Enfrentando o câncer do pulmão

Numa iniciativa inovadora, denominada Aliança contra o Câncer do Pulmão, sociedades médicas, a saber, Pneumologia, Cirurgia do Tórax, Radiologia, Oncologia Clínica, Patologia, se unem para realizar o primeiro Congresso Brasileiro de Câncer do Pulmão, em agosto, em Brasília. Nada é por acaso, ou menos ainda diletante. Em breve estaremos no Agosto Branco, assim denominado o mês da conscientização, prevenção e diagnóstico oportuno desses cânceres. Movidos pela alta e desnecessária mortalidade por uma doença que é prevenível e tratável, se detectada precocemente, o alerta é sobretudo para lembrar a importância do cigarro, aí incluídos os dispositivos eletrônicos ou vapes, como os responsáveis, imediatos ou tardios, por pelo menos 80% dos casos de câncer de pulmão ou de bexiga no Brasil. Temos a consciência, inclusive, do impacto que a pandemia de Covid-19 teve nos diagnósticos dos cânceres rastreáveis, porque as pessoas deixaram de procurar assistência em face das restrições.

Dados do Instituto Nacional de Câncer (Inca) demonstram que 20.618 brasileiros morreram de neoplasias pulmonares em 2020, sendo o consumo de tabaco o grande responsável. Mais do que considerar novas tecnologias ou de tratamentos, muitos dos quais de alto custo individual, e não incorporados ao SUS, portanto fora do alcance da grande maioria da população, o que almeja esta iniciativa é criar uma cultura do diagnóstico precoce na rede de atenção primária no SUS, sensibilizando autoridades de saúde, profissionais de todas as especialidades que exerçam suas atividades na atenção primária, e sobretudo a sociedade civil, para que conheçam o risco e busquem a assistência correta.

Extrapolando o quão dramático é o custo social de perdas de vida precoces ou incapacidade para o trabalho ainda em idade produtiva, agravado pela perda de autonomia, o relatório publicado em fim de 2023 pelo Núcleo de Saúde e Políticas Públicas do INSPER, foi muito bem elaborado e revela os alto custos econômicos gerados por esse grupo de doenças, com alto impacto na economia da saúde. A solução racional adotada em vários países foi o rastreamento de risco, muito similar ao que se pratica no Brasil em relação ao câncer de mama, e que recentemente se iniciou visando o câncer de próstata.

Qualquer mulher, ao chegar para um exame preventivo, ou homem, para um exame de próstata, aos 50 anos, por exemplo, poderia ser perguntado se é ou foi fumante até há 15 anos, e diante de uma resposta positiva ser encaminhado para rastreamento que deverá propiciar entre outros, exame de tomografia de baixa dose de radiação, capaz de detectar nódulos ou lesões de pequenas dimensões, e portanto operáveis ou tratáveis, mudando assim o curso inexorável de um câncer detectado em estágios avançados, chamados 3 ou 4, quando, por serem inoperáveis ou irressecáveis, incorrem em prognóstico sombrio. Sabemos que pacientes com estágio avançado têm estimativa de sobrevida em 5 anos de apenas 5,2% enquanto que os detectados em estágios iniciais, evoluem com sobrevida de 57,4%, segundo uma revisão sistemática publicada por Toumazis e colaboradores em 2020, na revista Lung Cancer.

Numa estrutura como o nosso SUS seria desejável estabelecer uma linha de cuidados que viesse desde a governança, definindo os centros de referência melhor preparados e equipados regionalmente, para receber pacientes detectados pelos métodos de triagem; assegurar o devido financiamento com regularidade para que o fluxo desde a detecção até a reabilitação da pessoa não se interrompa; entendendo que o rastreamento isoladamente não resolve o problema, ações de informação permanente sobre riscos, e promoção da saúde , sobretudo no que concerne ao tabagismo e hoje, mais agudamente aos dispositivos eletrônicos de fumar, de par com o monitoramento sistemático de cada serviço, desde o básico verificando a aplicação dos meios de detecção precoce, até a resolubilidade dos mais complexos, de referência, poderão resultar no nosso objetivo maior que é o de salvar vidas.

Fonte: O Globo

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