[ENTREVISTA] Dr. Ricardo Caponero nos fala sobre o Dia Mundial Sem Tabaco
O Oncoguia conversou com o oncologista clínico Dr. Ricardo Caponero sobre o dia Mundial Sem Tabaco.
Instituto Oncoguia - Em sua opinião, qual é a importância do dia Mundial Sem Tabaco (dia 31 de maio)?
Ricardo Caponero - Nenhuma. Como temos visto em nosso meio, campanhas educacionais têm muito pouco impacto e nenhum resultado concreto. Apenas a conscientização não tem sido suficiente para vencer os mecanismos de negação dos fumantes. Por isso, o mais louvável, é a iniciativa do Governador José Serra de partir para a "força” e proibir o fumo por força de Lei.
Instituto Oncoguia - O tabagismo é a causa de muitas doenças, entre elas, o câncer de pulmão. O senhor acha que a população, principalmente os jovens, tem consciência disso?
Ricardo Caponero - Eu diria que, como em muitas outras situações, eles têm informação, mas não consciência. Existe um choque entre os desagradáveis e cinzentos dados médicos e as multicoloridas e atrativas propagandas de cigarro. Nessa dissonância cognitiva entre a informação concreta e os desejos individuais é muito frequente encontrarmos nos fumantes mecanismos de negação arraigados, transformando a informação médica em um simples detalhe despresível. Se estivessem conscientes, esperaríamos uma atitude condizente. Sem atitutes concretas, temos que admitir que não existe uma consciência sobre as reais dimenções do problema.
Instituto Oncoguia - Em sua opinião qual é a importância das ações feitas pelo Governo para inibir e diminuir o número de fumantes?
Ricardo Caponero - Eram totalmente ineficientes enquanto ficavam na informação e na oferta de programas para interrupção do tabagismo que nunca encontravam meios concretos e duradouros para sua efetiva concretização. Agora, com força de Lei, se "pegar”, saindo do papel para a prática, as ações agora serão efetivas. Agora só falta o Governo admitir que o tabagismo é, de fato, uma farmacodependência, e além de proibir o fumo, oferecer tratamento efetivo e acessível para os dependentes.
Instituto Oncoguia - Sabemos que o câncer de pulmão é um das principais causas de morte no país. Como podemosdiminuir esses índices?
Ricardo Caponero - Não conhecemos todas as causas determinantes das neoplasias do pulmão, mas conhecemos o principal fator de risco, que é o tabagismo. Por isso, hoje, a única forma concreta e efetiva de diminuir a incidência de neoplasia de pulmão (prevenção primária) é interromper o tabagismo. Ou melhor, como diz a Organização Mundial da Saúde, impedir que ele se inicie.
Uma avaliação da Organização Mundial da Saúde mostrou que os diversos programas governamentais para a interrupção do tabagismo apresentam baixíssima eficácia. Dessa forma, a OMS recomenda que se desloque o foco desses programas para o impedimento de que mais pessoas comecem a fumar.
Mais importante do que convencer um fumante a abandonar o hábito é impedir que mais pessoas comecem a fumar.
Instituto Oncoguia - Quais as principais novidades no tratamento do câncer de pulmão?
Ricardo Caponero - A adição de anticorpos monoclonais ao tratamento paliativo da doença metastática. Tanto o bevacizumabe como o cetuximabe demosntraram poder melhorar os resultados obtidos com a quimioterapia.
O uso do erlotinibe imediatamente após a quimioterapia, em casos avançados, também tem demonstrado algum benefício.
Dados mais sólidos tem comprovado o benefício da quimioterapia pós operatória. O ganho absoluto é pequeno (5%), mas estatisticamente significativo.
Nenhum tratamento novo tem conseguido reduzir as taxas de mortalidade em nosso meio, já que, apesar de comprovados científicamente, nenhum deles está disponível no Sistema Único de Saúde. Da mesma forma que, medicamentos orais (erlotinibe) ou que não tenham essas novas indicações expressas em bula, aprovada pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA), não são disponibilizados pela saúde suplementar.
Instituto Oncoguia - Hoje podemos falar em qualidade de vida durante o tratamento de um câncer?
Ricardo Caponero - Podemos falar sempre, mas na prática ela tem mudado muito pouco. Os principais agentes quimioterápicos para o tratamento do câncer de pulmão, tanto no contexto da adjuvância (com intenção curativa) como na doença avançada (com intenção paliativa) são os sais de platina. As taxas de resposta são dose-dependentes, como demonstrado pelo Dr. Richard Gralla há mais de 20 anos. Sabemos que as doses eficazes de cisplatina são altamente emetogênicas. A melhor combinação de antieméticos para essa sitação, como determinado nos consensos do National Comprehensive Cancer Network - NCCN, nas diretrizes da American Society of Medical Oncology (ASCO) e pela conferência de Perugia, é o uso de dexametasona, um inibidor do receptor 5-HT3 e aprepitante. O aprepeitante é uma medicação oral de alto custo, não disponível no SUS, nem na saúde suplementar. Por isso, grande parte dos pacientes continua a experimentar náuseas e vômitos de intensidade moderada a severa, com consequente deterioração significativa de sua qualidade de vida.
Instituto Oncoguia - Dicas e orientações para quem deseja parar de fumar.
Ricardo Caponero - Em primeiro lugar, conscientizar-se da real necessidade e de seu efetivo desejo nessa atitude. Parar de fumar deve tornar-se um objetivo de vida. Será necessário esforço e perseverança.
Em segundo lugar, procurar ajuda especializada. Muitas vezes ouvimos a frase cômica: "Parar de fumar é fácil! Eu mesmo já parei mais de 10 vezes!”. É preciso admitir que trata-se mesmo de um vício, muitas vezes uma farmacodependência mesmo, que necessita cuidados psicológicos e farmacológicos.
Instituto Oncoguia - Em sua opinião, qual é a importância do dia Mundial Sem Tabaco (dia 31 de maio)?
Ricardo Caponero - Nenhuma. Como temos visto em nosso meio, campanhas educacionais têm muito pouco impacto e nenhum resultado concreto. Apenas a conscientização não tem sido suficiente para vencer os mecanismos de negação dos fumantes. Por isso, o mais louvável, é a iniciativa do Governador José Serra de partir para a "força” e proibir o fumo por força de Lei.
Instituto Oncoguia - O tabagismo é a causa de muitas doenças, entre elas, o câncer de pulmão. O senhor acha que a população, principalmente os jovens, tem consciência disso?
Ricardo Caponero - Eu diria que, como em muitas outras situações, eles têm informação, mas não consciência. Existe um choque entre os desagradáveis e cinzentos dados médicos e as multicoloridas e atrativas propagandas de cigarro. Nessa dissonância cognitiva entre a informação concreta e os desejos individuais é muito frequente encontrarmos nos fumantes mecanismos de negação arraigados, transformando a informação médica em um simples detalhe despresível. Se estivessem conscientes, esperaríamos uma atitude condizente. Sem atitutes concretas, temos que admitir que não existe uma consciência sobre as reais dimenções do problema.
Instituto Oncoguia - Em sua opinião qual é a importância das ações feitas pelo Governo para inibir e diminuir o número de fumantes?
Ricardo Caponero - Eram totalmente ineficientes enquanto ficavam na informação e na oferta de programas para interrupção do tabagismo que nunca encontravam meios concretos e duradouros para sua efetiva concretização. Agora, com força de Lei, se "pegar”, saindo do papel para a prática, as ações agora serão efetivas. Agora só falta o Governo admitir que o tabagismo é, de fato, uma farmacodependência, e além de proibir o fumo, oferecer tratamento efetivo e acessível para os dependentes.
Instituto Oncoguia - Sabemos que o câncer de pulmão é um das principais causas de morte no país. Como podemosdiminuir esses índices?
Ricardo Caponero - Não conhecemos todas as causas determinantes das neoplasias do pulmão, mas conhecemos o principal fator de risco, que é o tabagismo. Por isso, hoje, a única forma concreta e efetiva de diminuir a incidência de neoplasia de pulmão (prevenção primária) é interromper o tabagismo. Ou melhor, como diz a Organização Mundial da Saúde, impedir que ele se inicie.
Uma avaliação da Organização Mundial da Saúde mostrou que os diversos programas governamentais para a interrupção do tabagismo apresentam baixíssima eficácia. Dessa forma, a OMS recomenda que se desloque o foco desses programas para o impedimento de que mais pessoas comecem a fumar.
Mais importante do que convencer um fumante a abandonar o hábito é impedir que mais pessoas comecem a fumar.
Instituto Oncoguia - Quais as principais novidades no tratamento do câncer de pulmão?
Ricardo Caponero - A adição de anticorpos monoclonais ao tratamento paliativo da doença metastática. Tanto o bevacizumabe como o cetuximabe demosntraram poder melhorar os resultados obtidos com a quimioterapia.
O uso do erlotinibe imediatamente após a quimioterapia, em casos avançados, também tem demonstrado algum benefício.
Dados mais sólidos tem comprovado o benefício da quimioterapia pós operatória. O ganho absoluto é pequeno (5%), mas estatisticamente significativo.
Nenhum tratamento novo tem conseguido reduzir as taxas de mortalidade em nosso meio, já que, apesar de comprovados científicamente, nenhum deles está disponível no Sistema Único de Saúde. Da mesma forma que, medicamentos orais (erlotinibe) ou que não tenham essas novas indicações expressas em bula, aprovada pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA), não são disponibilizados pela saúde suplementar.
Instituto Oncoguia - Hoje podemos falar em qualidade de vida durante o tratamento de um câncer?
Ricardo Caponero - Podemos falar sempre, mas na prática ela tem mudado muito pouco. Os principais agentes quimioterápicos para o tratamento do câncer de pulmão, tanto no contexto da adjuvância (com intenção curativa) como na doença avançada (com intenção paliativa) são os sais de platina. As taxas de resposta são dose-dependentes, como demonstrado pelo Dr. Richard Gralla há mais de 20 anos. Sabemos que as doses eficazes de cisplatina são altamente emetogênicas. A melhor combinação de antieméticos para essa sitação, como determinado nos consensos do National Comprehensive Cancer Network - NCCN, nas diretrizes da American Society of Medical Oncology (ASCO) e pela conferência de Perugia, é o uso de dexametasona, um inibidor do receptor 5-HT3 e aprepitante. O aprepeitante é uma medicação oral de alto custo, não disponível no SUS, nem na saúde suplementar. Por isso, grande parte dos pacientes continua a experimentar náuseas e vômitos de intensidade moderada a severa, com consequente deterioração significativa de sua qualidade de vida.
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- ANS analisa inclusões para cânceres hematológicos
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