[LINFOMA DE HODGKIN] Renata dos Santos

Instituto Oncoguia - Você poderia se apresentar?
 
Renata dos Santos - Meu nome é Renata dos Santos, sou apenas uma menina do interior do Paraná, uma cidade pacata chamada Nova Esperança, vivo aqui desde quando nasci, saí para estudar odontologia, mas, depois de formada retornei cidade.

Instituto Oncoguia - Como foi que você descobriu que estava com câncer?

Renata dos Santos - Bem, estava em casa "tranquilex" depois do almoço em um dia comum e passei a mão no pescoço e senti um caroço. Fiquei apavorada e comecei a chorar isto porque havia passado por problemas de saúde há pouco tempo: uma internação de quase 15 dias por conta de uma pancreatite grave, uma recuperação demorada e sofrida em casa, logo depois, uma cirurgia da vesícula. Como nunca tive nem febre os problemas me assustaram muito, por isto meu pânico.

Os dias que se passaram depois foram complicados. Achei que o caroço, era um gânglio infartado, não me preocupei muito, mas, o desânimo, perda de peso, cansaço, tristeza, insônia e a coceira no corpo que me acompanhava há meses, se intensificaram muito e ao me olhar no espelho sentia que algo estava errado comigo. Assim que, a oncologista (Dra. Karla Saffar, de Maringá) viu o caroço e a descrição de como me sentia, principalmente por causa da coceira, ela me disse que desconfiava de Linfoma de Hodgkin. O que se seguiu foi a sequência de confirmações através das tomografias e biopsia e em 7 dias tinha o diagnóstico: Linfoma de Hodgkin, estágio IV, com nódulos incontáveis no pescoço, mediastino, tórax e pulmão.

Instituto Oncoguia - Como você ficou quando recebeu o diagnóstico? O que sentiu?

Renata dos Santos - Bem, difícil descrever. Os sete dias de investigação foram os piores da minha vida, talvez pelo medo da morte, medo do sofrimento. Quis estar a par de tudo sempre e isto em um primeiro momento foi dolorido, discutir abertamente sobre todas as chances de vida e de morte. Foram 7 dias de preparo para a notícia final. Fiquei sem chão, mas, precisava correr atrás da papelada para começar as quimios e me familiarizar com todos os procedimentos e exames. Descobri meu lado espiritual nesta época, foi fundamental. Foi tudo muito sofrido até a primeira quimio, 3 dias depois de ter recebido o diagnóstico.

Instituto Oncoguia - Qual era a sua maior preocupação neste momento?

Renata dos Santos - Muitas! Primeiro de morrer, depois sofrer, depois ficar com sequelas, depois com a minha vida, com meu trabalho. A primeira pergunta que fiz foi minhas chances de vencer (60%) e a segunda os efeitos colaterais da quimioterapia e a terceira o plano B caso a quimio não dê certo (transplante de medula).

Instituto Oncoguia - O que aconteceu depois disso? Você já começou o tratamento?

Renata dos Santos - Comecei a primeira quimio 3 dias depois (8 ciclos da quimioterapia clássica). Foram 8 meses. Uma sessão a cada 15 dias. A primeira foi tranquila, à medida que as sessões iam passando os efeitos iam se manifestando com maior força, uma luta! Mas, passei por todas elas.

Instituto Oncoguia - Em sua opinião, qual é o tratamento mais difícil? Por quê?

Renata dos Santos - A quimio é um tratamento desgastante, envolve o físico, mas, também uma guerra psicológica estressante

Instituto Oncoguia - Você teve efeitos colaterais? Qual o pior?

Renata dos Santos - Ah, tenho que dar glórias que tive efeitos, mas, não muitos. O pior? A própria sessão era o pior, já pela 5 sessão, enjoei da clínica, das luvas das enfermeiras, do cheiro do medicamento, então chegava para a sessão vomitando e passava mal durante toda sessão, em casa, enjôo, cansaço, insônia, alteração de humor. Um dos piores com certeza e ainda me acompanham, foi as ondas de calor por causa da menopausa precoce. Durante os picos de efeitos por causa da quimio, estes calores me consumiam e me faziam passar muito mal, vontade louca de sair correndo ( RS). Meu cabelo não caiu por completo, não fiquei careca e atrasei apenas 3 dias o tratamento por queda de imunidade. Meus leucócitos e segmentados se comportaram muito bem! 

Instituto Oncoguia - Como é a relação com o seu médico?

Renata dos Santos - Sinto confiança no profissionalismo e na competência da minha médica, gosto da sua maneira realista e fria, apesar de às vezes doer, mas, para me dar apoio e colo, tenho meus familiares e amigos.

Instituto Oncoguia - Com que outro profissional você se relacionou? Você fez acompanhamento psicológico? E com nutricionista?

Renata dos Santos - Não fiz acompanhamento psicológico, pensei que precisaria, mas, segurei bem a barra. Até marquei com um médico nutrólogo, mas, não cheguei a ir, estava muito magra e a médica disse que precisava ganhar peso, então liberei algumas comidas. Mas, sempre tive uma alimentação saudável e adicionei alimentos que fui orientada pela clínica.

Instituto Oncoguia - Você está em tratamento ou já finalizou?

Renata dos Santos - Ai, finalizei há mais de 1 mês e aguardo o pet scan.

Instituto Oncoguia - Como está a sua vida hoje?

Renata dos Santos - Estou me recuperando dos efeitos da quimio, retornando as atividades normais, fazendo planos, tentando agarrar esta nova oportunidade que a vida me deu.

Hoje ao vir trabalhar, quem estava na minha casa disse que meus olhos voltaram a brilhar! Foi emocionante escutar isto, por muito tempo o que mais me incomodou foi ver meus olhos apagados.

Sinto que estou curada e antes de voltar à vida normal quero viajar e descansar. Ficar livre, a liberdade que me imaginei em muitas vezes nos piores momentos: correr em um campo florido ou pular ondas de um mar bem azul. Sendo assim, como está minha vida? Preciso de um banho de mar antes de responder.

Instituto Oncoguia - Que sugestões você daria para alguém que está recebendo o diagnóstico de câncer hoje?

Renata dos Santos - Bem, posso falar segundo minha experiência às coisas que foram importantes para mim. Primeiro, acalmar-se. Não se culpar ou culpar a alguém ou o mundo pela doença.

Sendo uma profissional da saúde eu entendi completamente o processo da doença e cura, foi fundamental, procurei saber de todas as possibilidades e analisá-las de uma maneira realista que me deixou muito segura e positiva, assim, procurar informações com o médico, na internet, em livros é importante.

Cuidar do lado espiritual dá uma força física e psicológica muito grande. Seja qual for a religião, os dogmas ou a visão da pessoa de Deus, se não acreditar em nenhum Deus, acreditar na divindade de cada um de nós ou então, no divino que é viver! Eu, fui criada sendo católica, por muito tempo não tive religião nenhuma, me sentia perdida, acreditava somente no palpável e criticava todos os dogmas das igrejas. Mas, voltei e me senti acolhida. Sou agora católica praticante e carismática e foi através do "cerco de Jericó", um grupo de oração carismático que encontrei o divino e as forças para seguir adiante.

Se agarrar a vida! Ser positiva, usar de todas as suas forças para não ficar isolada, em um quarto escuro. Repousar quando precisar, mas, não se entregar a isto. Para isto desenvolver atividades que tragam prazer, no meu caso, em nenhum momento deixei de trabalhar completamente, voltei a escrever, um prazer que tinha esquecido por conta das responsabilidades do mundo moderno, criei um blog para publicar meus contos e poesias e outro para falar da doença, ainda faço trabalhos manuais e comecei a me dedicar muito a isto.

Sobre a alimentação, achei tão difícil seguir regras, porque acabamos por enjoar de tudo, mesmo aquilo que sabemos que nos faz muito bem! Sendo assim, liberei geral, sabia que precisava comer para ter forças, para ter minha imunidade em alta. Assim, quando estava enjoada pensava no que não me dava enjôo e comia. Mas, minha mãe e sua comida caseira cheia de verduras e legumes em "cozidinhos" maravilhosos foram fundamentais! Não enjoei da comida dela! Tomei muita água de coco, todos os dias em jejum e muito suco. Muito suco, de quase todas as frutas. Enjoei de alguns, mas, empurrava para dentro.

Amor, se cercar de amor. Deixe magoas e intrigas distantes. Cerque-se de amor. Dê amor, receba amor. Esta foi a maior lição que o câncer me deu, que o importante nesta vida é dar e receber amor!

Instituto Oncoguia - Mais alguma coisa?

Renata dos Santos - Escrevi esta entrevista em uma sexta-feira pela manhã. Estava louca de ansiedade pelo resultado do pet scan. Era como se a minha vida estivesse paralisada em uma fotografia. A tarde o resultado chegou. Rasguei tudo e li "ausência de sinais de atividade metabólica celular anormal no presente estudo", gritei, chorei, ri! Não conseguiria descrever a alegria e felicidade. Ainda não sei explicar a alegria que se instalou dentro de mim. Quando descobri estava em um estágio IV do linfoma e agora existe a possibilidade de 40% que ele volte. Não importa, porque vou seguir minha vida como se esta possibilidade não exista!

Instituto Oncoguia - Qual a importância da informação durante o tratamento de um câncer? Você buscou se informar? De que maneira?

Renata dos Santos - Sim, disse acima. Além da informação conheci através da net pessoas que tinham linfoma. Acho que ver uma moça chamada Érica careca e sorrindo através de uma foto do orkut, foi, definitivamente, o que mais me acalmou! Ela parecia muito comigo na aparência e em todas as fotos estava sorrindo. Depois dela, vieram outros casos, outras pessoas que troco experiências, palavras e torço e torcem por mim! Através delas, tive certeza do meu tratamento e certeza da minha cura.

Instituto Oncoguia - Como você conheceu o Oncoguia? Você tem alguma sugestão a nos dar?
 
Renata dos Santos - Foi o primeiro site que entrei quando ainda pesquisava no google: "linfoma, câncer"
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