Efeitos da cirurgia sobre a sexualidade

          Efeitos da cirurgia pélvica sobre a sexualidade
 
Muitos órgãos podem ser afetados após uma cirurgia pélvica. Nos próximos tópicos discutiremos alguns dos tipos mais frequentes de cirurgia utilizadas no tratamento de determinados tipos de câncer e as formas como podem afetar a vida sexual da mulher.
 
Histerectomia radical
 
A histerectomia radical é uma cirurgia para tratar alguns tipos de câncer de colo do útero e endométrio. Neste procedimento são retirados o útero, os ligamentos que o fixam na pelve e de dois a quatro centímetros do fundo da vagina. A histerectomia para câncer de útero ou ovário remove menos tecido. Após retirar o colo do útero, o cirurgião sutura a vagina na sua parte superior. A parte superior da vagina cicatriza e se torna um canal fechado. A vagina não fica, como algumas mulheres pensam, um túnel aberto na pelve.
 
Os ovários podem (ou não) ser removidos
 
Dependendo da idade e preferências da mulher, o cirurgião pode preservar um ovário durante a histerectomia. Cada ovário pode produzir hormônios suficientes para impedir que a mulher numa menopausa precoce. Quando o útero é removido, a mulher não terá mais períodos menstruais e nem poderá mais engravidar.
 
A mulher deve conversar com seu médico para avaliar os riscos e benefícios da remoção de um ou ambos os ovários.
 
Efeitos da histerectomia na bexiga
 
A histerectomia radical pode afetar a capacidade da mulher urinar enquanto os nervos ao redor do útero estão se recuperando da cirurgia. Entretanto, atualmente, com as novas técnicas cirúrgicas e a cirurgia conservadora de nervos, problemas como esse são menos frequentes. Em alguns casos pode ser colocado uma sonda de forma provisória após a cirurgia para diminuir os problemas urinários.
 
Efeitos da histerectomia na sexualidade
 
A histerectomia não costuma mudar a capacidade de uma mulher de sentir prazer sexual. A vagina é encurtada, mas a área em torno do clitóris e revestimento da vagina, geralmente, permanecem tão sensíveis quanto antes.
 
Se o tumor está provocando dor ou sangramento durante a penetração vaginal, a histerectomia pode evitar esses sintomas além de melhorar a vida sexual da mulher. A vagina pode ficar mais curta após a cirurgia, e é importante que a vagina tenha lubrificação suficiente para permitir que os tecidos se estiquem e se movam.
 
Cistectomia radical
 
A cistectomia radical é realizada no tratamento do câncer de bexiga. Esse procedimento consiste na retirada da bexiga, além do útero, ovários, tuba uterina parede anterior da vagina e uretra. Mas, mesmo assim, algumas ações podem ser tomadas durante a cirurgia para ajudar a preservar a função sexual feminina.
 
          Alterações na vagina após a cistectomia radical
 
A cistectomia radical, geralmente, remove metade da vagina, mas a penetração ainda é possível. Os cirurgiões, às vezes, reconstroem a vagina com um enxerto de pele. Mais comumente, se utiliza a parede posterior da vagina para reconstruir o canal vaginal. Existem prós e contras com os dois tipos de reconstrução vaginal.
 
Se a vagina está curta, porque não foi realizada a reconstrução vaginal, você ainda pode ter uma vida sexual ativa. Algumas posições sexuais, como aquelas onde os parceiros ficam lado a lado ou com a mulher por cima, limitam a profundidade da penetração.
 
          Orgasmo após a cistectomia radical
 
Muitas mulheres que tiveram a parede anterior da vagina removida como parte da cistectomia relatam que isto tem pouco ou nenhum efeito sobre seus orgasmos. Mas, outras mencionam que não são capazes de atingir o orgasmo. As mulheres têm dois ramos nervosos, que passam ao longo de cada lado da vagina, mas que são fáceis de serem lesionados durante a cistectomia radical. Converse com seu médico sobre a cirurgia e se esses nervos serão retirados ou preservados. Isto pode aumentar sua chance de ter orgasmos após a cirurgia.
 
Outro possível problema que pode acontecer durante a cistectomia radical é a retirada da extremidade da uretra. Isso pode fazer com que o clitóris perca irrigação sanguínea afetando a excitação sexual. Converse com seu cirurgião sobre o assunto e pergunte se isso pode ocorrer no seu caso.
 
Urostomia
 
As mulheres que realizaram a cistectomia radical também podem ser portadoras de uma ostomia. Uma ostomia é uma abertura no abdômen da mulher por onde são eliminados os resíduos que o corpo não necessita, como urina e fezes. A abertura para a urina é denominada urostomia. A urina passa a ser eliminada numa bolsa plástica externa ao abdômen.
 
Ressecção abdominoperineal
 
A ressecção abdominoperineal para tratamento do câncer de cólon é uma cirurgia que remove o cólon e o reto inferior. Às vezes, o útero, ovários e até mesmo a parede posterior da vagina também podem ser retirados. O restante do canal vaginal deve ser reconstruído com enxertos de pele ou com um retalho de pele e músculo.
 
A ressecção abdominoperineal não lesiona os nervos que controlam a sensibilidade genital da mulher e permitem o orgasmo. Algumas mulheres podem notar secura vaginal, especialmente se seus ovários foram removidos. Caso isso ocorra, o uso de lubrificantes à base de água pode tornar a relação sexual mais confortável.
 
A relação sexual em determinadas posições pode ser desconfortável ou até dolorosa. Sem a presença do reto, a vagina cicatriza. Assim um casal pode precisar tentar diferentes posições para encontrar a mais adequada para eles.
 
Vulvectomia
 
O câncer de vulva pode ser tratado cirurgicamente com a remoção de toda ou parte da vulva. Essa cirurgia é denominada vulvectomia.
 

  • A vulvectomia parcial remove apenas a área afetada e uma margem ao redor do tumor.
  • A vulvectomia simples remove toda a vulva e o tecido sob a pele.
  • A vulvectomia radical modificada remove a área afetada, uma margem de tecido normal, além de alguns linfonodos da virilha. Se existirem células cancerígenas no clitóris ou próximas dele, pode ser necessário também removê-lo.
  • A cirurgia mais extensa é denominada vulvectomia radical, que raramente é realizada. Neste procedimento, se remove toda a vulva, o que inclui os lábios menores e maiores e o clitóris e, muitas vezes, os linfonodos que drenam o líquido linfático da vulva. A vagina, o útero e os ovários permanecem intactos.

Após a remoção de parte ou da totalidade da vulva, as mulheres, muitas vezes, sentem desconforto ao usar calças apertadas ou jeans, já que o tecido em torno do orifício uretral e vaginal não existe mais. A área ao redor da vagina também perde sua aparência normal.
 
As mulheres, muitas vezes, temem que seus parceiros não gostem ou deixem de amá-las devido a cicatriz e perda da genitália externa, especialmente se eles praticam estimulação oral como parte da relação sexual. Algumas mulheres podem realizar a cirurgia de reconstrução dos lábios menores e maiores, o que melhora a aparência da vulva, mas a sensação será diferente.
 
Ao tocar a área ao redor da vagina e especialmente a uretra, uma carícia leve e o uso de um lubrificante podem ajudar a prevenir irritação e dor. Se o tecido cicatricial diminui o orifício de entrada da vagina, a penetração pode ser dolorosa. O uso de dilatadores vaginais pode ajudar. Quando a cicatriz é extensa, o cirurgião pode usar enxertos de pele para alargar a entrada. O uso de hidratantes vaginais também pode ser muito útil para evitar o desconforto.
 
Quando os linfonodos da virilha são removidos, as mulheres podem apresentar inchaço da região genital ou pernas. Embora o edema melhore após cirurgia, pode se tornar um problema a longo prazo. Essa condição, denominada linfedema, pode provocar dor, sensação de peso e fadiga. Também pode ser um problema durante a relação sexual.
 
Orgasmo após vulvectomia
 
Mulheres que fizeram vulvectomia podem ter problemas para atingir o orgasmo, dependendo de quanto da vulva foi removida. A genitália externa, especialmente o clitóris, é importante no prazer sexual de uma mulher. Se a cirurgia tiver removido o clitóris e parte da vagina, os orgasmos podem não ser mais possíveis e pode, inclusive, apresentar dormência.
 
Exenteração pélvica
 
A exenteração pélvica é a cirurgia mais extensa da região pélvica. É realizada mais frequentemente quando o câncer de colo do útero ou do reto recidivou na pelve após o tratamento.
 
Nesta técnica o útero, o colo do útero, os ovários, as trompas de Falópio, a vagina e, às vezes, a bexiga, uretra e/ou reto são removidos. Se forem criadas duas ostomias, esta cirurgia é denominada exenteração pélvica total; uma ostomia para a urina e a outra para as fezes. Nestes casos, a vagina normalmente é reconstruída.
 
Como esse procedimento é de grande porte, alguns grandes centros oncológicos oferecem orientação e aconselhamento para ajudar à mulher a se preparar para as mudanças no seu corpo e em sua vida.
 
Reconstrução vaginal após cirurgia pélvica
 
Se toda ou grande parte da vagina foi removida, é possível reconstruí-la com tecido de outra parte do corpo. Uma neovagina (nova vagina) pode ser cirurgicamente criada com pele ou usando enxertos e retalhos de pele e músculo. Essa nova vagina pode permitir que uma mulher tenha relações sexuais.
 
Enxertos de pele. Quando a vagina é reconstruída com enxertos de pele, a mulher deve usar um dilatador  vaginal, de formato especial, ou um molde usado dentro da vagina para mantê-la dilatada. Depois de um determinado tempo, o uso de um dilatador por alguns minutos todos os dias ou a penetração vaginal regular durante a relação sexual permite manter a vagina aberta. Sem dilatação frequente, a neovagina pode estreitar, cicatrizar ou fechar.
 
Retalhos e enxertos de pele e músculo. Existem outras maneiras de reconstruir a vagina com músculo e pele de outras partes do corpo. Uma vagina que é reconstruída com retalhos musculares e pele produz pouco ou nenhum lubrificante natural quando a mulher fica excitada. A mulher precisará se preparar para ter relações sexuais, aplicando um gel dentro da vagina. Durante a relação sexual com uma vagina reconstruída, a mulher sente como se a pele estivesse sendo acariciada. Isso porque as paredes da vagina ainda recebem inervação das fibras nervosas originais. Com o passar do tempo essa sensação torna-se menos incômoda e pode se tornar sexualmente excitante.
 
Cuidados com a vagina reconstruída. A vagina natural tem seu próprio sistema de limpeza. Drenagem de secreções junto com células mortas. A vagina reconstruída não pode fazer isso e precisa ser higienizada com uma ducha íntima para evitar secreções e odor. Após a reconstrução da vagina, os parceiros precisam tentar diferentes posições para encontrar uma que seja adequada para ambos. Um pequeno sangramento ou manchas de sangue depois da penetração não é motivo para alarme, mas um sangramento intenso deve ser imediatamente reportado ao médico.
 
Cirurgia para câncer de mama
 
Problemas sexuais têm sido associados à mastectomia e à lumpectomia, cirurgias que removem toda ou parte da mama. Perder uma mama pode ser muito angustiante e traumatizante. Em alguns casos a mulher pode perder ambas as mamas. Às vezes, é necessário fazer hormonioterapia ou outro tratamento, e os efeitos desses tratamentos podem aumentar os problemas sexuais decorrentes da perda da mama.
 
A cirurgia para câncer de mama pode interferir no prazer de acariciar o seio. Após uma mastectomia, o seio inteiro desaparece e há uma perda de sensibilidade. Algumas mulheres ainda sentem prazer ao acariciar ao redor da área da cicatriz. Outras não gostam de ser tocadas nesse local, e já nem sequer gostam mais de serem acariciadas no outro seio e mamilo.
 
Algumas mulheres que realizaram uma mastectomia se sentem constrangidas quando o parceiro fica por cima durante a relação sexual. Essa posição facilita notar a ausência do seio. Algumas mulheres que tiveram câncer vestem uma camisola ou apenas um sutiã com a prótese durante a relação sexual. Outras mulheres consideram a prótese da mama inútil durante o sexo.
 
Se a cirurgia retirou somente o tumor e foi seguida de radioterapia, a mama pode ficar com cicatrizes. Também pode se sentir diferença quanto à forma, sensação ou tamanho. Enquanto a mulher está realizando radioterapia a pele pode ficar vermelha e inchar. A mama também pode se tornar sensível e dolorida em algumas regiões. Posteriormente, algumas mulheres podem ter áreas de dormência ou diminuição da sensibilidade perto da cicatriz cirúrgica.
 
Texto originalmente publicado no site da American Cancer Society, em 06/02/2020, livremente traduzido e adaptado pela Equipe do Instituto Oncoguia.

Este conteúdo ajudou você?

Avaliação do Portal

1. O conteúdo que acaba de ler esclareceu suas dúvidas?
Péssimo O conteúdo ficou muito abaixo das minhas expectativas. Ruim Ainda fiquei com algumas dúvidas. Neutro Não fiquei satisfeito e nem insatisfeito. Bom O conteúdo esclareceu minhas dúvidas. Excelente O conteúdo superou todas as minhas expectativas.
2. De 1 a 5, qual a sua nota para o portal?
Péssimo O conteúdo ficou muito abaixo das minhas expectativas. Ruim Ainda fiquei com algumas dúvidas. Neutro Não fiquei satisfeito e nem insatisfeito. Bom O conteúdo esclareceu minhas dúvidas. Excelente O conteúdo superou todas as minhas expectativas.
3. Com a relação a nossa linguagem:
Péssimo O conteúdo ficou muito abaixo das minhas expectativas. Ruim Ainda fiquei com algumas dúvidas. Neutro Não fiquei satisfeito e nem insatisfeito. Bom O conteúdo esclareceu minhas dúvidas. Excelente O conteúdo superou todas as minhas expectativas.
4. Como você encontrou o nosso portal?
5. Ter o conteúdo da página com áudio ajudou você?
Esse site é protegido pelo reCAPTCHA e a política de privacidade e os termos de serviço do Google podem ser aplicados.
Multimídia

Acesse a galeria do TV Oncoguia e Biblioteca

Folhetos

Diferentes materiais educativos para download

Doações

Faça você também parte desta batalha

Cadastro

Mantenha-se conectado ao nosso trabalho