Imunoterapia para linfoma não Hodgkin

A imunoterapia é um tratamento que estimula o sistema imunológico do paciente ou usa versões artificiais das partes normais do sistema imunológico para destruir as células do linfoma ou retardar seu crescimento.
 
Anticorpos monoclonais
 
Anticorpos são proteínas produzidas pelo sistema imunológico do corpo para combater as infecções. Os anticorpos monoclonais podem ser desenhados para atacar um alvo específico, como uma substância na superfície de linfócitos (células onde os linfomas se iniciam).
 
Vários anticorpos monoclonais são utilizados atualmente no tratamento do linfoma não Hodgkin.

  • Anticorpos que tem como alvo o CD20

Existem vários anticorpos monoclonais que têm como alvo o antígeno CD20, uma proteína encontrada na superfície dos linfócitos B. Eles incluem:

  1. Rituximabe. É frequentemente utilizado junto com a quimioterapia para alguns tipos de linfoma não Hodgkin, mas também pode ser administrado de forma isolada.
  2. Obinutuzumabe. É utilizado junto com quimioterapia como parte do tratamento para o linfoma linfocítico de células pequenas/leucemia linfocítica crônica. Também pode ser usado com quimioterapia no tratamento do linfoma folicular.
  3. Ofatumumabe. É usado principalmente em pacientes com linfoma linfocítico de células pequenas/leucemia linfocítica crônica que não estão respondendo a outros tratamentos.
  4. Ibritumomabe tiuxetano. É composto por um anticorpo monoclonal ligado a uma molécula radioativa. O anticorpo direciona a radiação diretamente nas as células do linfoma.

Esses medicamentos são administrados por via intravenosa, geralmente durante várias horas. Todos eles podem provocar efeitos colaterais durante a infusão ou após várias horas do término da mesma. A maioria desses efeitos é leve, como prurido, calafrios, febre, náuseas, erupções cutâneas, fadiga e dores de cabeça. Efeitos colaterais mais severos também podem ocorrer durante a infusão, incluindo dor torácica, aumento do ritmo cardíaco, inchaço da face e língua, tosse, problemas respiratórios, tontura e sensação de desmaio. Para prevenir esses tipos de reações são administrados medicamentos antes de cada infusão.
 
Existe também uma forma de rituximabe que é administrado por via subcutânea e está aprovado para pacientes com linfoma folicular, linfoma difuso de grandes células B e leucemia linfocítica crônica. Os possíveis efeitos colaterais incluem reações locais na pele, como vermelhidão no local onde o medicamento é injetado, infecções, diminuição dos glóbulos brancos, náuseas, fadiga e constipação.
 
Todos esses medicamentos podem ativar infecções de hepatite B dormentes, o que pode levar a problemas graves de fígado ou até mesmo a morte. Por esse motivo, o médico pode solicitar exames de sangue para detectar sinais de uma infecção por hepatite antiga. Outros efeitos colaterais podem ocorrer dependendo do medicamento. Converse com seu médico para saber que tipo de reações você pode esperar.
 
          Anticorpo biespecífico de células T
 
Mosunetuzumabe. É um tipo de anticorpo conhecido como acoplador de células T biespecífico. Uma parte do anticorpo se liga à proteína CD20 nas células B, enquanto outra parte se liga à proteína CD3 nas células imunes chamadas células T. Isso une os dois, o que ajuda o sistema imunológico a atacar as células do linfoma. O mosunetuzumabe pode ser usado no tratamento da recidiva do linfoma folicular ou que não está mais respondendo após o tratamento com pelo menos dois outros tipos de medicamentos. É administrado como infusão intravenosa, geralmente uma vez por semana durante as primeiras três semanas, depois uma vez a cada três semanas.
 
Epcoritamabe. Pode ser usado para tratar o linfoma difuso de grandes células B (DLBCL) ou outros linfomas de células B de alto grau, geralmente após outros tratamentos terem sido tentados. Este medicamento é administrado por via subcutânea, geralmente uma vez por semana durante os primeiros 3 meses, depois uma ou duas vezes por mês.
 
Esses medicamentos podem provocar alguns dos mesmos efeitos colaterais de outros anticorpos que tem como alvo o CD20, incluindo reações à infusão. Mas, também pode provocar alguns outros efeitos colaterais importantes, incluindo:

  1. Síndrome de liberação de citocinas. Esse efeito colateral pode ocorrer quando as células T liberam substâncias químicas (citocinas) que aumentam o sistema imunológico. Isso ocorre com mais frequência no primeiro dia após a infusão, podendo até mesmo ser fatal. Os sintomas podem incluir febre alta e calafrios, fraqueza muscular, dificuldade para respirar, diminuição da pressão arterial, aumento dos batimentos cardíacos, dor de cabeça, náuseas ou vômitos e sensação de tontura, atordoamento ou confusão.
  2. Problemas do sistema nervoso. Esses medicamentos podem afetar o sistema nervoso, levando a sintomas como dores de cabeça, dormência ou formigamento nas mãos ou pés, sensação de tontura ou confusão, dificuldade para falar ou entender as coisas, padrões anormais de sono, tremores ou convulsões.
  3. Infecções. Alguns pacientes podem contrair uma infecção importante. Informe imediatamente o médico, se apresentar febre, tosse, dor torácica, falta de ar, dor de garganta, erupção cutânea ou dor ao urinar.
  4. Diminuição das células sanguíneas. Podem diminuir a contagem das células sanguíneas, o que pode aumentar o risco de infecções ou sangramento. O médico verificará regularmente a contagem de células sanguíneas do paciente durante o seu tratamento.
  5. Tumor flare. Esses medicamentos podem fazer com que o tumor cresça ou provoque mais sintomas por um tempo, o que é conhecido como tumor flare. Informe seu médico se notar os linfonodos sensíveis ou inchados, dor no peito, tosse, dificuldade para respirar ou dor ou inchaço ao redor de um tumor existente.

Outros efeitos colaterais podem incluir cansaço, erupção cutânea, febre e dor de cabeça.

  • Anticorpos que tem como alvo o CD19

O tafasitamabe é um anticorpo que tem como alvo o antígeno CD19, uma proteína da superfície dos linfócitos B. Esse medicamento pode ser usado junto com lenalidomida no tratamento do linfoma difuso de grandes células B que recidivou ou não está mais respondendo a outros tratamentos, em pacientes que não podem fazer um transplante de células-tronco por algum motivo.
 
Esse medicamento é administrado por infusão intravenosa, geralmente cerca de uma vez por semana durante os primeiros meses e, em seguida, uma vez a cada duas semanas.
 
Alguns pacientes têm reações à infusão ao receber este medicamento, o que pode provocar sintomas como calafrios, rubor, dor de cabeça ou falta de ar durante a infusão. O paciente provavelmente receberá medicamentos antes do tratamento para a diminuir esse risco, mas é importante informar, imediatamente, o médico se apresentar algum desses sintomas. Outros efeitos colaterais podem incluir baixa diminuição das células sanguíneas, sensação de cansaço ou fraqueza, perda de apetite, diarreia, tosse, febre e inchaço nas mãos ou pernas.

  • Conjugado anticorpo-droga com anticorpo CD19

Um conjugado anticorpo-droga é um anticorpo monoclonal ligado a uma droga quimioterápica. Nesse caso, o anticorpo alvo contra o CD19 age como um sinal de orientação ao se ligar à proteína CD19 nas células cancerígenas, levando a quimioterapia diretamente a elas.
 
Loncastuximabe tesirina. Esse conjugado anticorpo-droga é usado sozinho no tratamento de alguns tipos de linfoma de grandes células B, incluindo linfoma difuso de grandes células B ou DLBCL, após pelo menos dois outros tratamentos terem sido tentados. Esse medicamento é administrado por via intravenosa a cada três semanas.
 
Os efeitos colaterais frequentes incluem exames da função hepática anormais, diminuição das taxas sanguíneas, sensação de cansaço, erupção cutânea, náuseas e dores musculares e articulares. Os efeitos colaterais importantes incluem infecção, acúmulo de líquido nos pulmões, ao redor do coração ou no abdômen, contagens sanguíneas baixas e reações cutâneas graves quando expostas ao sol.

  • Anticorpos que têm como alvo o CD52

O alemtuzumabe é um anticorpo específico para o antígeno CD52. É útil, em alguns casos de linfoma linfocítico de células pequenas/leucemia linfoide crônica e também alguns tipos de linfomas de células T periféricas. Ele é administrado via intravenosa, geralmente três vezes por semana, durante 12 semanas.
 
Os efeitos colaterais frequentes são febre, calafrios, náuseas e erupções cutâneas. Também pode provocar diminuição dos glóbulos brancos, aumentando o risco de infecções. Medicamentos antibióticos e antivirais são administrados para proteção, mas infecções importantes e até mesmo fatais ainda podem ocorrer.

  • Anticorpos que têm como alvo o CD30

O brentuximabe vedotin é um anticorpo anti-CD30 ligado a um medicamento quimioterápico. O anticorpo age como um sinal levando o quimioterápico para as células do linfoma, provocando a morte das mesmas ao tentarem se dividir em novas células.
 
O brentuximabe vedotin pode ser usado para tratar alguns tipos de linfoma, seja como primeiro tratamento ou se o linfoma recidivou após outros tratamentos. É administrado via intravenosa a cada três semanas.
 
Os efeitos colaterais frequentes incluem neuropatia, diminuição das taxas sanguíneas, fadiga, febre, náuseas e vômitos, infecções, diarreia e tosse.

  • Anticorpos que têm como alvo o CD79b

O polatuzumabe vedotin é um anticorpo anti-CD79b ligado a um medicamento quimioterápico. O anticorpo encontra a célula do linfoma e se liga à proteína de superfície CD79b. Uma vez conectado, é atraído para a célula do linfoma, onde a quimioterapia é liberada e a destrói.
 
Esse medicamento pode ser usado junto com quimioterapia e rituximabe no tratamento do linfoma difuso de grandes células B. É administrado por infusão intravenosa, normalmente a cada três semanas.
 
Os efeitos colaterais frequentes podem incluir dormência ou formigamento das mãos/pés (neuropatia periférica), diminuição das taxas sanguíneas, fadiga, febre, diminuição do apetite, diarreia e pneumonia.
 
Inibidores do controle imunológico
 
Uma função importante do sistema imunológico consiste em sua capacidade de atacar as células normais e anormais do corpo. Para fazer isso, ele usa pontos de verificação; chamadas moléculas de controle imunológico em células imunológicas que precisam ser ativadas (ou desativadas) para iniciar uma resposta imunológica. As células cancerígenas, às vezes, usam esses pontos de controle para evitar serem atacadas pelo sistema imunológico. Medicamentos, como o pembrolizumabe, agem bloqueando esses pontos de controle, o que pode potencializar a resposta imunológica contra as células cancerígenas. O pembrolizumabe pode ser usado no tratamento do linfoma primário de células B do mediastino que não respondeu ou recidivou após outros tratamentos.
 
          Agentes Imunomoduladores
 
Medicamentos como a talidomida e a lenalidomida são usados contra determinados tipos de câncer, afetando partes do sistema imunológico, embora não esteja exatamente claro seu mecanismo de ação. Às vezes, podem ser usados no tratamento de certos tipos de linfoma, geralmente, após outros tratamentos terem sido tentados.
 
Esses medicamentos são administrados diariamente por via oral. Os efeitos colaterais podem incluir diminuição dos glóbulos brancos (com risco aumentado de infecção) e neuropatia, que às vezes pode não desaparecer após o tratamento. Existe também um risco aumentado de formação de coágulos sanguíneos, especialmente com a talidomida. A talidomida também pode causar sonolência, fadiga e constipação severa.
 
Esses medicamentos podem causar defeitos congênitos graves se tomados durante a gravidez. Dado esse risco, a empresa que fabrica esses medicamentos restringe seu uso para evitar que mulheres grávidas ou que pretendam engravidar possam ser expostas aos medicamentos.
 
Terapia do receptor de antígeno quimérico de células T
 
Neste tratamento, as chamadas células T são removidas do sangue do paciente e são geneticamente modificadas em laboratório para incluir um novo gene que contém uma proteína específica (um receptor de antígeno quimérico ou CAR) que direciona as células T para atingir e destruir células que têm o antígeno na superfície. As células modificadas são infundidas de volta ao paciente para destruir as células cancerígenas.
 
O axicabtagene ciloleucel (axi-cel) é um tipo de terapia com células T CAR para o tratamento de pacientes com:

  1. Linfoma de grandes células B (incluindo linfoma difuso de grandes células B, linfoma mediastinal primário de grandes células B, linfoma de alto grau de células B e linfoma difuso de grandes células B decorrente de linfoma folicular) que não respondeu ao tratamento inicial com quimioterapia mais imunoterapia ou que recidivou após o tratamento.
  2. Linfoma folicular, linfoma difuso de grandes células B, linfoma mediastinal primário de grandes células B, linfoma de alto grau de células B e linfoma difuso de grandes células B decorrente de linfoma folicular, após pelo menos dois outros tipos de tratamento terem sido tentados.

O tisagenlecleucel (tisa-cel) é outro tipo de terapia com células T CAR para o tratamento de pacientes com linfoma difuso de grandes células B, linfoma de células B de alto grau e linfoma difuso de grandes células B decorrentes do linfoma folicular que não respondeu ao tratamento ou recidivou após pelo menos dois outros tipos de tratamento terem sido tentados.
 
O lisocabtagene maraleucel (liso-cel )é um tipo de terapia com células T CAR para tratamento de adultos com linfoma difuso de grandes células B, linfoma mediastinal primário de grandes células B, linfoma de células B de alto grau e linfoma folicular grau 3B, após pelo menos um outro tipo de tratamento ter sido tentado.
 
O brexucabtagene autoleucel (brexu-cel) é um tipo de terapia com células T CAR para tratamento de adultos com linfoma de células do manto recidivado ou que não está mais respondendo a outros tratamentos.
 
Como a terapia com células CAR T pode ter efeitos colaterais importantes é administrada apenas em hospitais:

  1. Às vezes, esses tratamentos podem provocar a síndrome de liberação de citocinas, onde as células imunológicas do corpo liberam grandes quantidades de substâncias químicas no sangue. Os sintomas podem incluir febre, calafrios, dor de cabeça, náuseas e vômitos, dificuldade respiratória, diminuição da pressão arterial, aumento da frequência cardíaca, inchaço, diarreia, sensação de cansaço ou fraqueza e outros problemas.
  2. Às vezes, esses tratamentos também podem provocar sérios problemas neurológicos, como confusão, dificuldade para falar, convulsões, tremores ou alterações na consciência.
  3. Outros efeitos colaterais importantes desses tratamentos podem incluir infecções, diminuição das taxas das células sanguíneas e enfraquecimento do sistema imunológico. 

Para saber mais, consulte nosso conteúdo sobre Imunoterapia.
 
Para saber se o medicamento que você está usando está aprovado pela ANVISA acesse nosso conteúdo sobre Medicamentos ANVISA.
 
Para saber mais sobre alguns dos efeitos colaterais listados aqui e como gerenciá-los, consulte nosso conteúdo sobre Efeitos Colaterais do Tratamento.
 
Texto originalmente publicado no site da American Cancer Society, em 05/05/2023, livremente traduzido e adaptado pela Equipe do Instituto Oncoguia.

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