Imunoterapia para câncer de bexiga

Imunoterapia é um tratamento que consiste no uso de medicamentos para estimular o sistema imunológico de um paciente a reconhecer e destruir células cancerígenas de forma mais eficaz.

Conheça alguns tipos de imunoterapia usados no tratamento do câncer de bexiga:

Imunoterapia intravesical

Esses tratamentos são aplicados diretamente no interior da bexiga e usados ​​principalmente para tumores em estágio inicial, que não  invadiram profundamente a parede da bexiga.

Bacilo de Calmette-Guerin (BCG). É produzida a partir de um tipo de bactéria relacionada com a da tuberculose. A BCG pode ser administrada diretamente na bexiga através de um cateter inserido pela uretra. Isso ativa as células do sistema imunológico na mucosa da bexiga fazendo com que comecem  a atacar as células do câncer de bexiga.

Nadofaragene firadenovec. É composto por um vírus que contém o gene para produzir o interferon alfa-2b, uma importante proteína do sistema imunológico. Quando o vírus é administrado na bexiga, ele entrega o gene às células que revestem a parede do órgão. As células começam, então, a produzir interferon alfa-2b extra, que ajuda o sistema imunológico do organismo a atacar as células cancerígenas.

Nogapendekin alfa inbakicept. É uma substância capaz de se ligar a um  receptor da interleucina-15 (IL-15), uma proteína produzida pelo sistema imune. Quando administrado na bexiga, ativa as células imunológicas do organismo, incluindo as células NK (Natural Killer) e as células T, que atacam as células cancerígenas.

Inibidores do controle imunológico

Uma função importante do sistema imunológico consiste em sua capacidade de atacar as células normais e anormais no corpo. Para fazer isso, ele usa pontos de verificação – as chamadas moléculas de controle imunológico – em células imunológicas que precisam ser ativadas (ou desativadas) para iniciar uma resposta imunológica. As células cancerígenas, às vezes, usam esses pontos de controle para evitar serem atacadas pelo sistema imunológico. Os medicamentos imunoterápicos que têm como alvo esses pontos de controle restauram a resposta imunológica contra as células do câncer de bexiga.

Inibidores do PD-1 e PD-L1

Avelumabe. É um medicamento que tem como alvo a PD-L1, uma proteína nas células (incluindo algumas células cancerígenas) que evita que o sistema imunológico ataque as células tumorais. Ao bloquear a PD-L1, esse medicamento aumenta a resposta imunológica contra as células cancerígenas. Isso pode reduzir alguns tumores ou retardar seu crescimento.

Nivolumabe e pembrolizumabe. Esses medicamentos têm como alvo a PD-1, outra proteína que normalmente ajuda a manter o sistema imunológico sob controle. O bloqueio da PD-1 pode ajudar o sistema imunológico a atacar as células cancerígenas.

Esses medicamentos podem ser usados ​​em diferentes situações no tratamento no câncer de bexiga, por exemplo:

  • O pembrolizumabe pode ser utilizado associado a enfortumabe vedotin no tratamento da doença avançada.
  • O nivolumabe pode ser utilizado junto com a quimioterapia no tratamento da doença avançada.
  • O avelumabe pode ser utilizado como tratamento adicional (de manutenção) em pacientes com doença avançada que não progrediu durante os tratamentos iniciais com quimioterapia.
  • Qualquer um desses inibidores do controle imunológico pode ser utilizados em pacientes com doença avançada que recidiva após a quimioterapia.
  • O pembrolizumabe pode ser utilizado no tratamento de tumores que não cresceram na parede muscular da bexiga, que não responderam à BCG intravesical e que não foram tratados com cistectomia.
  • O nivolumabe pode ser oferecido a pacientes com câncer de bexiga músculo-invasivo que foi removido cirurgicamente, com alto risco de recidiva.

Esses medicamentos são administrados por infusão intravenosa, geralmente a cada duas a seis semanas, dependendo do medicamento.

Possíveis efeitos colaterais

Os efeitos colaterais dos inibidores do controle imunológico podem incluir fadiga, náuseas, perda de apetite, febre, infecções do trato urinário, erupções cutâneas, diarreia e constipação. Menos frequentemente, podem ocorrer efeitos colaterais mais sérios. 

Reações à infusão. Alguns pacientes podem apresentar uma reação alérgica à infusão enquanto recebem os medicamentos. Os sintomas podem incluir febre, calafrios, rubor facial, erupções cutâneas, coceira, sensação de tontura, chiado no peito e dificuldade respiratória.

Reações autoimunes. Esses medicamentos agem basicamente removendo os freios do sistema imunológico do corpo. Às vezes, o sistema imunológico ataca outras partes do corpo, o que pode provocar problemas importantes nos pulmões, intestinos, fígado, glândulas produtoras de hormônios, rins ou outros órgãos.

É importante comunicar imediatamente o aparecimento de qualquer efeito colateral ao seu médico. Se ocorrerem efeitos colaterais importantes, pode ser necessário interromper o tratamento e recorrer para o controle do sistema imunológico com a administração de cos corticosteroides 

Conjugados anticorpo-droga

Os anticorpos são proteínas produzidas pelo sistema imunológico para combater as infecções. As versões artificiais, denominadas anticorpos monoclonais, são projetadas para se ligarem a um alvo específico, como uma proteína na superfície das células cancerígenas da bexiga.

Os conjugados anticorpo-droga são anticorpos monoclonais que estão ligados a um medicamento quimioterápico. Uma vez dentro do corpo, a parte do anticorpo leva a quimioterapia diretamente às células cancerígenas.

Enfortumabe vedotin-ejfv

As células cancerígenas da bexiga geralmente têm a proteína nectina-4 em sua superfície. O enfortumabe vedotin-ejfv é um anticorpo anti-Nectin-4 ligado a um medicamento quimioterápico. A parte do anticorpo atua como um sinal levando o medicamento às células cancerígenas da bexiga com a nectina-4. A quimioterapia, portanto, alcança as células cancerígenas destruindo-as.

O enfortumabe é usado no tratamento de pacientes com câncer de bexiga avançado junto com o pembrolizumabe. Também pode ser usado isoladamente no tratamento de pacientes com doença avançada que:

  • Já foram tratados com quimioterapia a base de platina (como cisplatina) e imunoterapia (especificamente, um inibidor de PD-1 ou PD-L1).
  • Não podem ser tratados com cisplatina por algum motivo e já fizeram pelo menos um tipo de tratamento medicamentoso.

O enfortumabe é administrado por via venosa, uma vez por semana, durante duas ou três semanas, com um intervalo de uma semana de descanso.

Os efeitos colaterais frequentes incluem fadiga, neuropatia periférica, náusea, alterações no paladar, diminuição do apetite, diarreia, erupção cutânea, perda de cabelo, olhos secos, pele seca, coceira e níveis elevados de açúcar no sangue.

Sacituzumabe govitecano

Neste medicamento, a parte do anticorpo monoclonal se liga à proteína Trop-2 nas células do câncer de bexiga e leva a quimioterapia diretamente até elas como um ímã. Algumas células cancerígenas da bexiga têm muito Trop-2, o que as ajuda a crescer e se disseminar.

Este medicamento é usado em pacientes com doença avançada já tratados com quimioterapia a base de platina (como a cisplatina) e imunoterapia (especificamente, um inibidor de PD-1 ou PD-L1).

Este medicamento é administrado por via intravenosa, uma vez por semana, durante duas semanas, seguido de uma semana de descanso e depois reiniciado.

Alguns efeitos colaterais frequentes deste medicamento incluem náuseas, vômitos, diarreia, constipação, fadiga, erupção cutânea, perda de apetite, perda de cabelo, diminuição dos glóbulos vermelhos e dor abdominal. Efeitos colaterais importantes também podem ocorrer, como diminuição dos glóbulos brancos, aumento do risco de infecção e diarreia.

Para saber mais, consulte nosso conteúdo sobre Imunoterapia.

Para saber se o medicamento que você está usando está aprovado pela ANVISA acesse nosso conteúdo sobre Medicamentos ANVISA.

Para saber mais sobre alguns dos efeitos colaterais listados aqui e como gerenciá-los, consulte nosso conteúdo Efeitos Colaterais do Tratamento.

http://www.oncoguia.org.br/conteudo/efeitos-colaterais/134/50/

Texto originalmente publicado no site da American Cancer Society, em 01/05/2024, livremente traduzido e adaptado pela Equipe do Instituto Oncoguia. 

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