[ENTREVISTA] Tumor Gastro-Intestinal, mais conhecido como GIST, é um tipo incomum de Câncer, que acomete de 3 a 5 mil Pacientes por Ano no Brasil

Para saber mais sobre GIST, falamos com o Dr. Alexandre Sakano, especialista em cirurgia do aparelho digestivo. Na entrevista, ele nos explica um pouco mais sobre a doença e a realidade dela no Brasil.
 
Instituto Oncoguia - Vamos começar pelo básico, doutor, o que é GIST?

Alexandre Sakano - GIST é uma sigla, em inglês, para o tumor conhecido como Tumor Estromal Gastrointestinal. GIST é um tipo de câncer que pode se desenvolver ao longo de todo o tubo digestivo, ou seja, desde o esôfago, passando pelo estômago, intestino delgado, intestino grosso, até o reto. Entretanto, em 70% dos casos, ele ocorre no estômago ou no intestino.
 
Instituto Oncoguia - Existe uma causa para o tumor? É um tumor hereditário?
 
Alexandre Sakano - Até agora as pesquisas não mostraram o que causa, exatamente, o tumor. O que podemos afirmar é que a doença não se adquire por contato, nem por hábitos alimentares. Além disso, ela também não tem caráter hereditário.
 
Instituto Oncoguia - Ele é mais comum em jovens ou idosos?

Alexandre Sakano - Assim como a maioria dos tumores, o GIST é mais comum em pessoas com mais idade; entretanto, o GIST também aparece em faixas etárias mais jovens do que os outros tipos mais comuns de câncer do aparelho digestivo. A faixa etária mais acometida é a dos 40 aos 50 anos de idade, mas pode ocorrer em pessoas bem jovens, entre 20 e 30 anos em um número significativo de casos.
 
Instituto Oncoguia - E quais são os sintomas mais comuns?
 
Alexandre Sakano - O GIST não dá sintomas nas fases iniciais, apenas quando já se encontra em fases mais avançadas. Quando os pacientes apresentam sintomas, estes podem ser variados, de acordo com a localização. Os mais comuns são dor abdominal, sensação de estômago cheio, mal-estar, náuseas, cólicas intestinais ou sangramento nas fezes.
 
Instituto Oncoguia - E como é feito o diagnóstico?
 
Alexandre Sakano - Por meio de exame de endoscopia e colonoscopia, que localizam os tumores diretamente no estômago ou intestino, ou através de exames menos específicos como tomografia, ressonância magnética ou ultrassonografia. Para confirmar que se trata de um GIST é estritamente necessária uma biópsia, na qual o patologista irá reconhecer aspecto típico do tumor.
 
Instituto Oncoguia - Qual é a incidência do GIST no Brasil? É comum?

Alexandre Sakano - No Brasil, tal como nos países ocidentais, estima-se que a incidência esteja em torno de 2 a 2,5/casos novos por 100 mil habitantes. Isso quer dizer que sejam, em torno, de 3 a 5 mil casos novos por ano no Brasil. Mesmo assim, esses números não são definitivos. Por ser uma doença pouco frequente, o que temos são estimativas e não estatísticas.
 
Instituto Oncoguia - Então, podemos dizer que ele é um tipo de câncer raro?

Alexandre Sakano - O GIST é bastante incomum, e representa apenas 1 a 4% de todos os tumores do aparelho digestivo. É, portanto, uma doença rara.
 
Instituto Oncoguia - E o tratamento, em que consiste? É um tratamento eficaz?
 
Alexandre Sakano – Sim, o tratamento é eficaz. Atualmente 90% dos casos são curados. O tratamento mais eficaz para o GIST é a cirurgia com retirada total do tumor, e quando isto é possível, a chance de cura é de aproximadamente 60%. Nos casos avançados, quando a cirurgia não é eficaz, quando a doença volta depois da cirurgia supostamente curativa ou quando existem metástases irressecaveis desde o diagnóstico, o tratamentos é feito com medicamentos específicos para o GIST.

Entre estas medicações estão o mesilato de imatinibe e o sunitinibe, também chamados de terapia alvo,  que reconhecem as células do tumor e agem diretamente sobre elas, inibindo o seu crescimento e desenvolvimento, permitindo o controle da doença em aproximadamente 90% dos casos que não tenham sido curados com a cirurgia. Mesmo assim, infelizmente ainda há casos fatais de GIST, mas menos de 10% dos casos não respondem a nenhum tipo de tratamento. O GIST tem cura quando é passível de ser totalmente ressecado através de cirurgia.
 
Instituto Oncoguia - Depois do tratamento da doença, a pessoa volta a ter uma vida normal?

Alexandre Sakano - Sim, depois de uma cirurgia, quando se retira uma parte ou todo o órgão comprometido, a pessoa volta a ter uma vida absolutamente normal, se alimenta normalmente sem restrições e o aparelho digestivo volta a funcionar como antes.
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