Efeitos do tratamento oncológico a longo prazo

Um efeito tardio é um efeito colateral que ocorre meses ou anos após o término do tratamento. Muitos pacientes que receberam tratamento contra o câncer têm um eventual risco de desenvolver efeitos colaterais tardios. O tratamento dos efeitos a longo prazo é uma parte importante dos cuidados do acompanhamento após o tratamento.

Tipos de efeitos colaterais a longo prazo

Os principais efeitos tardios causados pelo tratamento do câncer são:

      Sequelas cirúrgicas

Diferentes procedimentos cirúrgicos podem causar efeitos tardios, por exemplo:

  • Pacientes de linfoma de Hodgkin, especialmente aqueles diagnosticados antes de 1988, eram submetidos a esplenectomia (retirada do baço) o que aumenta o risco de infecções graves.
  • Pacientes com tumores ósseos e de partes moles podem ter sequelas físicas e psicológicas por perder todo ou parte de um membro, por exemplo, dor no membro que foi removido.
  • Pacientes que fizeram a cirurgia para retirada de linfonodos ou radioterapia para os gânglios linfáticos podem desenvolver linfedema, que causa inchaço e dor.
  • Homens que tiveram os gânglios linfáticos próximos do rim, bexiga, testículos ou reto, removidos podem ter um risco aumentado de infertilidade.

      Problemas cardíacos

Estes são mais frequentemente causados pela radioterapia na região torácica ou pela quimioterapia, especialmente se forem administrados os medicamentos quimioterápicos doxorrubicina e ciclofosfamida. Pacientes com mais de 65 anos e aqueles que receberam doses mais elevadas de quimioterapia têm um maior risco de desenvolver problemas cardíacos o que inclui inflamação do músculo cardíaco e insuficiência cardíaca congestiva. Converse com seu médico sobre o que está sendo avaliado regularmente no que se refere à parte cardiológica,  já que você não pode apresentar quaisquer sinais ou sintomas. Os exames de rotina para diagnosticar  alterações ou leões cardíacas incluem exame físico, eletrocardiograma e ecocardiograma. Todos os pacientes que tiveram câncer, especialmente aqueles que fizeram tratamento para linfoma de Hodgkin na infância, devem informar a seus médicos se sentirem dor no peito, porque isso pode ser um sinal de um problema cardíaco.

      Problemas pulmonares

A quimioterapia e a radioterapia podem causar lesões nos pulmões. Pacientes que receberam quimioterapia e radioterapia (por exemplo, um paciente que recebeu os dois tratamentos para o transplante de células tronco) podem ter risco maior de lesão pulmonar. Alguns dos medicamentos que podem causar mais danos aos pulmões incluem a bleomicina, carmustina, prednisona, dexametasona e metotrexato. Os efeitos tardios podem incluir:

  • Alteração na função pulmonar.
  • Espessamento da mucosa dos pulmões.
  • Inflamação dos pulmões.
  • Dificuldade respiratória.

Pacientes com histórico de doença pulmonar e idosos podem ter problemas pulmonares adicionais.

      Problemas no sistema endócrino

Para as mulheres, a quimioterapia e a radioterapia podem danificar os ovários, provocando ondas de calor, problemas sexuais, osteoporose e menopausa precoce.

Homens e mulheres que fazem radioterapia na região da cabeça e pescoço podem ter níveis mais baixos de hormônios ou alterações da glândula tireoide, e ambos terem um risco aumentado de infertilidade devido ao tratamento oncológico.

O seu médico pode solicitar exames de sangue para verificar seus níveis hormonais, e estes devem ser feitos regularmente para ex-pacientes de câncer que têm um risco de alterações hormonais devido ao tratamento. Às vezes, medicamentos ajudam a que os níveis de hormônios voltem ao normal.

      Problemas ósseos, articulações e tecidos moles

Ex-pacientes de câncer que receberam quimioterapia, medicamentos esteroides ou terapia hormonal e que não são fisicamente ativos podem desenvolver osteoporose ou dor nas articulações.


Você pode diminuir o risco de osteoporose não fumando, mantendo uma dieta rica em alimentos com cálcio e vitamina D, praticando atividade física regularmente e limitando a quantidade de álcool ingerida.

      Problemas com nervos, medula óssea e cérebro

A quimioterapia e a radioterapia podem causar efeitos colaterais no cérebro, medula espinhal e nervos a longo prazo. Estes efeitos tardios podem incluir:

  • Perda de audição devido as altas doses de quimioterapia, especialmente com cisplatina.
  • Risco de AVC, para aqueles que receberam altas doses de radioterapia no tratamento de tumores cerebrais.
  • Efeitos colaterais no sistema nervoso, como neuropatia periférica.

Check ups regulares, exames de audição e raios X devem ser realizados após o término do tratamento para verificar a presença desses efeitos tardios.

      Dificuldade de aprendizagem, memória e concentração

Quimioterapia e altas doses de radioterapia na cabeça podem causar problemas de concentração, memória e de aprendizagem, tanto para crianças, como para adultos.

Ex-pacientes que sofrem de algum desses problemas devem conversar com seu médico para esclarecer suas dúvidas.

      Problemas de visão e dentários

Os ex-pacientes de câncer devem fazer consultas regulares com dentista e oftalmologista. Dependendo do tipo de tratamento realizado esses pacientes podem apresentar problemas como:

  • A quimioterapia pode afetar o esmalte dos dentes e aumentar o risco de problemas dentários a longo prazo.
  • Altas doses de radioterapia administrada na região da cabeça e pescoço pode alterar o desenvolvimento dos dentes, causar doenças da gengiva e diminuir a produção de saliva, provocando boca seca.
  • Medicamentos esteroides podem aumentar o risco de problemas oculares, como catarata.
  • Quimioterapia, radioterapia e cirurgia podem afetar a forma como uma pessoa digere seu alimento. A cirurgia e/ou radioterapia na região abdominal pode provocar dor crônica no tecido cicatricial e problemas intestinais que afetam a digestão. Enfim, alguns pacientes podem ter diarreia crônica, que reduz a capacidade do seu organismo de absorver nutrientes.
  • Um nutricionista pode ajudar os pacientes que não estão recebendo nutrientes suficientes ou estão abaixo do peso por causa da má digestão.

      Problemas emocionais

Ex-pacientes de câncer muitas vezes experimentam uma variedade de emoções positivas e negativas, incluindo alívio, um sentimento de gratidão por estar vivo, medo da recidiva, raiva, culpa, ansiedade, depressão e isolamento.

Os ex-pacientes e cuidadores, familiares e amigos também podem apresentar episódios de estresse pós-traumático. A experiência pós-tratamento de cada pessoa é diferente. Por exemplo, alguns pacientes lutam com os efeitos emocionais do câncer, enquanto outros dizem que eles têm agora uma nova perspectiva de vida devido à doença. Em caso de necessidade procure um psicólogo ou um psicooncologista para diagnóstico e tratamento efetivos do problema.

      Cânceres secundários

Um câncer secundário é um tipo diferente de câncer que surge após o diagnóstico inicial de câncer. Os ex-pacientes de câncer têm um risco aumentado de desenvolver um novo câncer. A quimioterapia e a radioterapia podem danificar as células estaminais da medula óssea e aumentar a possibilidade de qualquer mielodisplasia ou leucemia aguda. Converse com seu médico sobre como reduzir o risco de um câncer secundário e como estar atento a quaisquer sinais ou sintomas.

      Fadiga

A fadiga é o efeito colateral mais comum do tratamento oncológico, e que muitas vezes persiste após o término do tratamento. A fadiga pode ser causada pelos efeitos colaterais de tratamento ou pode não ter nenhuma causa conhecida.

Perguntas para seu médico

Quando estiver finalizando o tratamento, converse o máximo possível com seu médico sobre os potenciais efeitos colaterais a longo prazo de seu tratamento.

Algumas sugestões de perguntas a serem feitas ao médico:

  • Você poderia fazer um relatório do tratamento que eu realizei?
  • Tenho risco de desenvolver efeitos colaterais tardios específicos?
  • Devo consultar outros especialistas, como um cardiologista ou endocrinologista?
  • Existem sinais ou sintomas aos que eu preciso ficar atento?
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