[ENTREVISTA] Dr. Ricardo fala com o Instituto Oncoguia sobre o câncer de ovário

O Instituto Oncoguia conversou com o oncologista clínico Ricardo Caponero sobre o câncer de ovário, a neoplasia ginecológica mais difícil de ser diagnosticada e a mais letal delas, por se manifestar, na maioria das vezes, em estágio avançado. Na entrevista, Dr. Caponero abordou os sinais e sintomas da doença, o método de detecção, a relação entre a neoplasia e o câncer de mama e o tratamento a ser seguido em cada estágio da doença. 

Sobre os tratamentos disponíveis no Brasil, o oncologista afirmou que as pacientes têm acesso aos medicamentos utilizados no mundo, com exceção ao bevacizumabe. "Embora o medicamento esteja no país, essa indicação ainda não foi aprovada pela ANVISA e, por isso, ainda não é coberta pelos planos de saúde. No SUS, obviamente, a demora na incorporação de novas tecnologias, faz com que esse medicamento também não esteja disponível”, esclareceu. 

Confira a entrevista na íntegra.

Instituto Oncoguia - O Câncer de ovário é comumente chamado de ‘The Silent Killer’, por seus sintomas que são causados tanto por outros tipos de câncer quanto por outras doenças. A que sinais e em quais circunstâncias, então, uma mulher deve atentar-se?

 Dr. Ricardo Caponero - O codinome "silent killer" (assassino silencioso) provem exatamente do fato de não ocorrem sintomas específicos. Na grande parte dos casos a mulher não sente absolutamente nada e o câncer do ovário é encontrado no exame ginecológico ou em um exame de ultrassom, geralmente feito por outras causas. Quando presentes os sintomas já indicam um estádio mais avançado da doença. Nesses casos podem ocorrer dor no baixo ventre, desconforto para urinar, aumento do volume abdominal ou sangramento genital.

Instituto Oncoguia - Existe algum método eficaz de detecção do câncer de ovário?

 Dr. Ricardo Caponero - O câncer de ovário é facilmente detectado pela ultrassonografia, tanto a pélvica (por via abdominal), tanto pela endovaginal (que é melhor, nesse caso). O problema é que não se recomenda a ultrassonografia de rotina em pacientes que não apresentem nenhum sintoma. A única recomendação é para o exame ginecológico anual.

Instituto Oncoguia - A causa da maioria dos cânceres de ovário ainda é desconhecida. No entanto, alguns genes herdados ou mutações em determinados genes têm sido têm sido vinculados ao desenvolvimento da neoplasia. Quais são esses genes?

 Dr. Ricardo Caponero - Existe uma relação entre as neoplasias de mama e ovário. Por isso, pacientes com parentes de primeiro grau (irmãs, mãe ou filha), com diagnóstico de neoplasia de mama ou ovário devem merecer um seguimento mais apropriado, assim como as que tenham casos de câncer da mama masculina em parentes próximos.

Instituto Oncoguia - Isso indica caminhos para que a ciência desenvolva terapias alvo para o câncer de ovário?

 Dr. Ricardo Caponero - O desenvolvimento de terapias alvo está mais relacionado com a biologia do tumor do que com seu caráter genético ou não. No momento apenas o bevacizumabe mostrou algum benefício em sua adição à quimioterapia tradicional.

Instituto Oncoguia - Qual a relação entre o câncer de ovário e o câncer de mama?

Dr. Ricardo Caponero - Podem fazer parte de uma mesma síndrome genética relacionada aos genes BRCA1 e BRCA2

Instituto Oncoguia - Quais são as opções terapêuticas para o câncer de ovário? Fale sobre cada uma delas.

Dr. Ricardo Caponero -  Na verdade não são opções, é o tratamento a ser feito.
 O tratamento inicial (e estagiamento) é sempre a cirurgia. No caso de neoplasias malignas é rotineira a retirada dos dois ovários, trompas, útero, e linfonodos pélvicos, com retirada do omento e biópsias do peritônio, além do exame citológico do lavado da cavidade abdominal (peritoneal). Dependendo do grau histológico e do estadiamento (extensão da doença no organismo) pode ser necessário o tratamento quimioterápico complementar (quimioterapia adjuvante).

Instituto Oncoguia - Quais foram, nos últimos anos, os principais avanços no tratamento do câncer de ovário?

Dr. Ricardo Caponero -   Além da mudança do padrão de tratamento quimioterápico com a introdução das taxanas, a opção pelo tratamento de segunda linha, com gencitabina ou doxorrubicina lipossomal peguilada, e a introdução do bevacizumabe.

Instituto Oncoguia - Mulheres brasileiras têm acesso a tais terapias? 

 Dr. Ricardo Caponero -   Sim, exceto o bevacizumabe, já que, embora o medicamento esteja no país, essa indicação ainda não foi aprovada pela ANVISA e, por isso, ainda não é coberta pelos planos de saúde. No SUS, obviamente, a demora na incorporação de novas tecnologias, faz com que esse medicamento também não esteja disponível.
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