[LEGISLATIVO] Comissão Geral debate sobre o câncer

O que houve?

A prevenção, o diagnóstico, o acesso ao tratamento e o financiamento foram alguns dos desafios apontados por deputados e gestores de hospitais no combate ao câncer no Brasil.

O assunto foi tratado nesta terça-feira (6) em comissão geral no Plenário da Câmara dos Deputados.

Deputado que solicitou o debate, Caio Narcio (PSDB-MG), que perdeu familiares para a doença, destacou a rapidez do diagnóstico como primeiro passo para o sucesso do tratamento.

Ocorre que muitas vezes o diagnóstico é tardio, dificultando o cumprimento da lei (12.732/12) que determina o início do tratamento em até 60 dias após esse diagnóstico.

Subfinanciamento


Segundo o diretor do Hospital do Câncer de Uberaba, Felipe Toledo Rocha, a realização de exames como uma colonoscopia, que pode indicar um câncer de intestino, é prejudicada pelo subfinanciamento.

"Quando se discute uma política de acesso, não podemos esquecer o diagnóstico. Num simples ultrassom, endoscopia, colonoscopia é onde o paciente tem a chance de se curar”, afirmou.

Tabelas desajustadas

O diretor do Hospital do Câncer de Muriaé (MG), Sérgio Dias Henriques, acrescentou que, além do diagnóstico, o paciente enfrenta filas nos exames, na biópsia, na cirurgia, na quimioterapia e na radioterapia. Ele disse ainda o sistema padece com recursos obsoletos e tabelas de preços que não são reajustadas há mais de dez anos.

"Como discutir a incorporação de novas tecnologias nesse cenário? O tratamento avança, com novas tecnologias e maiores chances de cura, mas ainda atrelados a custos astronômicos, o que faz com que muitas vezes o acesso ocorra por determinação judicial”, afirmou Henriques.

Falta de informação

Outros participantes da comissão geral reclamaram da falta de informação dos pacientes, que não sabem como se prevenir, nem dos passos do tratamento. Foi por falta de informação que Melissa de Medeiros se surpreendeu ao ficar muda depois de uma cirurgia para retirada de laringe em decorrência de câncer. Ex-fumante, 45 anos de idade, Melissa ficou completamente muda durante dois anos.

"Não recebi o diagnóstico correto em tempo. Não recebi informações de que ficaria muda, de que perderia o emprego, de como voltaria a falar”, testemunhou a mulher que hoje fala com o auxílio de um aparelho eletrônico que robotiza sua voz.

A reclamação dela é que hoje grande parte dos pacientes não tem acesso a uma terapia fonoaudiológica para voltar a falar.

Pressão da indústria

Presente ao debate, o ministro da Saúde, Ricardo Barros, admitiu que o Brasil não dispõe de recursos para dar tratamento para todos os brasileiros como deveria. As novas tecnologias e os tratamentos individualizados, disse, são muito caros, mas o País tem buscado outros caminhos, seja pelo investimento em prevenção ou pelo barateamento da produção de medicamentos.

"Economizamos R$ 3,2 bilhões neste primeiro ano de gestão, praticamente reduzindo preço de medicamento. Quanto mais barato, mais acesso damos às pessoas. Precisamos resistir à pressão da indústria farmacêutica em descontinuar a produção de medicamentos baratos”, defendeu o ministro.

Prevenção

Em outra frente, Ricardo Barros lembrou que o Brasil assumiu internacionalmente compromissos relativos à prevenção. São medidas que envolvem a redução de 30% em bebidas açucaradas ou o aumento em 17% no consumo de hortaliças e verduras até 2019, além da diminuição do sedentarismo e do tabagismo, com redução no número de fumantes de 15% para 10% em 10 anos.

Ainda segundo o ministro, cada vez mais o tratamento tem sido descentralizado e os recursos para essa finalidade cresceram 49% nos últimos seis anos, passando de R$ 2,1 bilhões para R$ 3 bilhões por ano. A cada ano, surgem aproximadamente 600 mil novos casos de câncer no Brasil, sendo os mais comuns o de pele, o de próstata, o de mama, o de pulmão e o de útero.

Fonte: Agência Câmara Notícias
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