Gastrectomia
A retirada do estômago, seja do órgão inteiro ou de partes dele, é um procedimento comum no tratamento do câncer de estômago. Especialmente em casos mais avançados. Essa cirurgia é chamada de gastrectomia, podendo ser parcial quando tira apenas uma parte do estômago, ou total quando todo o órgão é retirado.
A gastrectomia total também é usada para a prevenção do câncer de estômago em algumas situações. Por exemplo, o câncer gástrico difuso hereditário é um tipo de câncer de estômago causado por uma mutação no gene CDH1. Nesse tipo de câncer, as células do câncer de estômago são difusas, o que significa que estão amplamente disseminadas por todo o estômago, tornando quase impossível sua detecção em um estágio inicial. Por isso, a gastrectomia total profilática (preventiva) é recomendada para pessoas que tem essa mutação para prevenir o desenvolvimento do câncer.
A gastrectomia total também é realizada para tratar algumas condições médicas não cancerígenas.
A cirurgia
As imagens abaixo mostram a anatomia antes e depois da reconstrução. A parte do intestino delgado que é inicialmente desconectada da extremidade inferior do duodeno é estendida para cima para encontrar o esôfago. E a extremidade do duodeno é reconectada ao intestino delgado. Essa reconstrução precisa de tempo para cicatrizar e selar, pois podem ocorrer vazamentos nas junções. Por essa razão, são realizados exames de raios X para verificar qualquer anormalidade antes de reiniciar a ingestão de líquidos e alimentos.
Após a gastrectomia total, o paciente passa por um procedimento denominado de Bypass em Y (Roux-en-y) usado para reconstruir o trato gastrointestinal.
Vida após a cirurgia, vivendo sem estômago
O objetivo após a cirurgia é estabelecer um novo normal, permitindo que o corpo se ajuste à ausência do estômago ao longo do tempo. Ao mesmo tempo, é importante consumir o máximo possível de calorias para minimizar a perda de peso esperada durante o pós-operatório e ingerir os nutrientes necessários para auxiliar no processo de cicatrização.
O que é a Síndrome de Dumping
A maioria dos pacientes experimentará a síndrome de dumping em algum momento. Essa síndrome é caracterizada por um conjunto de sinais e sintomas que podem ocorrer de 30 a 60 minutos após a ingestão de alimentos, provocados pela chegada rápida deles no intestino delgado por conta da falta do estômago.
Os sintomas mais frequentes incluem náuseas, vômitos, cólicas, dor abdominal, diarreia e sensação de saciedade. Outros sintomas também podem ocorrer de 90 minutos a 3 horas após a refeição, provocados por um rápido aumento seguido de uma rápida diminuição do açúcar no sangue (glicemia). Esses sintomas são suor, frequência cardíaca acelerada e fraqueza, sensação de cansaço ou confusão mental.
Entretanto, esses sinais e sintomas podem ser controlados por meio de hábitos alimentares e mudanças na dieta. Para evita-los, é importante fazer de seis a oito pequenas refeições diariamente. Recomenda-se ingerir líquidos uma hora antes ou após as refeições, evitando assim a ingestão de líquidos durante as refeições. Alimentos ricos em açúcar geralmente levam à síndrome de dumping, especialmente nos primeiros três a seis meses da cirurgia.
Perda de peso após a retirada do estômago
A perda de peso permanente de 20% do peso corporal total é típica nos primeiros três a seis meses após a cirurgia. Devido a essa rápida perda de peso, cálculos biliares podem se desenvolver e levar a necessidade da retirada da vesícula biliar. A osteoporose se torna uma preocupação e um dos motivos para prestar atenção à nutrição e aos suplementos após a cirurgia.
Pode levar um ou dois anos, mas, eventualmente, o corpo se adapta muito bem à ausência do estômago. A gastrectomia total preventiva é curativa nos casos de câncer gástrico difuso hereditário, a melhor parte da vida após a cirurgia, é a vida!
Texto originalmente publicado no site da No stomach for cancer, livremente traduzido e adaptado pela Equipe do Instituto Oncoguia.