Fatores de risco para tumores cerebrais em crianças
Um fator de risco é algo que afeta a chance de contrair uma doença como o câncer. Diferentes tipos de câncer apresentam diferentes fatores de risco.
Ter um fator de risco ou mesmo vários, não significa que você vai ter a doença. Muitas pessoas que contraem a enfermidade podem não estar sujeitas a nenhum fator de risco conhecido. Se uma pessoa com um tumor cerebral tem algum fator de risco, muitas vezes é muito difícil saber o quanto esse fator pode ter contribuído para o desenvolvimento da doença.
Fatores que podem aumentar o risco de uma pessoa desenvolver tumores cerebrais:
- Exposição às radiações ionizantes. O único fator de risco ambiental estabelecido para os tumores cerebrais é a exposição à radiação, que na maioria das vezes é devido ao tratamento de outras condições. Entretanto, para a maioria dos pacientes com outros cânceres que são tratados com radioterapia, os benefícios do tratamento superam o risco de desenvolver um tumor cerebral anos mais tarde. Por exemplo, antes dos riscos da radiação serem estabelecidos as crianças com micose do couro cabeludo (uma infecção fúngica), muitas vezes, eram tratadas com radioterapia, o que acarretou o aparecimento de tumores cerebrais posteriormente. Os tumores provocados por radiação ainda são bastante raros, mas devido ao risco aumentado (assim como a outros possíveis efeitos colaterais do tratamento), a radioterapia só é administrada na cabeça após ponderar cuidadosamente os possíveis riscos e benefícios. Para a maioria dos pacientes com câncer no cérebro ou próximo a ele, os benefícios da radioterapia como parte do tratamento superam em muito o pequeno risco de desenvolver um tumor cerebral no futuro. O possível risco da exposição fetal ou infantil a exames de imagem que usam radiação, como raios X ou tomografia computadorizada, não é conhecido com certeza. Esses exames usam níveis de radiação muito mais baixos do que os usados em tratamentos radioterápicos. Portanto, se houver algum aumento no risco, é provável que seja muito pequeno. Mas, por segurança, a maioria dos médicos recomenda que mulheres grávidas e crianças não façam esses exames, a menos que sejam absolutamente necessários.
- Condições hereditárias e genéticas. Raramente, crianças que herdam genes anormais de um dos pais têm um risco aumentado para alguns tipos de tumores cerebrais. Em outros casos, esses genes anormais não são herdados, mas são resultado de mutações antes do nascimento. As doenças mais conhecidas incluem: neurofibromatose tipo 1 (doença de von Recklinghausen), neurofibromatose tipo 2, esclerose tuberosa, doença de von Hippel-Lindau, síndrome Li-Fraumeni, síndrome de Gorlin, síndrome de Turcot, síndrome de Cowden, retinoblastoma hereditário e síndrome e Rubinstein-Taybi.
Fatores de risco com efeitos incertos, controversos ou não comprovados:
- Telefone celular. Os telefones celulares emitem radiofrequência, uma forma de energia no espectro eletromagnético entre as ondas de rádio FM e os utilizados em fornos de microondas, radares e estações de satélites. Os telefones celulares não emitem radiações ionizantes, do tipo que pode causar câncer ao danificar o DNA dentro das células. Ainda assim, existe a preocupação de que os telefones, celulares cujas antenas são embutidas e, portanto, colocadas perto da cabeça durante o uso, possam de alguma forma aumentar o risco de tumores cerebrais. Alguns estudos sugeriram um possível risco aumentado de tumores cerebrais ou de schwannomas vestibulares (neuromas acústicos) em adultos com uso de telefone celular, mas a maioria dos estudos realizados até agora não encontrou esse aumento de risco, seja geral ou entre tipos específicos de tumores. Ainda assim, existem poucos estudos de uso prolongado (10 anos ou mais), e os telefones celulares não existem há tempo suficiente para determinar os possíveis riscos do uso ao longo da vida. O mesmo vale para possíveis aumento de risco em crianças que usam cada vez mais telefones celulares. A tecnologia do telefone celular também continua avançando e não está claro como isso pode afetar o risco tumores cerebrais. Esses riscos estão sendo estudados, mas provavelmente levará muitos anos até que conclusões possam ser feitas. Enquanto isso, para as pessoas preocupadas com os possíveis riscos, existem maneiras de diminuir sua exposição (e a de seus filhos), como usar o alto-falante do telefone ou um fone de ouvido para afastar o telefone da cabeça quando está sendo usado.
- Outros fatores. A exposição ao aspartame, a campos eletromagnéticos de linhas de alta tensão e a infecções por certos vírus têm sido sugeridos como possíveis fatores de risco, mas ainda não existe nenhuma evidência convincente para vincular esses fatores aos tumores cerebrais.
Texto originalmente publicado no site da American Cancer Society, em 20/06/2018, livremente traduzido e adaptado pela Equipe do Instituto Oncoguia.