Março Azul-Marinho: tudo o que você precisa saber sobre o câncer colorretal

Foto: Canva

O mês de março é tomado pela cor azul-marinho com o objetivo de alertar toda a sociedade para o câncer colorretal, um dos tumores mais incidentes e uma das maiores taxas de mortalidade do país e do mundo. 

A campanha tem origem nos anos 2000, nos Estados Unidos, onde o câncer colorretal ocupa a segunda posição entre os cânceres mais comuns. Ao longo dos anos, o resto do mundo também começou a focar esforços para que a população conheça cada vez mais esse tumor com o objetivo de chamar a atenção para a importância da prevenção e do diagnóstico precoce, além de disseminar informações sobre toda a jornada da doença. 

No Brasil, a campanha Março Azul tomou corpo em 2020 e é liderada principalmente pelas entidades médicas ligadas ao cuidado desse tipo de câncer, sobretudo a Sociedade Brasileira de Endoscopia Digestiva (SOBED), a Sociedade Brasileira de Coloproctologia (SBCP) e a Federação Brasileira de Gastroenterologia (FBG). 

O Oncoguia, é claro, não poderia ficar de fora desse movimento. Abaixo você encontra tudo o que você precisa saber sobre o câncer colorretal. 

Por que falar de câncer colorretal?

O câncer colorretal, ou câncer de cólon e reto, ocupa a segunda posição entre os tipos de câncer mais frequentes no Brasil em homens e mulheres, sem considerar o câncer de pele não melanoma. De acordo com estimativas do Instituto Nacional do Câncer (Inca) para o triênio de 2023 e 2025, o país deve registrar cerca de 45 mil novos casos por ano. 

Mas a importância em falar desse tumor não está só em quão frequente ele é. O câncer colorretal é um câncer altamente prevenível, tratável e, principalmente, curável. Mais de 90% dos casos têm possibilidade de cura se diagnosticados cedo. 

No entanto, mais de 75% dos pacientes de câncer colorretal iniciam o tratamento com o câncer avançado ou metastático. A descoberta tardia desse câncer é causada por vários fatores, como desafios para agendar consultas com especialistas e a demora no resultado de exames. Mas a falta de conhecimento sobre esse tumor também contribui para esse cenário.

Afinal, o que é o câncer colorretal?

O câncer colorretal nasce na mucosa, ou seja, na parte interna do intestino grosso (parte final do intestino) e do reto (próximo ao ânus). Ele também é conhecido como câncer de cólon e reto ou câncer de intestino. “Ele entra na classificação dos tumores sólidos, que são compostos por um crescimento maciço de células anormais de um tecido, e normalmente surge no último metro de intestino”, explica Renata D’alpino, oncologista do Centro Paulista de Oncologia. 

Entretanto, é importante não confundir com o câncer que nasce no intestino delgado, que é a maior parte do órgão. Este, ainda que também seja um tumor do sistema gastrointestinal, é um dos mais raros e costuma surgir no duodeno, nos primeiros 30 centímetros do intestino. 

Em grande parte dos casos, o câncer colorretal começa como um pólipo, que nada mais é que uma lesão benigna na mucosa do intestino, que pode se tornar maligna à medida que cresce. Mas não é todo pólipo que irá se tornar um câncer. 

“Existem certos tipos de pólipos que são mais propensos a virarem um câncer, como os adenomas. Mas não quer dizer que se você encontrar um pólipo durante um exame que você tem câncer”, ressalta D’alpino. 

De acordo com a oncologista, a chance de um pólipo se tornar maligno é de aproximadamente 30%. Além disso, a média de tempo que leva desde o surgimento do pólipo até ele se transformar em câncer é de 10 anos. “Por isso a importância de exames de rastreamento para grupos de risco. A colonoscopia, que é o exame mais recomendado, pode remover qualquer pólipo encontrado já durante a realização do exame”. 

O câncer colorretal tem cura?

De acordo com as sociedades médicas líderes do Março Azul, sim, o câncer de intestino tem cura. Quanto mais cedo se inicia o tratamento, maiores as possibilidades de cura. 

Para cerca de 95% dos casos da doença, o diagnóstico precoce permite, por exemplo, o tratamento cirúrgico capaz de retirar completamente a parte afetada do intestino ou reto e os gânglios linfáticos próximos. Isso porque, segundo a oncologista do Centro Paulista, a doença ainda estará localizada, ou seja, em um estágio inicial de desenvolvimento. 

“Dependendo da situação do paciente, o objetivo de cura é muito possível, mesmo que o tratamento envolva uma combinação entre a cirurgia e tratamentos sistêmicos, como a quimioterapia e radioterapia para pacientes com maior risco de recidiva”, afirma D’alpino. “Vale lembrar que o prognóstico está cada vez mais individualizado e os tratamentos mais indicados irão depender do estágio do câncer, se há ou não metástase, e da saúde geral do paciente”, reforça a oncologista

Conheça os tratamentos para o câncer colorretal

É possível prevenir o câncer colorretal?

Um dos principais pontos da campanha Março Azul-Marinho é conscientizar a população para a prevenção do câncer colorretal. Então sim, é possível prevenir esse tipo de tumor. 

De acordo com a oncologista do Centro Paulista, a prevenção desse câncer consiste em evitar os fatores de risco associados à doença. “O câncer colorretal está muito associado a hábitos de vida não saudáveis que são cada vez mais frequentes na população, como uma rotina sedentária e uma alimentação baseada em alimentos ultraprocessados, com muito fast food, refrigerantes e comidas prontas”, diz a oncologista. 

Outros fatores que aumentam o risco do câncer colorretal incluem:

  • Tabagismo;
  • Consumo excessivo de bebidas alcoólicas
  • Excesso de gordura corporal (sobrepeso ou obesidade). 
  • Sedentarismo

“Ter uma boa rotina de atividade física, comer bastante frutas e vegetais ricos em fibras, evitar bebidas alcoólicas e cigarro e controlar o peso são as principais orientações para prevenir o câncer colorretal”, indica a médica. 

Diagnóstico precoce: como aumentar as chances

Diagnosticar o câncer colorretal no início é extremamente importante para os melhores desfechos possíveis da doença. Até porque as chances de cura chegam a 95% quando o câncer é encontrado cedo. 

Mas, como a oncologista explica, o câncer colorretal é silencioso e de desenvolvimento lento. Por isso, pessoas que têm maior risco para esse tipo de câncer precisam incluir exames de rastreamento na rotina, aumentando as chances de um diagnóstico precoce. 

De acordo com D’alpino, o exame mais indicado para o rastreamento do câncer colorretal é a colonoscopia. O primeiro exame de rastreio deve ser feito aos 45 anos, mesmo que a pessoa não apresente sintomas ou histórico familiar da doença. “Se a pessoa tem casos na família ou alguma doença que influencia no risco para o câncer colorretal, o rastreamento pode começar ainda mais cedo. Nesses casos, o indicado é conversar com seu médico de confiança para definir o início dos exames e a frequência”, diz a oncologista. 

Conheça outros exames de rastreamento para o câncer colorretal

Qual o tipo mais frequente de câncer colorretal?

Existem alguns tipos de câncer colorretal, no entanto, a grande maioria deles são adenocarcinomas, ou seja, tumores malignos que surgem de adenomas (pólipos) que se projetam a partir da parede interna do intestino. Este tipo representa 97% dos casos de câncer colorretal, de acordo com a oncologista. 

Os 3% restantes são divididos em: tumores carcinóides, tumores estromais gastrointestinais (GIST), linfomas e melanomas. 

Saiba mais sobre os tipos de câncer colorretal

Os principais sinais e sintomas do câncer colorretal

Outro ponto que contribui para que o câncer colorretal seja diagnosticado tardiamente é a característica silenciosa da doença. “No começo ele não causa sintoma nenhum, é o que chamamos de câncer silencioso”, diz Renata D’alpino. “E sem sinais, não se investiga. Por isso que quando o câncer é pequeno o único jeito de encontrá-lo é a partir de exames de rastreamento, como a colonoscopia”. Outro possível exame de rastreamento é o de sangue oculto nas fezes. 

De acordo com a médica, quando o tumor começa a crescer e a produzir sintomas, os que devem ligar o alerta são sangramento nas fezes e mudança no hábito intestinal, ou seja, se o intestino fica mais preso ou mais solto do que de costume.

Outros sintomas relacionados ao câncer colorretal são 

  • Anemia (pela perda de sangue ao evacuar);
  • Fraqueza (geralmente por conta de anemia);
  • Dor ou distensão abdominal;
  • E enjoo.

Segundo a oncologista, é importante observar a aparência das fezes ao evacuar e ficar atento ao padrão dos hábitos intestinais para que seja possível notar as mudanças. “Além de sangue aparente, a presença de muco, como se fosse um catarro nas fezes, também pode ser um sinal de alerta para o câncer colorretal”. 

Suspeita de câncer colorretal: o que fazer? 

Diante de uma suspeita, a oncologista indica ao paciente ir a um médico de confiança, como um ginecologista no caso de muitas mulheres, que irá solicitar uma colonoscopia para investigar os sintomas. Se a pessoa não tem um médico de preferência, é possível buscar desde um clínico geral até um gastroenterologista ou proctologista (médico especializado no aparelho digestivo), que pode ser clínico ou cirurgião.

“Basicamente qualquer médico estaria habilitado, na vigência de sintomas, a solicitar a colonoscopia para checar a presença de tumores. Mas se preferir um atendimento mais direcionado, o mais indicado seria o gastro”, afirma a oncologista. 

Quem tem maior risco de desenvolver o câncer colorretal

Ainda que hábitos de vida saudáveis diminuam o risco do câncer colorretal, alguns fatores não são evitáveis. 

De acordo com o Inca, pessoas acima dos 50 anos têm um risco maior de ter câncer colorretal do que faixas etárias mais baixas. Isso é visto na prática: segundo o Radar do Câncer, mais de 80% dos pacientes diagnosticados com esse câncer entre 2018 e 2022 tinham mais de 50 anos.

Fatores genéticos também podem influenciar. Segundo D’alpino, cerca de 5% dos casos de câncer colorretal são causados por síndromes hereditárias, como a polipose adenomatosa familiar, uma doença hereditária em que a pessoa tem uma alta predisposição para o surgimento de pólipos pré-cancerosos ao longo do intestino grosso. Além disso, ter um histórico familiar da doença também aumenta as chances, principalmente se a pessoa diagnosticada é um parente de primeiro grau (pais, irmãos ou tios)

Além disso, outras doenças inflamatórias intestinais, como a retocolite ulcerativa ou a Doença de Crohn, também aumentam o risco do câncer colorretal

Saiba mais sobre o câncer colorretal e a campanha Março Azul

  • A campanha Março Azul de 2024 conta com uma ação especial na cidade de Óbidos, no Pará, que irá levar testes de triagem de sangue oculto para cerca de 7 mil pessoas. Saiba mais sobre a ação e a campanha
  • O Oncoguia também reúne uma série de informações sobre a doença, prevenção, rastreio, tratamentos e qualidade de vida para os pacientes. Explore.
  • A oncologista Renata D’alpino fala mais sobre o câncer colorretal na playlist sobre o tema disponível na TV Oncoguia. Assista.

Conteúdo produzido pela equipe do Instituto Oncoguia

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