncer, mas também pode ser atropelado na rua, então não sabemos quando isso vai acontecer, então viver da melhor forma possível.

Instituto Oncoguia - Qual a importância da informação durante o tratamento de um câncer?

Fernanda Cunha  - Muito grande, porque durante o tratamento e tudo que envolve a doença a gente fica meio perdido, então ter informação ajuda a gente se manter racional.
 
Instituto Oncoguia - Você buscou se informar?

Fernanda Cunha  - Busquei sim. Procurei muita coisa na internet, e encontrei. Muito lixo, mais muita coisa útil. Me informei com meu médico e assim resolvi criar um blog para ajudar as pessoas que estejam meio perdidas e graças a Deus tem dado certo.
 
Instituto Oncoguia - Como você conheceu o Oncoguia?  

Fernanda Cunha  - Fazendo uma dessas pesquisas pela net.
 
Instituto Oncoguia - Você tem alguma sugestão a nos dar?

Fernanda Cunha  - Não, apenas que continue fazendo esse trabalho maravilhoso quem tem ajudado também gente pelo Brasil a fora
 
Instituto Oncoguia - Você sabia que possuímos um trabalho focado na melhoria da situação do Câncer no Brasil? Estamos sempre em contato com políticos e gestores que podem ajudar a melhorar as políticas públicas brasileiras relacionadas ao câncer. Se você fosse mandar um recado para um político, o que você gostaria que mudasse ou melhorasse considerando tudo o que você passou?  

Fernanda Cunha  - Meu recado é apenas que cuidem da saúde do Brasil.

Muita gente não tem condição de pagar por nada, então que seja dado um tratamento digno pelo SUS.

Penso que se o paciente é diagnosticado com câncer e já ta passando uma barra pesada psicologicamente falando, que ao menos seja dado um tratamento de ponta

Peço mais agilidade em exames, mais médicos competentes e mais carinho com quem está passando por isso tudo.

E no meu caso em especial, peço mais divulgação e tratamento para quem tem desmoide. As informações são poucas e nos sentimos totalmente perdidos.

Agradeço a atenção e entrevista, abraços a todos.