[ENTREVISTA] Nutrição e Prevenção do Câncer

Vania AssalyMedicina funcional, Medicina Integrativa, genômica, proatividade em saúde, nutrição (...)

O Instituto Oncoguia conversou com a médica endocrinologista e nutróloga Vânia Assaly, sobre novos conceitos que direcionam a medicina e cada um de nós à prevenção do câncer e outras doenças crônicas não transmissíveis (como diabetes, obesidade, Alzheimer e cardiopatias), apontando o importante e fundamental papel da nutrição neste processo.

Participante ativa em simpósios e congressos em todo o mundo e atuante na área da Medicina Funcional e Terapia de Reposição Hormonal, Dra. Vânia destacou a importância das escolhas pessoais no contexto da busca e manutenção da saúde.

"Passou-se a dar maior atenção às escolhas, à aquilo o que a gente faz. O que ‘plantamos’ no dia a dia nos faz acessar nosso código genético e extrair dele o nosso maior potencial em saúde (...)”.

A médica falou sobre as relações entre a alimentação e o câncer e enfatizou a importância, aos pacientes oncológicos, de manterem a atenção na sua dieta, ferramenta importante na batalha contra as metástases e recidivas.

Leia a entrevista e multiplique informação e saúde!

Instituto Oncoguia - Qual o papel da boa nutrição para o equilíbrio do organismo com vistas à prevenção do câncer?

Dra. Vânia Assaly
- A partir do olhar da medicina funcional, integrativa, a nutrição é o modelo principal de equilíbrio para os sinalizadores do câncer, os sinalizadores metabólicos. É a partir da nutrição que se tem gatilhos importantes em sinalizadores metabólicos, que por sua vez são gatilhos para a doença ou a saúde.

Instituto Oncoguia - E este modelo de medicina considera os aspectos genéticos em somatória aos ambientais, ou seja, a forma como vivemos, o que comemos (...)?


Dra. Vânia
Assaly - Isso. O ‘pacote genético’ que cada um de nós traz tem uma interação com o ambiente, e a nutrição é o instrumento mais constante para ativar modelos de saúde e de doença. Então, tudo aquilo o que ‘colocamos para dentro’ todo o dia, acaba trazendo uma moldagem, que desenha no corpo a saúde ou a doença.

Instituto Oncoguia - Esse olhar à medicina funcional é novo na saúde mundial? E no Brasil?

Dra. Vânia
Assaly - O médico brasileiro foi, por muito, treinado para diagnóstico e medicações. A questão da medicina preventiva e individualizada vem de uns dez anos para cá, em pequenos grupos fora do Brasil. Como exemplos, o Institute for Functional Medicine (Instituto de Medicina Funcional), de Washington; o Wellness Medicine (Medicina da Saúde), da Clevelend Clinic, que trouxe a abordagem nutricional para a prevenção de doenças crônicas, como o câncer, e a Lifestyle Medicine (Medicina de Estilo de Vida), de Harvard. O modelo, Lifestyle for Personalized Medicine (Estilo de Vida para a Medicina Personalizada) é o mais atual e o que chamamos de Medicina do Futuro. Ele se propõe a entender os modelos moleculares que, com a genômica, nós trazemos para o dia a dia.

Instituto Oncoguia - E no contexto da genética ligada ao estilo de vida, onde se insere o câncer?

Dra. Vânia
Assaly - O câncer, ou grande parte deles, se insere em elementos da intoxicação hepática (questões ambientais, sobrecarga de nutrientes e hormônios artificiais) e elementos nutricionais que interferem no gatilho inflamatório (como sobrecarga calórica, sobrecarga inflamatória com fritura, carne vermelha, gordura superaquecida e alimentos muito aquecidos em gordura ‘preta’). Tudo isso somado ao potencial genético daquele paciente. Como fomos ‘espiando’ o genoma, passamos a assistir que os promotores da doença fazem parte de nosso estilo de vida.

Instituto Oncoguia - Neste momento, as escolhas de vida entraram no contexto da busca e manutenção da saúde....

Dra. Vânia Assaly - Certamente. Passou-se a dar maior atenção às escolhas, à aquilo o que a gente faz. O que ‘plantamos’ no dia a dia nos faz acessar nosso código genético e extrair dele o nosso maior potencial em saúde. Eu falo que é um ‘tricô genômico’ (.....) à medida que vamos dando mais corda para a doença, ela vai chegando mais perto do corpo. Essa compressão nos exige escolhas contínuas (...) Não adianta termos escolhas temporárias para plantarmos saúde. A comunicação do nosso estilo de vida com o genoma é, diariamente, ofertar uma mensagem para a correção. E aí entram a comida com muitas cores, o brócolis, a cenoura, as frutas (...), por quê?  Pois com esses elementos nós temos o controle dos mecanismos inflamatórios e uma melhor desintoxicação hepática (limpamos o fígado com a própria alimentação).

Instituto Oncoguia - Mas se comemos mal....


Dra. Vânia
Assaly - Se eu tiver no meu dia a dia o milk-shake, a bomba de chocolate, o refrigerante (...) estou causando uma sobrecarga de glicose, que é o aumento do índice glicêmico com o aumento da Hiperlipidemia, que é um promotor de multiplicação celular; se consumo muitas gorduras saturadas, tenho um aumento dos mecanismos de inflamação e tenho uma sobrecarga de poluentes em condição que traz sobrecarga hepática no sistema do citocromo P-450 (aquele que ‘limpa’ e biotransforma os hormônios do corpo). Então, o que importa? Baixar os índices glicêmicos, reduzir alimentos inflamatórios, aumentar a quantidade de fitoquímicos na dieta, diminuir a carga de alimentos artificiais que estão na nossa alimentação e rotina (no plástico aquecido, nos conservantes, corantes, edulcorantes e estabilizantes).

Instituto Oncoguia - Além da ingestão de alimentos que são nocivos, têm todo o poluente que inalamos, certo?

Dra. Vânia Assaly - Sim. À sobrecarga de produtos industrializados, refinados, no dia a dia soma-se toda a série de poluentes que vão ao nosso organismo por vias inalatórias. Temos já um sistema congestionado. É como se o nosso corpo precisasse fazer uma faxina pesada diariamente, quando no dia seguinte entra sempre mais sujeira. Não há tempo de limpar o ‘ralo’.

Instituto Oncoguia - E esses cuidados com a saúde devem ser iguais para todos, ou cada organismo reage de forma diferente aos estímulos externos?

Dra. Vânia Assaly - O que está sendo visto hoje na P4 Medicine (P4 Medicina) é que devemos agir de forma Preditiva (por isso usamos testes preditivos), Proativa (atuarmos antes que a doença crie consistência no corpo), Participativa (convidarmos o paciente a ser ativo no processo de mudança de estilo de vida, com consciência de riscos) e Personalizada. O que isso quer dizer? Para mim um alimento pode ser inflamatório à medida que meu intestino reage mal e apresente alterações, mas para você, este mesmo alimento pode causar nada de errado. Você pode suportar o consumo de muitos farináceos e guloseimas, mas eu não.

Instituto Oncoguia - E qual a orientação às pessoas que estão em tratamento oncológico?


Dra. Vânia
Assaly - Às pessoas que já têm o câncer é muito importante que tenham conhecimento dos fatores nutricionais que promovem os desarranjos celulares. Vale a pena manter o cuidado, pois a redução da inflamação e a redução dos promotores de crescimento são pontos fortes no tratamento. É importante que se diminua índices glicêmicos, abaixe os níveis de insulina, diminua a acidose metabólica (evitando a dieta fermentativa, com o uso de álcool por exemplo). Tudo isso modifica o sistema de apoio à saúde do paciente. Fala-se muito do microambiente da célula tumoral: sempre que tem insulina alta, acidose e inflamação, a célula tem um potencial de crescimento e de avanço em relação aos mecanismos metastáticos e de comprometimento maior de recidiva. Os profissionais de saúde que atuam em câncer devem se responsabilizar em orientar os pacientes sobre os aspectos nutricionais e ambientais promotores do câncer, sendo parceiros para evitar a recidiva e a metástase, que são tão temidas.

Instituto Oncoguia - Neste contexto, Dr. Vania, a afirmação de ‘paciente gordo é paciente saudável’ é um mito?

Dra. Vânia Assaly - Sim! Isso caiu completamente. Precisa comer muito para a doença não te pegar? Jamais! Precisa alimentar-se com baixo potencial calórico e alto potencial nutricional. É claro que os pacientes que estão debilitados, que não conseguem comer devem ir aos programas nutricionais orientados.
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