[ENTREVISTA] O Câncer é fundamentalmente uma Doença do envelhecimento, diz Geriatra
A ciência ainda não sabe exatamente como e porque isso ocorre, embora, o aparecimento do câncer pareça ter relação com o acúmulo de mutações genéticas no organismo ao longo da vida, seja em razão de processos inflamatórios, seja como consequência de causas ambientais (tabagismo, raios UV, vírus, contato com metais pesados).
Para falar um pouco mais a fundo sobre a relação entre câncer e envelhecimento, o Portal Oncoguia entrevistou a doutora Theodora. Ela nos contou também sobre avanços no tratamento e mudanças na forma de encarar a doença em pessoas mais velhas, uma das decorrências do aumento da expectativa de vida.
Instituto Oncoguia - Idosos estão mais propensos a ter câncer? Por quê?
Theodora Karnakis - Embora o câncer seja uma doença que ocorre em todas as idades, é fundamentalmente uma doença do envelhecimento. Mais de 60 % das doenças oncológicas ocorrem em indivíduos acima de 65 anos e 70% das mortes por câncer ocorre nesta faixa etária.
O fenômeno bioquímico do envelhecimento continua a ser um tema pouco entendido dentro da literatura cientifica. Algumas evidências sugerem claramente que existe uma relação simbiótica entre o envelhecimento, inflamação e doenças crônicas como o câncer. No entanto, não está claro se o envelhecimento leva à indução de processos inflamatórios resultando no desenvolvimento e manutenção de doenças crônicas ou se a inflamação é o fator causal para a indução de envelhecimento e doenças crônicas como as neoplasias.
Instituto Oncoguia - Os tratamentos oncológicos para pessoas a partir dos 60 anos são diferentes dos tratamentos realizados em pessoas mais jovens? Por quê?
Theodora Karnakis - Até a última década os idosos eram excluídos das pesquisas científicas e muitos vezes considerados inaptos para receber tratamento oncológico. Com a evolução do conhecimento das doenças oncológicas e suas novas opções de tratamento, assim como com o aumento da expectativa de vida da população idosa hoje, é possível sim que muitos idosos considerados funcionalmente independentes e saudáveis recebam o mesmo tratamento que um indivíduo jovem. A decisão vai depender do tipo de tumor e principalmente da avaliação global do paciente idoso.
Instituto Oncoguia - Então, nem todo idoso pode ser considerado frágil ao tratamento? Quais são os fatores físicos e emocionais que contribuem para que uma pessoa com mais de 60 anos possa passar por um tratamento de câncer sem maiores efeitos colaterais?
Theodora Karnakis - Apesar da fragilidade ser uma síndrome de maior incidência nesta população, não podemos considerar que todo idoso seja frágil. Definir fragilidade não é fácil, muitos critérios são utilizados, o que implica, portanto, que o paciente seja avaliado de maneira específica. A avaliação geriátrica global permite que o idoso seja visto em suas múltiplas dimensões, ou seja, avaliado pela sua funcionalidade, comorbidades, cognição (risco de ter ou desenvolver demências), nutrição, risco de quedas, suporte social. Somente através dessa avaliação ampla podemos dizer se o paciente é frágil ou apresenta risco de desenvolver fragilidade.
De acordo com estudos publicados pela Sociedade Internacional de Oncogeriatria (SIOG), os fatores preditivos para o paciente idoso ter maiores complicações no tratamento são: múltiplas comorbidades, fragilidade e comprometimento funcional (incapacidade do paciente de se responsabilizar pelos seus próprios cuidados e de manter sua autonomia).
Instituto Oncoguia - O que é "idade funcional"?
Theodora Karnakis - Diante da grande heterogeneidade que encontramos na população idosa, não nos é permitido mais avaliar o idoso apenas pela sua idade cronológica. Podemos ter um idoso com 70 anos totalmente dependente, incapaz de comer sozinho, locomover-se sem ajuda ou tomar suas próprias decisões e um idoso de 80 totalmente independente e funcional. Este idoso funcionalmente independente provavelmente estará mais apto a receber um tratamento oncológico.
Portanto idade funcional é a idade atribuída ao indivíduo de acordo com a sua capacidade funcional, ou seja, capacidade de gerir o cuidado a si mesmo e de se manter independente física e cognitivamente.
Instituto Oncoguia - Até que idade as pessoas devem fazer exames de rastreamento de câncer (mamografia, PSA, toque retal)?
Theodora Karnakis - Lembrando que o rastreamento de neoplasias segue princípios de custo-efetividade, é natural que, em se tratando da população idosa, a expectativa de vida deva ser levada em conta ao se adaptar diretrizes da população mais jovem. Um dos questionamentos mais comuns entre a população idosa é quando devemos deixar de fazer um determinado rastreamento. É difícil instituir diretrizes para toda a faixa etária mais avançada de forma homogênea. A ideia de se individualizar a decisão de rastreamento oncológico da população idosa levando em consideração a saúde global do indivíduo, sua expectativa de vida e seus valores é a mais aceita.
Através da avaliação geriátrica ampla é possível identificar indivíduos com 65 anos ou mais funcionalmente dependentes com múltiplas comorbidades e provável expectativa de vida inferior a cinco anos e que não se beneficiariam do rastreamento. Por outro lado, há indivíduos com 80 anos ou mais totalmente independentes sem comorbidades e que se beneficiariam do rastreamento para algumas neoplasias.
De acordo com a maioria das sociedades internacionais e nacionais (USPSTF, ACS e INCA) recomenda-se:
Câncer de mama - o rastreamento deve ser realizado em todas as mulheres acima de 40 anos e com expectativa de vida acima de 5 anos.
Câncer de Próstata - rastreamento com PSA e toque retal iniciando aos 40-45 anos, anual ou bianual. Interromper o rastreamento quando a expectativa de vida for menor que 10 anos.
Câncer de Cólon - realizar sangue oculto nas fezes anualmente a partir dos 50 anos ou colonoscopia a cada 5-10 anos, se não for encontrada nenhuma anormalidade. O rastreamento deve ser interrompido quando a expectativa de vida ou a tolerância a possíveis tratamentos são limitadas. Pode-se considerar internar idosos frágeis para realizar colonoscopia.
A decisão sempre deve ser individualizada, considerando os potenciais benefícios e riscos no contexto da expectativa de vida e funcionalidade.
Instituto Oncoguia - Baseado em sua experiência no consultório, você acha que, emocionalmente, os idosos reagem melhor a um diagnóstico de câncer?
Theodora Karnakis - O diagnóstico de um câncer é emocionalmente comprometedor para qualquer faixa etária em que ele é realizado. Se por um lado, a população idosa "tende” a aceitar melhor uma doença com alta probabilidade de evoluir para óbito por ter cumprido quase todas as etapas de sua vida, por outro lado, há uma chance maior de desenvolvimento de depressão nesta população assim como é maior o risco de suicídio. Logo, a história de vida deste paciente, a maneira como ele lidou com perdas durante sua vida e o risco de o indivíduo desenvolver depressão serão fatores fundamentais para determinar a maneira como ele enfrentará o diagnóstico de uma doença oncológica.
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