[LINFOMA DE HODGKIN] Rayanna

Instituto Oncoguia - Você poderia se apresentar?

Rayanna - Me chamo Rayanna, tenho 21 anos. Sou de uma cidade bem pequena  no interior do Estado do Rio de Janeiro chamada Aperibé. Dentre todas as coisas que gosto de fazer, viajar e sair com meus amigos estão entre as que eu mais amo fazer.

Instituto Oncoguia - Qual o seu tipo de câncer?


Rayanna
- Tenho Linfoma de Hodgkin. Um câncer no sistema linfático.

Instituto Oncoguia - Como foi que você descobriu que estava com câncer?

Rayanna - Em um dia quente, ao tocar o meu pescoço para limpar o suor, percebi que tinha um caroço do tamanho de uma azeitona bem acima da clavícula. Não doía nem incomodava mas eu sabia que não estava com infecção no corpo e que aquele carocinho merecia investigação. Não deixei passar. Na semana seguinte já estava no consultório médico tentando entender o que significava ter um caroço no pescoço.

Além do nódulo no pescoço, tive também nódulos no pulmão, que reforçaram a ideia de se tratar de uma tuberculose ou algo do tipo. Mas eu sabia que não era. Já sabia que era câncer mesmo sem a biópsia. Com os exames de tuberculose dentre outros negativos, o que restou era a biópsia.
 
Instituto Oncoguia - Como você ficou quando recebeu o diagnóstico? O que sentiu?

Rayanna - A biópsia foi bem rápida. Meu médico sabia que em caso de câncer, qualquer tempo perdido poderia ser fatal. Em uma semana eu já estava com o resultado em mãos. Eu me lembro perfeitamente desse dia. Era feriado de 1 de maio. Estava chegando na praia. Meu tio me ligou e disse que tinha dado positivo pra linfoma. Não me desesperei. Muito pelo contrário. Respirei aliviada, pois agora eu já sabia o que eu tinha e qual seria a forma de tratamento. Curti meu feriado na praia e quando cheguei em casa que comecei a agilizar os documentos para começar meu tratamento.
 
Instituto Oncoguia - Qual foi a sua maior preocupação neste momento?


Rayanna - A minha maior preocupação era o tempo. Era ter perdido tanto tempo procurando saber qual o meu problema que quando eu finalmente descobri, o tempo não me esperasse e eu morresse sem tratamento.

Instituto Oncoguia - O que aconteceu depois disso?

Rayanna - Tudo aconteceu muito rápido. No começo de maio, fui para o Rio de Janeiro, pois estava decidida que queria me tratar no Instituto Nacional de Câncer (INCA). Entrei lá dia 07 de maio. Fui submetida a uma bateria de exames e no dia 21 de maio, já estava com o cateter e fazendo a minha primeira sessão de quimioterapia.
 
Instituto Oncoguia - Você já começou o tratamento?


Rayanna - Estou terminando meu tratamento. O meu protocolo inclui 12 sessões de ABVD. Resta apenas uma que farei dia 21 de outubro. Depois disso, farei mais alguns exames e se eles não mostrarem mais foco ativo da doença, entrarei em controle. Fazendo apenas exames de rotina e acompanhamento.

Instituto Oncoguia - Em sua opinião, qual é o tratamento mais difícil? Por quê?


Rayanna - Muito mais difícil que conviver com a quimioterapia e com os seus efeitos colaterais, é conseguir manter a mente em ordem. Esse é o exercício mais difícil. Surtar é quase sinônimo de quimioterapia. A gente recebe tantas informações de uma vez só, que precisamos de um tempo pra conseguir digerir tudo que tá acontecendo. Essa é sem dúvida a parte mais difícil. Entender e aceitar o que a vida manda pra gente.

Instituto Oncoguia - Você teve efeitos colaterais? Qual o pior?

Rayanna - Não tive tantos efeitos colaterais. Nunca deixei de comer nem fazer nada que fazia antes do tratamento. Agora no final, sinto que meu corpo está mais frágil e que a quimioterapia mexe mais comigo. Só vomitei uma vez mas os enjoos são frequentes. A boca fica com um gosto terrível de química que me faz desanimar de comer,  mas  eu como mesmo assim. Além disso, engordei 10 quilos com a medicação que faz a gente inchar. Meus cabelos também começaram a cair e eu achei melhor raspar. Eu mesma raspei. Foi uma experiência única. Gostei do resultado.
 
Instituto Oncoguia - Como foi a relação com o seu médico?

Rayanna - Durante o tratamento passei por diversos médicos que sempre foram muito cuidadosos e tiravam todas as minhas dúvidas com a maior paciência. Ter confiança em um profissional nessas horas ajuda muito. Existem coisas que eu sinto e não falo pra mais ninguém. Só pra eles. Sinto muita confiança neles e sei que todos estão fazendo o que é melhor pra mim.

Instituto Oncoguia - Com que outro profissional você se relacionou?


Rayanna - Conversei também com uma nutricionista e uma dermatologista. A nutricionista me passou uma dieta para tentar equilibrar o  meu peso e a dermatologista alguns remédios para as feridas que apareceram no meu corpo. Principalmente nas axilas e rosto.

Instituto Oncoguia - Você fez acompanhamento psicológico?


Rayanna - Não fiz acompanhamento psicológico porque eu não julguei necessário. Minha cabeça ficou muito boa durante o tratamento e eu continuei a mesma de sempre. Não me deixei abater com o câncer e tive muito apoio da família e amigos.
 
Instituto Oncoguia - E com nutricionista?


Rayanna - Eu tento seguir a dieta, mas confesso que tenho andado um pouco descuidada. A medicação abre meu apetite e isso faz com que eu ataque a geladeira.

Instituto Oncoguia - Você está em tratamento ou já finalizou?


Rayanna - Resta 1 sessão de quimioterapia.

Instituto Oncoguia - Como está a sua vida hoje?


Rayanna - Eu não sou a mesma de antes. Ninguém que passa por uma experiência dessas sai o mesmo de antes. Eu aprendi a ver a vida com outros  olhos e a ser realmente feliz e grata por estar viva. Levo hoje uma vida quase normal. Voltei a estudar. Faço Ciências Sociais na Universidade Federal Fluminense em Campos dos Goytacazes, saio sempre com meus amigos, leio, viajo, me divirto. Enfim, tudo que uma menina de 21 anos tem direito.

Instituto Oncoguia - Conte-nos sobre seu trabalho e planos para o futuro.


Rayanna - Meu maior foco hoje é terminar minha graduação e passar em] um bom concurso público. Depois disso, penso muito em trabalhar com questões sociais como incentivar a doação de sangue e medula além de sair pelos hospitais contando a minha experiência e mostrando que o câncer é difícil mas não é impossível de vencer.

Instituto Oncoguia – Que orientações você daria para alguém que está recebendo o diagnóstico de câncer hoje?

Rayanna – A primeira coisa é: não se desespere. O câncer é uma doença com cura e a ciência avançou muito nos estudos para que todos possam vencer. Eu sei mais que ninguém que é uma luta muito grande, mas a gente não recebe nada que não dê conta de aguentar firme. A segunda coisa é: nunca, nunca desanime e evite pessoas negativas. Muita  gente só aproxima da gente pra mostrar que tem pena. Ninguém precisa sentir pena da gente. Somos batalhadores e fortes. Acredite em você e na sua força. Lembre-se sempre: o que não te mata, te fortalece.

Instituto Oncoguia - Qual a importância da informação durante o tratamento de um câncer?

Rayanna – Informação é tudo. No primeiro contato, estamos muito desorientados. Não sabemos ao certo como é o câncer, como vai ser daí pra frente. Procure orientação profissional e deixe o que seus amigos ou informações equivocadas da internet falam de lado. Quem pode te ajudar é seu médico e toda a equipe da área da saúde.

Instituto Oncoguia – Você buscou se informar? De que maneira?


Rayanna – Quando eu descobri o linfoma, não fazia nem ideia do que se tratava. Meu médico me explicou muita coisa e outras eu aprendi vendo em sites confiáveis, como o Oncoguia e trocando experiências com amigos que passaram pelo mesmo que eu.

Instituto Oncoguia - Como você conheceu o Oncoguia? 


Rayanna – Através de amigos que também tinham linfoma. Me indicaram o site por se tratar de uma coisa séria contendo informações importantes para os pacientes com câncer.

Instituto Oncoguia - Você tem alguma sugestão a nos dar?


Rayanna – Somente agradecimento pela página. É de muita importância para nós, pacientes, termos um guia completo sobre o câncer.
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