[ENTREVISTA] Novos tratamentos para o melanoma metastático aprovados no Brasil

A equipe de redação do Portal Oncoguia conversou com o Dr. Antônio Carlos Buzaid, chefe geral do Centro Avançado em Oncologia do Hospital São José (SP), sobre as principais 'revoluções' no tratamento do Melanoma Metastático, durante Workshop para Jornalistas realizado simultaneamente ao Simpósio Internacional do Melanoma, na capital paulista, no dia 26/04.

O melanoma é o tipo menos incidente de câncer de pele - no Brasil, estima-se que haverá 7 mil novos casos em 2013 - porém o mais grave deles. Isso porque, embora seja quase sempre curável quando diagnosticado em estágios iniciais, o melanoma tem grande probabilidade de se disseminar para outros órgãos do corpo se o diagnóstico for não realizado precocemente.

Saiba mais sobre o melanoma

O especialista falou sobre duas terapias que mudaram o curso do tratamento do melanoma avançado, ou metastático, garantindo maior sobrevida livre de progressão da doença e com menos efeitos adversos. As duas terapias foram recentemente aprovadas pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA), mas ainda não estão acessíveis na rede de atendimento público.

Instituto Oncoguia - Dr. Buzaid, quais são as principais novidades no tratamento do melanoma metastático?

Dr. Buzaid - As duas grandes armas contra o melanoma metastático que, inclusive foram recentemente aprovadas no Brasil, são o ipilimumabe, que é uma forma de imunoterapia que ativa o sistema imunológico para atacar a doença, e o vemurafenibe, terapia alvo funcional para pacientes que apresentam mutação no gene BRAF. Ambos, claramente aumentam a sobrevida quando comparado com uma quimioterapia convencional. Essas duas armas, felizmente estão agora disponíveis aos pacientes com melanoma.

Instituto Oncoguia - Mas deve levar muito tempo até serem incorporadas no SUS (...). A pesquisa clínica seria uma forma dos pacientes terem acesso às terapias em questão?

Dr. Buzaid - Sei que o governo está fazendo um esforço para tentar estender essas drogas ao ambiente público dentro de certas regras. Mas a melhor maneira de chegarem ao ambiente público é através dos protocolos de pesquisa. Os protocolos de pesquisa oferecem as melhores opções, pois sempre comparam a terapia com o padrão ouro (não o padrão ouro Brasil, mas o padrão ouro global). Por isso, fomentar a abertura de protocolos de pesquisa em instituições públicas é uma estratégia imediatamente útil a pacientes que não têm acesso a essas drogas.

Instituto Oncoguia - Porém o Brasil acaba ficando sempre atrás, pela aprovação morosa dos protocolos de pesquisa, não é?

Dr. Buzaid - Sim, tem razão. Mas parece que o Ministério da Saúde vai, em um futuro próximo, apresentar estratégias para reduzir significativamente o tempo de aprovação de protocolos. Essa informação vem de um secretário do Ministro da Saúde, Alexandre Padilha. Eu fiquei um tanto aliviado com a notícia, pois estou no campo de batalha, no dia a dia, e sinto a angústia do paciente quando não lhe restam opções terapêuticas. É como se eu fosse um piloto do avião, que precisa aterrissar, mas não há pista! Por isso estou otimista com a notícia (...).

Instituto Oncoguia - E há protocolos abertos que comportam um dos medicamentos citados, no Brasil ou em vias de recrutar pacientes?

Dr. Buzaid - Em muito pouco tempo serão abertos protocolos com o ipilimumabe. Um deles estuda o Ipilimumabe X anti-pd1 X a combinação de ipilimumabe e anti-pd1. Esse é um protocolo já aberto nos Estados Unidos e em países da Europa e, em cerca de três meses, deve ser aprovado no país e começar a recrutar pacientes.

Saiba mais

Se você está em tratamento para o controle do melanoma avançado, converse com seu oncologista sobre a possibilidade de fazer parte de um protocolo de pesquisa clínica. O seu médico poderá lhe informar a respeito dos protocolos abertos e dos critérios de inclusão. Quer saber mais sobre Pesquisa Clínica? Clique aqui
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