[ENTREVISTA] Câncer, Fertilidade, Gravidez. Esclareça suas dúvidas

Posso engravidar durante o tratamento do câncer? Descobri o câncer durante o período pré-natal. E agora? Meu anticoncepcional pode interferir no resultado do tratamento oncológico?

Perguntas como estas vêm sendo frequentemente feitas ao Instituto Oncoguia através de seu Programa de Atendimento ao Paciente com câncer, e, para esclarecê-las, a entidade conversou com a Dra. Laura Testa, oncologista do ICESP (Instituto do Câncer do Estado de São Paulo).

A oncologista discorreu sobre questões importantes, tais como fertilidade e tratamento do câncer; métodos contraceptivos adequados às pessoas em processo terapêutico e os cuidados essenciais no caso de uma gravidez inesperada, para preservação da saúde do bebê e da mãe. Como no tratamento do câncer, ‘cada caso é um caso’, ou seja, cada organismo manifesta reações de formas distintas, Dra. Laura apontou para a importância do diálogo com o médico, para que oriente a paciente sobre todas suas dúvidas.

Também, ela relatou que no ICESP – Um dos principais Hospitais brasileiros de atendimento ao paciente com câncer - há um grupo multidisciplinar de profissionais da saúde, destinado à discussão de casos e planejamento do tratamento. "A comunicação e discussão dos casos é fundamental no planejamento do tratamento para garantir a segurança do bebê e os melhores resultados para a mãe”.

Confira a entrevista na íntegra. E se tiver dúvidas sobre métodos contraceptivos, fertilidade, gravidez e o câncer, não deixe de conversar com seu médico!

Instituto Oncoguia - Vem sendo muito frequente, no Programa de Atendimento ao Paciente com câncer do Instituto Oncoguia, o questionamento de mulheres sobre os riscos de uma gravidez inesperada durante o tratamento do câncer. Fale sobre isso. Há riscos para mãe e para a criança?

Dra. Laura - Nossa preocupação é que a maioria dos tratamentos para câncer podem trazer riscos ao bebê, inclusive de má formação. Durante a quimioterapia, por exemplo, é necessário utilizar métodos contraceptivos adequados. Caso a mulher deseje engravidar deve conversar com seu médico para orientação.

Instituto Oncoguia - E é mesmo factível uma mulher engravidar já em tratamento, ou a fertilidade tende a ser afetada pelos antineoplásicos?

Dra. Laura - A fertilidade pode ser afetada pelos antineoplásicos, mas é possível engravidar sim após o tratamento.

Instituto Oncoguia - E como a mulher em tratamento pode evitar a gravidez? Pode-se usar os anticoncepcionais convencionais ou tal classe de medicamentos tende a interferir na ação dos antineoplásicos?

Dra. Laura - A camisinha sempre pode ser utilizada (desde que a paciente e o parceiro não tenham alergia). Métodos hormonais devem ser discutidos individualmente, pois podem interferir com o tratamento.

Instituto Oncoguia - Com qual profissional da saúde a mulher em tratamento oncológico deve orientar-se sobre isso, o seu oncologista ou ginecologista?

Dra. Laura - Os dois! O Oncologista pode dizer a ela o que ela não pode usar (se há uma contraindicação a algum método pelo tratamento ou diagnóstico da paciente). O ginecologista vai discutir as opções possíveis e discutir qual é o melhor método para cada paciente.

Instituto Oncoguia - E no caso de uma gravidez inesperada, como se dá o seguimento do tratamento oncológico?

Dra. Laura - Depende de que tratamento a paciente está fazendo e com que intuito (antes da cirurgia, depois da cirurgia ou para doença metastática)

Instituto Oncoguia - E como essa mulher deve ser, idealmente, assistida? Ela precisa de pelo menos dois médicos: oncologista e obstetra, que devem estar sempre em contato.

Dra. Laura - No ICESP temos um grupo multidisciplinar para as pacientes com câncer de mama, onde temos também um mastologista. A comunicação e discussão dos casos é fundamental no planejamento do tratamento para assegurar a segurança do bebê e os melhores resultados para a mãe.

Instituto Oncoguia - Os tratamentos de quimioterapia e radioterapia podem prejudicar o desenvolvimento do bebê?

Dra. Laura - A depender do tempo da gestação podem sim. A partir do segundo trimestre, o bebê já está formado, diminuindo os riscos da quimioterapia.

Instituto Oncoguia - Pacientes diagnosticadas com câncer podem preservar a sua fertilidade no futuro? Quais são os métodos para isso?

Dra. Laura - Alguns métodos podem ser utilizados com segurança.Nossa preocupação maior é que, às vezes, o tratamento do câncer não pode esperar muito para os tratamentos de fertilidade. Deve ser visto caso a caso.

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Instituto Oncoguia - E, após o término do tratamento, quanto tempo a mulher deve esperar para engravidar?

Dra. Laura - Isso pode variar conforme o tratamento que a paciente recebeu e o diagnóstico que ela teve. Muitas vezes os oncologistas não conversam sobre desejo de engravidar com as pacientes e cabe a elas perguntar a seus médicos se é seguro ou não.