Fonoaudiologia: a diferença que faz em pacientes com câncer

O tratamento do paciente oncológico não está limitado ao cuidado de um oncologista, mas ao de uma equipe multidisciplinar que atua em conjunto visando a qualidade de vida da pessoa com câncer.

Um profissional muito importante nessa equipe é o fonoaudiólogo, especialista que, durante os últimos anos, vem desenvolvendo uma atuação relevante no tratamento do paciente com câncer.

A terapia da fala não é o primeiro tratamento que vem à mente quando se pensa em câncer. Mas, os tratamentos cirúrgicos ou radioterápicos podem levar o paciente com tumores de cabeça e pescoço a ter dificuldades para engolir ou falar, decorrentes da própria doença ou dos procedimentos e tratamentos recebidos. Assim, o fonoaudiólogo trabalhará com esses pacientes para ajudá-los com problemas de fala, mastigação e deglutição, além de ajudar também pacientes alimentados por sonda.

O fonoaudiólogo trabalha com outros membros da equipe médica, como oncologistas, cirurgiões, psicólogos e fisioterapeutas.

O tratamento oncológico, principalmente em pacientes com câncer de cabeça e pescoço, pode ser muito agressivo e o trabalho da equipe multidisciplinar fará com que o paciente possa ter uma melhor qualidade de vida, uma convivência familiar e social melhor ao poder se comunicar, se alimentar e criar novamente sua independência.

O fonoaudiólogo, portanto, atua em três etapas distintas:

  • No pré-operatório. Fornece ao paciente e a seus familiares todas as informações sobre as dificuldades de fala, voz e alimentação que podem decorrer do tratamento e orientam sobre o processo de reabilitação fonoaudiológica propriamente dito.  
  • No pós-operatório. Em conjunto com o cirurgião oncológico e de cabeça e pescoço, o fonoaudiólogo coleta informações sobre os procedimentos realizados durante a cirurgia. Esta fase é de suma importância já que irá criar um elo entre o terapeuta e o paciente, fazendo com que o fonoaudiólogo reforce as informações passadas no pré-operatório, ressaltando que esse período é transitório, e sobre o que será feito com as eventuais mudanças que ocorrerão após a cirurgia, além de ressaltar que o interesse da equipe médica é pela qualidade de vida do paciente após o tratamento.
  • Na reabilitação fonoaudiológica. Consiste na avaliação, no exame e na fonoterapia, que, de forma geral, se inicia após a alta hospitalar. Durante a reabilitação, o interesse do trabalho fonoaudiológico está centrado na deglutição e na comunicação do paciente, para isso, é realizada uma avaliação fonoaudiológica para identificar e diagnosticar as possíveis alterações decorrentes da doença e seu tratamento, definindo posteriormente a conduta terapêutica mais adequada para o caso.

Quem precisa de fonoaudiólogo?

  • Pacientes com câncer de laringe, faringe, hipofaringe, boca, língua ou cérebro, que são tumores que podem afetar a capacidade do indivíduo para falar.
  • Pacientes que realizaram tratamento para esses tipos de câncer. O tratamento cirúrgico dos cânceres de cabeça e pescoço pode causar mudanças permanentes que dificultam fala, mastigação e deglutição.
  • Pacientes que passaram por radioterapia, tratamento que pode provocar alterações que variam de curto prazo, como inchaço (edema), e de longo prazo, como dor, cicatrizes e enrijecimento de tecidos.
  • Pacientes que passaram por tratamentos como, por exemplo, uma laringectomia total (onde laringe e cordas vocais são completamente removidas) na qual o paciente deve aprender novas maneiras de falar usando uma fonte de vibração diferente para substituir as vibrações das cordas vocais.

Pacientes que receberam tratamento radioterápico ou uma laringectomia parcial ainda podem falar usando as cordas vocais. No entanto, pode haver algumas mudanças na qualidade da voz, incluindo rouquidão e fadiga da voz. A fonoaudiologia pode ajudar esses pacientes melhorando a qualidade da fala e portanto sua comunicação.

Reabilitação da fala

Em pacientes que não fizeram uma laringectomia total, pode ser utilizado um laringoscópio para examinar as cordas vocais, para avaliar a emissão da voz, durante e após o tratamento.

Pacientes que fizeram uma laringectomia podem aprender a falar novamente, mas é preciso tempo, paciência e prática. O tempo para reaprender a falar varia de paciente para paciente e também do tipo de cirurgia realizada. Alguns pacientes aprendem rapidamente, enquanto outros acham que é mais difícil e, portanto, levam mais tempo. Cada caso é único. Leve o tempo que for preciso para você. Diferentes técnicas de reabilitação da fala podem ser usadas para ajudar um paciente laringectomizado a falar ou se comunicar. O fonoaudiólogo ajudará a encontrar o método ou combinação de métodos que funcionará melhor para cada pessoa.

Técnicas de reabilitação

  • Eletrolaringe externa

É um vibrador eletrônico externo que se parece com uma pequena lanterna. O aparelho é colocado apoiado no pescoço ou na bochecha e, quando ativado, produz vibrações que são transmitidas através dos tecidos do pescoço ou da bochecha para a boca ou garganta. As vibrações são então moldadas para os sons da fala pelos movimentos da boca, língua, dentes e lábios. Um fonoaudiólogo irá trabalhar estreitamente com um paciente laringectomizado que use uma eletrofaringe externa.

  • Eletrolaringe intraoral

Consiste de um pequeno tubo que é colocado dentro da boca e está ligado a um transmissor que produz vibrações. O transmissor pode ser manual ou pode estar anexado a uma prótese ou dentadura na boca. Um interruptor é ligado para produzir vibrações quando a pessoa deseja falar.

  • Voz traqueoesofágica

A voz traqueoesofágica envolve o uso de uma prótese inserida em uma abertura na parede que separa a traqueia e o esôfago. A cirurgia de restauração de voz traqueoesofágica pode ser feita ao mesmo tempo em que a laringectomia total ou em um segundo momento.

Durante a cirurgia, uma pequena abertura (fístula) é criada entre a traqueia e o esôfago. O cirurgião coloca uma pequena prótese com uma válvula unidirecional no orifício. A válvula é a prótese de voz. Ela é unidirecional e permite que o ar se mova da traqueia para o esôfago, mas impede que a comida passe do esôfago para a traqueia.

Para emitir a voz, o laringectomizado respira ar através do estoma e, em seguida, cobre o estoma com um dedo. O ar é redirecionado através da válvula para o esôfago, fazendo-o vibrar. A voz é então formada na boca, dentes, língua e lábios. O fonoaudiólogo irá trabalhar estreitamente com um paciente laringectomizado para aprender essa técnica.

A voz produzida soa muito natural. A maioria das pessoas volta a se comunicar oralmente cerca de duas semanas após a cirurgia. É mais fácil aprender a falar pela voz traqueoesofágica do que pela esofágica. No entanto, pode haver algumas desvantagens: como, por exemplo, a prótese deve ser higienizada e deve receber manutenção constante. Se a cirurgia traqueoesofágica não é feita ao mesmo tempo que a laringectomia total, pode haver a necessidade de uma segunda cirurgia. Há a possibilidade de que a válvula unidirecional possa falhar e permitir que a comida ou líquidos passem para a traqueia, brônquios e pulmões, o que chamamos de broncoaspiração. Algumas pessoas podem não ser capazes de usar a reabilitação da voz traqueoesofágica devido às lesões nos tecidos do esôfago ou garganta durante a cirurgia ou radioterapia.

  • Voz esofágica

A voz esofágica é um método de inalação de ar para o esôfago superior e usado para criar as vibrações necessárias para a produção da voz. A voz esofágica é o método usado com menor frequência na reabilitação em adultos. No entanto, costuma ser mais utilizada em crianças, já que elas se adaptam com mais facilidade que os adultos.

Nessa técnica o ar é inspirado pela boca e depois empurrado para baixo para o esôfago. A língua é colocada contra o céu da boca para segurar o ar. Quando a pessoa está pronta para falar, o ar é forçado a voltar à boca desde o esôfago superior. Isso faz com que o esôfago vibre. A voz é emitida usando a língua, lábios, dentes e boca para mudar a vibração dos sons e palavras.

A voz esofágica produz uma voz rouca ou grave que soa próxima à voz normal. A técnica não requer mais uma cirurgia e não implica na utilização de qualquer equipamento. Mas é uma técnica difícil de aprender. Podem ser necessários de quatro a 12 meses de acompanhamento fonoaudiológico e uma boa dose de prática e motivação. Alguns pacientes não conseguem aprender. Por esse motivo muitos acabam desistindo.

A voz produzida pode ser difícil de ser ouvida e compreendida, uma vez que o som da voz é baixo.

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