[ENTREVISTA] Nutricionista orienta sobre Alimentação durante o Tratamento
A alimentação saudável e balanceada é elemento fundamental para o bom andamento do tratamento oncológico. Porém, muitas vezes, em decorrência dos efeitos colaterais de medicamentos, o paciente pode apresentar falta de apetite e consequentemente perda de peso, quadro que interfere diretamente em seu prognóstico e que, por isso, tem de ser evitado.
O Instituto Oncoguia conversou com a nutricionista oncológica Satiko Watanabe sobre medidas simples para a manutenção e aumento de apetite durante o tratamento do câncer. Elas passam por mudança e replanejamento dos hábitos alimentares, prática de atividades físicas e adição de suplementos nutricionais.
Satiko deu dicas para combater as náuseas, constipação, diarreia e boca seca - efeitos colaterais comuns do tratamento - e para 'esconder' o gosto metálico e amargo da boca, reclamação de muitos e muitos pacientes.
"(...) o gengibre pode ser usado como se fosse alho. Também, um chá feito com um pouquinho de canela, cravo e casca de laranja costuma fazer muito bem para os pacientes".
Confira essa e outras dicas na entrevista!
Instituto Oncoguia - Fale sobre o conceito de alimentação balanceada durante o tratamento do câncer.
Satiko - Alimentação balanceada para pacientes com câncer é aquela que contém todos os nutrientes que eles precisam para o momento do tratamento. E não falo aqui de redução de índice de massa corporal, de estética, mas sim da manutenção de nutrientes que serão favoráveis ao tratamento, para a manutenção da qualidade de vida (...), do peso, da massa muscular.
Instituto Oncoguia - A desnutrição interfere no prognóstico do paciente? Fale sobre isso.
Satiko - Interfere sim. Inclusive, pequenas variações de peso em um paciente devem por si só acender um sinal amarelo para os profissionais da equipe de tratamento. A desnutrição deixa o paciente fragilizado e, com isso, propício a infecções. Caso se observem variações no peso o ideal é que, de imediato, já se faça modificações no plano alimentar (...) que se recomende um suplemento para que esse paciente não chegue a um estágio de desnutrição grave, que é muito difícil de reverter. A desnutrição, principalmente em pacientes idosos, tende a deixá-los acamados. Isso interfere diretamente na sua qualidade de vida.
Instituto Oncoguia - E há hoje conhecimento e ferramentas para tratar esse paciente de forma mais exclusiva, direcionada?
Satiko - Hoje temos ferramentas para garantir essa qualidade de vida, como dietas completas para a imunonutrição, que não deixam o paciente chegar a situação de caquexia. Mas o fundamental é que esse paciente seja observado imediatamente. E não falo aqui somente do nutricionista. O peso do paciente é registrado em todas as fases do tratamento, então, qualquer profissional envolvido deve alertar para perdas e oscilações.
Instituto Oncoguia - E o que são os suplementos nutricionais e como devem ser utilizados?
Satiko - Os suplementos são indicados quando a nutrição por via oral não atinge as necessidades daquele momento. Por quê? Pois se começa a ter falta, o organismo utiliza aquilo que tem, como os músculos, a energia que deveria ir para o cérebro e coração (...), ou seja, o organismo é esfoliado para se conseguir a energia que deveria vir da alimentação. Neste momento, os suplementos são importantes. Mas friso que não devem ser utilizados sem a recomendação do profissional.
Instituto Oncoguia - Podemos dizer que alguns nutrientes são perdidos durante o tratamento do câncer?
Satiko - Não acho que devamos focar um ou outro nutriente. O paciente deve estar atento a todos. Às vitaminas A, C, D e E, aos minerais (e chamo a atenção para o selênio), ao ferro. Mas importante salientar que não somente a ingestão de um ou outro nutriente fará a diferença. É preciso pensar nas interações. Por exemplo, a vitamina C propicia melhor absorção do ferro, enquanto o cafezinho causa a perda deste nutriente. Ademais, cito as calorias e proteínas, que devem ser ingeridas de forma adequada para que não haja perda de massa muscular.
Instituto Oncoguia - A saúde brasileira determina a presença de nutricionistas em equipes de tratamento do câncer?
Satiko - Sim, é uma determinação. Mas o que sabemos é que dentro de uma estrutura hospitalar, esse profissional não é exclusivo para o atendimento do paciente oncológico. Não é um nutricionista oncológico, que sabe a razão das náuseas de determinado paciente, que sabe que ele ingeriu um medicamento pré-quimioterapia que pode prender o seu intestino. O que precisamos é de um acompanhamento exclusivo. Na minha opinião, não é o paciente quem deveria buscar por um nutricionista no local onde recebe o tratamento, mas nós é que deveríamos intervir constantemente. Olhar esse paciente de perto e perceber de imediato a necessidade de intervir.
Instituto Oncoguia - O ideal seria então uma intervenção antes do início do tratamento?
Satiko - Sem dúvidas. Porque quando o paciente tem consciência do que está por vir, ele vai mais preparado para o tratamento. E digo mais. Na minha opinião deveria haver mais atenção de todos os profissionais da saúde neste sentido. Mais diálogo, encaminhamentos mais rápidos.
Instituto Oncoguia - Que alimentos ajudam a recuperar e manter a energia durante o tratamento?
Satiko - Eu diria ao paciente para que observe como está a sua alimentação de forma geral, pois muitas vezes é o comportamento alimentar que pode desencadear a baixa de energia. É importante replanejá-la. Às vezes, pequenas alterações em quantidades de alimentos, horários ou a inclusão de suplementos já fazem toda a diferença na manutenção da energia. O paciente não consegue comer uma carne, pois sente um gosto ruim, que tal trocar por um ovo no pão ou tomar uma colherinha de Sustagem? Ou, em vez de ficar na cama e esperar que alguém leve a comida, que tal levantar-se e sentar-se a mesa com os outros membros da família? Muitas vezes, o paciente está no hospital na hora do almoço, come e o que comer? Tudo isso deve ser discutido e planejado com um nutricionista.
Instituto Oncoguia - E a fadiga, como pode ser evitada?
Satiko - A atividade física realizada de acordo com as determinações da equipe é muito importante para evitar a fadiga e a falta de energia. Traço aqui um comparativo com a azia. Quando não se ingerem alimentos, ela tende a aumentar (...) e o mesmo acontece com a fadiga. É um ciclo vicioso! Se o paciente não se exercita e não gasta energia, não há necessidade de reposição através da alimentação. Se não se alimenta, sente-se fadigado. Se o paciente se exercita tem mais apetite e, comendo mais, sente-se mais energizado. A atividade física rompe com o esse ciclo vicioso.
Instituto Oncoguia - Há alimentos que podem ajudar a evitar a retenção de líquido e o inchaço?
Satiko - A orientação é que se evite os extremos, do muito doce ou muito salgado, do muito quente ou muito gelado. Vale lembrar, que muitas vezes consumimos sódio sem saber. O sódio está embutido em diversos aditivos de alimentos que consumimos no dia a dia. O glutamato monossódico está presente em diversos deles. E tem também alimentos que liberam o líquido do organismo (...) mas que devem ser consumidos com cuidado. Por exemplo, o chá verde é ótimo para isso, mas pode atrapalhar o sono. Então, o ideal é que não se tome a noite.
Instituto Oncoguia - Qual a importância da ingestão de líquidos durante o tratamento? Quais são indicados, além da água?
Satiko - A água é muito importante no processo de tratamento, pois ajuda na eliminação das drogas da circulação. Se o paciente não ingere líquido e consequentemente não urina muito, os medicamentos tendem a ficarem mais concentrados na sua circulação, prejudicando os rins. Sem contar que algumas pré-medicações (para náuseas, por exemplo) prendem o intestino e, com isso, a tendência é que o paciente ingira fibras, que precisa ser umidificada para que se facilite o processo de digestão.
Instituto Oncoguia - Muitos pacientes reclamam que a água fica amarga e os deixa nauseados. Alguma dica para evitar essa sensação?
Satiko - Há dicas muito simples! Pode-se optar por água com gás, água de coco, pingar gotinhas de limão ou maracujá na água (...), batê-la no liquidificador com alguma fruta (como uva ou morango), colocar cristaizinhos de gengibre na boca antes de tomar a água. Também, alterar a temperatura da água ajuda muito. Ou mais gelada, ou um pouco mais morna. E não precisa ser somente água! Chás ou sucos mais ralos também são importantes para manter o paciente hidratado.
Instituto Oncoguia - Existem alimentos que podem de certa maneira aliviar os efeitos adversos mais comuns do tratamento, como o enjoo, a constipação a boca seca e a diarreia?
Satiko - Para náusea, os cítricos (como o molho de maracujá na comida, as gotinhas de limão na água etc.) ajudam muito, além de não ficar por horas sem comer. Para constipação, a dica é retirar as frutas que prendem o intestino, como a banana. Sugiro também os sucos laxativos, como de laranja, mamão e ameixa. Para boca seca, ingerir molhinhos, comidas com caldo, como feijão, carne assada, frango ensopado, sopas (com proteínas), cremes etc. Para diarreia, optar por alimentos que prendem o intestino.
Instituto Oncoguia - Como lidar com a perda de paladar, que por sua vez pode interferir na alimentação do paciente?
Satiko - Eu digo sempre para os pacientes (...) sabe aquela história de que saco vazio não dura em pé?! Então, tem que lidar com isso e comer ainda assim, pois a alimentação faz parte do tratamento. Há algumas coisas que ajudam a tirar o gosto amargo e metálico, como o gengibre, que pode ser usado como se fosse alho. Um chá feito com um pouquinho de canela, cravo e casca de laranja também costuma fazer muito bem para os pacientes. A folha de louro no feijão, nas carnes, nas aves e no próprio arroz, além de mascarar o gosto ruim, minimiza as náuseas (...) e as outras ervas, como o açafrão, o alecrim o manjericão etc.
Instituto Oncoguia - Como deve ser o comportamento alimentar do paciente durante a quimioterapia?
Satiko - Sugerimos ao paciente que não tenha grandes mudanças no seu hábito alimentar no período da quimioterapia. Por exemplo, se ele costuma comer um pãozinho e tomar um copo de leite ao acordar, continue fazendo isso! Se come o pão francês, não mude para o integral. E por aí vai. Comidas gordurosas também não são indicadas para este período
Instituto Oncoguia - Como deve ser o comportamento alimentar do paciente durante o tratamento de radioterapia?
Satiko - O cuidado deve ser relativo à região irradiada. Por exemplo, se for cabeça e pescoço, possivelmente haverá necessidade de entrar com algum suplemento para cobrir a demanda de nutrientes do paciente. Se for a região abdominal, pode haver alterações intestinais e, com isso, a necessidade de acompanhamento específico. O fato é que é muito caso à caso. Tem muita gente que passa pela radioterapia e não apresenta alterações de peso.
Instituto Oncoguia - Então, Satiko, podemos dizer que a comidinha caseira é a ideal para o paciente?
Satiko - Sem dúvidas! O arroz, o feijão, cenoura, batata, alface (...) E o mais importante é que o paciente não precisa gastar rios de dinheiro com alimentos orgânicos por exemplo. Ele pode se alimentar bem e de forma acessível.
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