Exames para diagnóstico da leucemia linfoide aguda (LLA)
Os exames de laboratório comumente utilizados para diagnosticar a leucemia linfoide aguda são:
- Exames de sangue
As amostras de sangue para os exames de leucemia linfoide aguda são geralmente coletadas a partir de uma veia do braço.
Hemograma completo e estudo do sangue periférico. O hemograma mede o número de glóbulos vermelhos, glóbulos brancos e plaquetas. Esses exames avaliam os diferentes tipos de células do sangue, alterações na quantidade e aparência. Esse exame é, muitas vezes, o primeiro a ser realizado em pacientes com suspeita de doença hematológica.
Para o esfregaço do sangue periférico, uma gota de sangue é colocada numa lâmina e, em seguida, observada ao microscópio. As alterações na quantidade e aparência das células, muitas vezes, ajudam a diagnosticar a leucemia.
A maioria dos pacientes com leucemia linfoide aguda apresenta glóbulos brancos imaturos no sangue, e uma quantidade insuficiente de células vermelhas ou plaquetas. Muitas das células brancas do sangue são linfoblastos, ou seja, linfócitos imaturos que normalmente não são encontrados na corrente sanguínea.
Embora estes resultados possam sugerir leucemia, a doença geralmente não é diagnosticada sem um estudo das células da medula óssea.
Bioquímica sanguínea. A análise bioquímica do sangue mede as quantidades de certas substâncias químicas que circulam no sangue, mas os resultados não são utilizados para diagnosticar a leucemia. Em pacientes já diagnosticados com leucemia linfoide aguda, esses exames podem ajudar na detecção de problemas hepáticos ou renais causados pela disseminação de células leucêmicas ou efeitos colaterais de certos medicamentos quimioterápicos.
Exame de coagulação. Os exames de coagulação são realizados para garantir que o sangue está coagulando adequadamente.
- Exames da medula óssea
Aspiração e biópsia da medula óssea. Esses exames são geralmente realizados ao mesmo tempo. As amostras são normalmente coletadas da parte posterior do osso da pelve, do esterno ou de outros ossos. A biópsia da medula óssea é geralmente realizada logo após a aspiração. Esses exames são realizados para ajudar no diagnóstico da leucemia. Também, podem ser realizados para dizer se a leucemia está respondendo ao tratamento.
- Exames de laboratório para diagnosticar e classificar a leucemia linfoide aguda
Exames de rotina sob um microscópio. A medula óssea é observada sob um microscópio por um patologista e poderá ser revisada por um hematologista. Os médicos observam o tamanho, forma e outras características dos glóbulos brancos nas amostras classificando-os em tipos específicos.
Um fator importante é saber se as células parecem maduras (parecidas com células sanguíneas normais) ou imaturas (sem características de células sanguíneas normais). As células mais imaturas são denominadas linfoblastos.
É muito importante determinar a porcentagem de células na medula óssea que são blastos. Um diagnóstico de leucemia linfoide aguda requer, geralmente, que pelo menos, 20% das células na medula óssea sejam blastos. Em circunstâncias normais, os blastos nunca são mais do que 5% das células da medula óssea.
Entretanto, às vezes são necessários outros exames de laboratório para ter um diagnóstico definitivo.
Citoquímica. Consiste na aplicação de corantes bioquímicos às células do sangue e medula óssea, de maneira a mostrar sua composição sem modificar apreciavelmente sua morfologia. As colorações citoquímicas auxiliam no diagnóstico de leucemias e de outras doenças hematológicas.
Citometria de fluxo e imunohistoquímica. Na citometria de fluxo e na imunohistoquímica as amostras são tratadas com anticorpos, proteínas que aderem apenas a algumas amostras de células nas células. Para a imunohistoquímica, as células são examinadas sob o microscópio para verificar se os anticorpos aderem a elas, ou seja, se elas têm essas proteínas, enquanto que na citometria de fluxo é usada um equipamento especial.
- Exames cromossômicos
As células humanas normais contêm 23 pares de cromossomos. Em alguns casos de leucemia, as células têm alterações cromossômicas. O reconhecimento dessas alterações ajuda na identificação de determinados tipos de leucemia linfoide aguda e pode ser importante na determinação do prognóstico do paciente e na resposta a alguns tratamentos.
Frequentemente, na leucemia linfoide aguda dois cromossomos trocam seu DNA, de modo que parte de um cromossomo se liga à parte de um cromossomo diferente. Isso é denominado translocação. A translocação mais comum nos adultos é conhecida como cromossomo Filadélfia, que é uma troca de DNA entre os cromossomos 9 e 22, o que resulta num cromossomo 22 encurtado. Cerca de 1 em cada 4 adultos com LLA tem esta anomalia em suas células. Essa mudança é especialmente importante, pois pode ser alvo de determinados medicamentos.
Citogenética. Nesse exame, os cromossomos das células leucêmicas são analisados para diagnosticar qualquer anormalidade. Em alguns casos de leucemia, as células apresentam alterações cromossômicas visíveis sob o microscópio.
Hibridização fluorescente in situ (FISH). Esse é outro tipo de exame que avalia os cromossomos, usando corantes fluorescentes que só se ligam a partes específicas de cromossomos específicos. O teste FISH detecta a maioria das alterações cromossômicas (translocações), visíveis ao microscópio em exames citogenéticos, bem como alterações pequenas não visualizadas em exames de citogenética. FISH pode ser usado para diagnosticar alterações específicas nos cromossomos, podendo ser utilizado nos exames de sangue ou em amostras da medula óssea.
Reação em cadeia da polimerase (PCR). Esse é um exame do DNA bastante sensível, que permite encontrar cromossomos pequenos, não visíveis ao microscópio, mesmo quando poucas células leucêmicas estejam presentes na amostra. Assim como o teste FISH, é usado para diagnosticar alterações genéticas específicas.
- Punção lombar
A leucemia linfoide aguda pode se disseminar para a área ao redor do cérebro e da medula espinhal. Para saber se existe disseminação da doença nessas áreas, é retirada uma pequena amostra do líquido cefalorraquidiano para exames.
A punção lombar também pode ser utilizada para a injeção de medicamentos quimioterápicos diretamente no líquido cefalorraquidiano para evitar ou tratar a disseminação da doença na medula espinhal e no cérebro.
Texto originalmente publicado no site da American Cancer Society, em 17/10/2018, livremente traduzido e adaptado pela Equipe do Instituto Oncoguia.