Droga contra câncer de mama reduz em 50% risco de piora ou morte em estudo
Uma nova droga contra o câncer de mama metastático chamada Enhertu demonstrou, em estudo, reduzir em 50% o risco de avanço da doença ou de morte em comparação à quimioterapia. O resultado foi divulgado no último domingo (5), no jornal científico New England Journal of Medicine.
Desenvolvido pelas farmacêuticas Astrazeneca e Daiichi Sankyo, o fármaco de nome genérico trastuzumab deruxtecan foi testado em 557 mulheres com câncer de mama na Ásia, na Europa e na América do Norte. Dessas, 373 receberam a droga experimental e 184 passaram por quimioterapia tradicional.
Entre as participantes havia dois grupos: aquelas cujo câncer tinha receptores hormonais positivos e as com receptores negativos. O tumor mamário ganha essas nomenclaturas com base na presença ou ausência de receptores de estrogênio ou progesterona. Quando esses dois hormônios se ligam aos receptores, eles “alimentam” o crescimento do câncer, segundo informa o Instituto Oncoguia.
Na pesquisa, pessoas com receptores hormonais positivos passaram pela quimioterapia ou foram medicadas com o Enhertu, enquanto as com receptores hormonais negativos receberam apenas a terapia convencional.
O remédio melhorou em seis meses a média de sobrevida de todas as pacientes em estágio avançado comparado à químio, e reduziu pela metade o risco geral de morte ou progressão da doença.
Analisando apenas o risco de morte, a terapia experimental diminuiu essa probabilidade em 36%. Aquelas que foram medicadas com o Enhertu viveram ainda quase dois anos; já as que receberam quimioterapia tiveram uma sobrevida de 16,8 meses.
Como funciona
A droga usa um anticorpo para detectar e se ligar às células cancerígenas, entregando um componente quimioterápico a fim destruí-las. Essas células têm uma proteína mutante chamada HER2, alvo do medicamento.
Mas o fármaco também destrói outras células cancerígenas próximas — mesmo que tenham baixos níveis da proteína HER2. Isso é um diferencial, considerando que outros tratamentos contra o câncer acabam sendo ineficazes nesse sentido.
Em comunicado, Shanu Modi, oncologista do Memorial Sloan Kettering Cancer Center, nos EUA, e principal pesquisadora do artigo, destaca que a eficácia do Enhertu reforça o potencial de um novo padrão de tratamento para mais da metade das pacientes com câncer de mama, aquelas com o tipo HER2-negativo.
A medicação apresentou efeitos colaterais em 19% das voluntárias, sendo alguns parecidos com os da quimioterapia: náusea, fadiga e perda de cabelo. Problemas pulmonares decorrentes do tratamento foram mais raros, mas 1,4% das participantes morreu em razão disso.
Mesmo com os riscos potenciais, a droga pode ser uma opção futura para quem não responde a outro tratamento. “Sua vantagem real é que nos permite levar terapias potentes diretamente às células cancerígenas”, declarou Eric Winer, especialista em câncer de mama e diretor do Yale Cancer Center, não envolvido no estudo, ao The New York Times.
Fonte: Galileu
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