Governo decide incorporar no SUS dois Medicamentos para o Tratamento do Câncer de Pulmão
O Ministério da Saúde publicou a decisão da CONITEC a respeito do tratamento de pacientes com câncer de pulmão com as medicações Gefitnibe e Erlotinibe. Estas medicações estão indicadas para pacientes cujo câncer apresenta algumas mutações do gene EGFR, o que representa algo entre 5-7% dos pacientes. Esta decisão não poderia ser diferente, já que não oferecer este tratamento tiraria dos pacientes em questão a melhor opção de tratamento paliativo. Portanto, o Instituto Oncoguia gostaria de louvar, publicamente, a mudança de posicionamento da CONITEC, que ouvindo a comunidade científica e colocando o paciente em primeiro lugar, decidiu mudar seu posicionamento anterior e optou pela incorporação de Gefitinibe e Erlotinibe no SUS.
Mas temos problemas. Normalmente, quando a CONITEC incorpora um novo tratamento, está previsto que o custo do tratamento incorporado "caiba” no valor da APAC, que é o valor monetário reembolsado pelo MS para o hospital que trata do paciente. Em casos de medicações mais caras (como o Mesilato de Imatinibe e o Trastuzumabe), o Ministério da Saúde decidiu que a melhor opção era uma compra centralizada, com subsequente distribuição para todo o país.
Nos preços praticados atualmente, tanto Gefitinibe quanto Erlotinibe são muito, muito mais caros (quatro vezes) que aquilo que a APAC pagará aos hospitais pelo tratamento de câncer de pulmão metastático. Ou seja, hospitais que comprarem a medicação e tratarem os pacientes de maneira adequada, sairão no prejuízo.
A CONITEC especificamente mencionou que não haveria qualquer alteração nos valores da APAC, que a compra seria feita pelos hospitais. Ou seja, o hospital é obrigado a oferecer o tratamento (seria antiético não oferece-lo aos pacientes em questão) mas a conta (e o prejuízo) serão do hospital. A não ser que haja uma grande negociação (não divulgada) em curso com os fabricantes, para fazer com que vendam a medicação a um valor condizente com o valor da APAC, a recomendação para incorporação da forma que foi feita terá três graves consequências:
O Instituto Oncoguia solicita que o Ministério da Saúde esclareça:
O Instituto Oncoguia considera que parte da solução deste impasse deve necessariamente passar pelos fabricantes baixarem drasticamente o preço praticado na venda da medicação ao SUS. Considera também que a negociação do preço deva ser centralizada, mesmo que a compra seja feita pelos hospitais (todos pagando o mesmo preço fixado centralmente).
Uma solução alternativa e ainda melhor, seria a total reformulação do sistema da APAC.
Mas temos problemas. Normalmente, quando a CONITEC incorpora um novo tratamento, está previsto que o custo do tratamento incorporado "caiba” no valor da APAC, que é o valor monetário reembolsado pelo MS para o hospital que trata do paciente. Em casos de medicações mais caras (como o Mesilato de Imatinibe e o Trastuzumabe), o Ministério da Saúde decidiu que a melhor opção era uma compra centralizada, com subsequente distribuição para todo o país.
Nos preços praticados atualmente, tanto Gefitinibe quanto Erlotinibe são muito, muito mais caros (quatro vezes) que aquilo que a APAC pagará aos hospitais pelo tratamento de câncer de pulmão metastático. Ou seja, hospitais que comprarem a medicação e tratarem os pacientes de maneira adequada, sairão no prejuízo.
A CONITEC especificamente mencionou que não haveria qualquer alteração nos valores da APAC, que a compra seria feita pelos hospitais. Ou seja, o hospital é obrigado a oferecer o tratamento (seria antiético não oferece-lo aos pacientes em questão) mas a conta (e o prejuízo) serão do hospital. A não ser que haja uma grande negociação (não divulgada) em curso com os fabricantes, para fazer com que vendam a medicação a um valor condizente com o valor da APAC, a recomendação para incorporação da forma que foi feita terá três graves consequências:
- Hospitais públicos orientarão seus oncologistas a não prescreverem a medicação, por não poderem pagar a conta (já que a APAC não cobre nem de longe os custos).
- Médicos que considerarem antiético não prescrever aos seus pacientes o melhor tratamento, correrão o risco de serem demitidos por darem prejuízo ao hospital.
- Pacientes esclarecidos saberão que o melhor tratamento para eles consiste nessas medicações. Se não tiverem acesso à medicação, entrarão na justiça. Aumentará ainda mais a famigerada judicialização. O hospital terá que oferecer a medicação, arcando com o prejuízo ainda maior, decorrente de compra emergencial.
O Instituto Oncoguia solicita que o Ministério da Saúde esclareça:
- Como o MS espera que hospitais paguem a conta.
- Porque não fazer uma negociação centralizada com os fabricantes para conseguir baixar o preço para valores aceitáveis no contexto do orçamento?
- Quem pagará pela realização do teste de mutação do EGFR, estritamente necessária para selecionar os pacientes que realmente devem receber estas medicações?
O Instituto Oncoguia considera que parte da solução deste impasse deve necessariamente passar pelos fabricantes baixarem drasticamente o preço praticado na venda da medicação ao SUS. Considera também que a negociação do preço deva ser centralizada, mesmo que a compra seja feita pelos hospitais (todos pagando o mesmo preço fixado centralmente).
Uma solução alternativa e ainda melhor, seria a total reformulação do sistema da APAC.