Imunoterapia para Leucemia em Crianças
A imunoterapia vem sendo usada como tratamento em vários tipos de câncer e pode ser uma opção no tratamento da leucemia em crianças. Os imunoterápicos são medicamentos que estimulam o sistema imunológico de uma pessoa a reconhecer e destruir as células cancerosas de forma mais eficaz.
Terapia do receptor de antígeno quimérico de células T (CAR T- cell)
Neste tratamento, as células imunológicas chamadas células T são removidas do sangue da criança e geneticamente alteradas em laboratório para terem receptores específicos (chamados de receptores de antígenos quiméricos, ou CARs) em sua superfície. Esses receptores podem se ligar a proteínas nas células da leucemia. As células T são então multiplicadas em laboratório e devolvidas ao sangue da criança, onde identificam as células leucêmicas para destruí-las.
Tisagenlecleucel
Esse é um tipo de terapia com CAR T-cells que tem como alvo a proteína CD19 em determinadas células leucêmicas. Pode ser usada no tratamento da recidiva da leucemia linfoide aguda ou que não está mais respondendo ao tratamento.
Nesse tratamento, as células T são coletadas do sangue da criança usando um procedimento denominado leucoferese. Após a coleta, as células são geneticamente alteradas em laboratório. As células modificadas são infundidas de volta ao paciente para destruir as células cancerígenas. Alguns dias antes da infusão das CAR T-cells, o paciente pode receber quimioterapia para ajudar a diminuir o número de outras células do sistema imunológico, para que as CAR T-cells tenham mais eficácia no combate ao câncer. Quando as CAR T-cells começam a se ligar às células cancerígenas, elas aumentam em número e aniquilam ainda mais células cancerígenas.
Na maioria das crianças que fizeram esse tratamento, a leucemia não pôde mais ser detectada após alguns meses, embora ainda não esteja claro se isso significa que elas foram curadas.
Possíveis efeitos colaterais
Esse tratamento pode apresentar efeitos colaterais importantes, como:
Síndrome da liberação de citocinas. Ocorre quando as células T liberam substâncias químicas (citocinas) que aumentam o sistema imunológico. Isso pode acontecer após alguns dias ou semanas após o início do tratamento. Os sintomas podem incluir febre e calafrios,
problemas respiratórios, náuseas e vômitos, diarreia, dor muscular ou nas articulações e
sensação de tontura ou vertigem.
Problemas no sistema nervoso. Esse medicamento pode ter efeitos importantes no sistema nervoso, o que pode resultar em sintomas como dores de cabeça, alterações na consciência, confusão ou agitação, dificuldade para falar e entender e perda de equilíbrio.
Outros efeitos colaterais importantes podem incluir infecções e diminuição das taxas sanguíneas, que podem aumentar o risco de infecções, fadiga e hematomas ou hemorragia.
É importante relatar, imediatamente, quaisquer efeitos colaterais ao seu médico pois muitas vezes existem medicamentos que podem ajudar a tratá-los.
Anticorpos monoclonais
Os anticorpos são proteínas produzidos pelo sistema imunológico do corpo para combater infecções. Os pesquisadores podem projetar anticorpos que têm como alvo especificamente um determinado antígeno, como uma proteína na superfície das células leucêmicas. A partir daí são feitas várias cópias desse anticorpo em laboratório, são os anticorpos monoclonais.
Blinatumomab
O blinatumomab é um anticorpo monoclonal que pode se ligar a duas proteínas diferentes simultaneamente. Uma parte do blinatumomab se liga à proteína CD19, que é encontrada nas células B. Outra parte se liga ao CD3, uma proteína encontrada nas células do sistema imunológico chamadas células T. Ao ligar-se a ambas as proteínas, esta droga une as células cancerígenas e as células imunológicas, ajudando o sistema imunológico a atacar as células cancerosas.
Esse medicamento é usado no tratamento de alguns tipos de LLA de células B, geralmente após a quimioterapia. É administrado por via intravenosa em perfusão contínua, por 28 dias, podendo ser repetido após 2 semanas de descanso. Em função dos efeitos colaterais que podem ocorrer durante as primeiras semanas do tratamento, recomenda-se que a criança seja hospitalizada pelo menos nos dois primeiros dias do ciclo.
Os efeitos colaterais mais frequentes são febre, dor de cabeça, inchaço dos pés e das mãos, náusea, tremor, erupção na pele, constipação e diminuição dos níveis de potássio no sangue. Também pode ocorrer diminuição dos glóbulos brancos, o que aumenta o risco de infecções. Esse medicamento também pode provocar problemas no sistema nervoso, como convulsões, dificuldade para falar ou fala arrastada, desmaios, confusão e perda de equilíbrio.
Algumas crianças podem ter reações importantes durante a perfusão, similar a uma reação alérgica. Os sintomas podem incluir sensação de tontura ou tontura, dor de cabeça, náuseas, febre ou calafrios, falta de ar e/ou respiração ofegante.
Gemtuzumab ozogamicina
Esse anticorpo monoclonal, que pode ser usado no tratamento da leucemia mieloide aguda (LMA), agindo de forma diferente, foi descrito no nosso conteúdo sobre Terapia-alvo.
https://www.oncoguia.org.br/conteudo/terapia-alvo-para-leucemia-em-criancas/3912/603/
Para saber mais, consulte nosso conteúdo sobre Imunoterapia.
Para saber se o medicamento que você está usando está aprovado pela ANVISA acesse nosso conteúdo sobre Medicamentos ANVISA.
Para saber mais sobre alguns dos efeitos colaterais listados aqui e como gerenciá-los, consulte nosso conteúdo Efeitos Colaterais do Tratamento.
Texto originalmente publicado no site da American Cancer Society, em 12/02/2019, livremente traduzido e adaptado pela Equipe do Instituto Oncoguia.
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