Nova pesquisa mostra como identificar riscos de câncer de mama pela genética
Seguindo as ações do Outubro Rosa, mês de conscientização e prevenção de câncer de mama, a National Geographic traz novas e importantes descobertas com base em uma pesquisa internacional recente: os genes herdados de uma mulher são um indicador poderoso do tipo de câncer de mama que ela pode desenvolver.
Especificamente, os genes determinam a visibilidade dos epítopos, ou proteínas que decoram a parte externa de todas as células, inclusive as células cancerosas. Esses epítopos funcionam como uma placa do lado de fora de uma empresa que a identifica como padaria, escritório de advocacia ou teatro. Os epítopos visíveis agem como um sinal de neon piscante para atrair a atenção das células imunológicas em patrulha.
Usando dados de dezenas de milhares de pacientes, uma nova pesquisa publicada na revista científica Science mostra que os cânceres que tinham epítopos mais chamativos e eram detectados pelo sistema imunológico tinham menor probabilidade de se tornarem invasivos. No entanto, se essas células cancerígenas chamativas escapassem da detecção imunológica, elas teriam uma chance maior de se tornarem metastáticas.
Esses resultados indicam que o potencial mortal de um tumor é estabelecido muito cedo durante a doença, diz a autora principal Christina Curtis, pesquisadora de câncer e cientista de dados da Universidade de Stanford, nos Estados Unidos. No futuro, isso poderá ajudar as mulheres com maior risco de câncer agressivo (ou seja, aquelas cujo sistema imunológico pode não perceber sinais evidentes) a obter maior rastreamento e novas terapias, salvando assim mais vidas.
“Se pudermos entender quais mutações estão impulsionando o desenvolvimento desses tumores mais agressivos, isso será extremamente útil para prever quais pacientes sofrerão mais com a doença”, explica Michalina Janiszewska, bióloga de câncer do também norte-americano Instituto Scripps da Universidade da Flórida.
Como nosso sistema imunológico identifica o câncer
Uma mutação genética que faz com que as células se tornem rebeldes não é tão rara quanto se imagina, afirma Kornelia Polyak, bióloga molecular do Dana-Farber Cancer Institute, em Boston, nos Estados Unidos. É por isso que nossos sistemas imunológicos estão constantemente vigiando as anomalias e, em geral, são muito eficazes em detectá-las.
Nossos sistemas imunológicos examinam os epítopos de todas as células, o conjunto de proteínas que decoram o exterior de uma célula, que serve como uma carteira de identidade molecular. A genética desempenha um papel importante nesse processo, pois os genes influenciam os tipos de sinais que as células apresentam. Epítopos evidentes atraem a atenção do sistema imunológico, levando à destruição da célula.
O estudo de Curtis mostra que, mesmo antes de as células cancerosas formarem um tumor reconhecível, elas exibem epítopos que podem marcar seu potencial maligno.
Células cancerígenas que “nasceram para ser más”
Há mais de uma década, os cientistas acreditavam que a maioria dos cânceres era algo que acontecia ao longo da vida. A ideia era que as células saudáveis produziam células cancerígenas aleatoriamente, e se o câncer se tornava invasivo e mortal também dependia do “acaso” – e era impossível transmiti-lo aos filhos.
Então, em 2015, Curtis encontrou evidências de que a genética afeta os epítopos de todas as células, inclusive do câncer. Usando amostras de tumores colorretais, Curtis descobriu que, mesmo em seus estágios iniciais, os tumores colorretais agressivos e metastáticos pareciam diferentes em um nível celular do que seus homólogos mais indolentes.
Não só as células jovens de câncer podem ter uma aparência diferente das células saudáveis, como também as células cancerígenas geralmente são muito diferentes umas das outras. O trabalho de Polyak mostrou altos níveis de variação molecular e genética em um único tumor de mama em uma mulher.
As células tumorais não eram clones idênticos umas das outras, mas podiam variar amplamente tanto nos genes que carregavam quanto em suas características físicas. Isso significa que um tratamento como a terapia hormonal não necessariamente eliminaria as células tumorais: algumas células podem sobreviver e gerar um tumor de mama triplo-negativo totalmente resistente, que é mais agressivo e tem poucas opções de tratamento, explica Polyak.
Previsões sobre o câncer de mama
Os cientistas sabem da importância das mutações herdadas em genes como BRCA1 e BRCA2 no impacto do desenvolvimento do câncer desde a década de 1980, diz Curtis. Indivíduos portadores de certas versões desses dois genes têm um risco extremamente alto de desenvolver câncer de mama, ovário e outros tipos de câncer. Mas muitos indivíduos que herdaram um risco maior de câncer de mama não têm essas duas variantes, o que leva os cientistas a perguntar de onde vem esse risco.
O que Curtis e sua colega de pós-doutorado, Kathleen Houlahan, queriam saber era como as diferenças imunológicas herdadas poderiam ajudar a explicar por que algumas mulheres desenvolvem cânceres de mama que são prontamente tratáveis e outras têm recaídas décadas depois de um tratamento aparentemente bem-sucedido.
Esse tipo de investigação exige muitos dados, portanto Houlihan e Curtis reuniram informações de vários conjuntos de dados, incluindo atlas de células tumorais e registros de câncer. A análise de mais de 6 mil tumores de mama mostrou que as células variavam no que os cientistas chamam de “carga de epítopos da linha germinativa”, o que poderia ajudar a prever a agressividade do câncer.
O que eles descobriram é que as mulheres com maior carga de epítopos da linha germinativa (ou seja, “sinais de neon” mais chamativos) tinham maior probabilidade de detectar e eliminar as células cancerosas precocemente e evitar que se tornassem invasivas. Entretanto, se as mulheres tivessem câncer com sinais chamativos e escapassem da vigilância imunológica, “o padrão se inverte”, disse Houlahan em um relatório para a Universidade de Stanford.
O câncer teria maior probabilidade de se tornar agressivo, aprendendo a ser mais esperto que o sistema imunológico. Ele poderia se tornar invasivo, afetando o tecido próximo, ou se espalhar e causar metástase em partes distantes do corpo.
O futuro da prevenção do câncer de mama
Esse estudo, segundo Polyak, poderia ajudar a separar as mulheres em grupos de alto e baixo risco, o que é importante para a prevenção. As mulheres menos capazes de detectar células cancerígenas chamativas poderiam ser identificadas e receber mamografias mais frequentes e outros exames. “Esse artigo é apenas a ponta do iceberg”, afirma ela. “Quanto mais soubermos, melhor poderemos prever o risco.”
Curtis afirma que esses resultados são importantes não apenas para o avanço da nossa compreensão de como o câncer se desenvolve, mas também para a criação de melhores tratamentos de medicina de precisão para o câncer de mama e outros tipos de câncer. Ela prevê um possível teste genético que possa ajudar a prever as pessoas com maior risco de desenvolver câncer de mama agressivo e desenvolver terapias para esses subtipos específicos da doença.
“No momento, nossa vigilância é um pouco aleatória”, diz Curtis. “Não estamos fazendo o suficiente pelas mulheres com maior risco de morrer se não as tratarmos e as vigiarmos de forma diferente. Acho que estamos falhando.”
Fonte: National Geographic Brasil
- Ultraprocessados ricos em óleo podem ser uma das causas da epidemia de câncer colorretal em jovens
- Obesidade e câncer, como desfazer esta ligação perigosa
- Câncer de mama: fase do ciclo menstrual pode influenciar eficiência do tratamento
- Câncer: Anvisa aprova avanço de testes com terapia revolucionária desenvolvida pelo Hemocentro de Riberião Preto com o Butantan
- Jovem que teve câncer de intestino lista os 6 sinais que ele ignorou
- Por que câncer pode se tornar a doença que mais mata no Brasil - e que desafios isso traz
- Inovações tecnológicas e novo protocolo de tratamento reforçam o combate ao câncer
- Médicos de família podem ser aliados no tratamento do câncer, dizem especialistas
- Câncer de pulmão: novo tratamento reduz em 27% risco de morte
- Grupo da USP mapeia variantes genéticas associadas ao câncer de pâncreas em pacientes brasileiros
- Política nacional para rastrear câncer de pulmão pode salvar vidas
- Melanoma: tipo de câncer de pele mais perigoso é também mais comum entre mulheres mais jovens
- Inteligência Artificial passa a ser usada na triagem de casos suspeitos de câncer de mama
- 20 anos do descobrimento da mutação EGFR para câncer de pulmão: o que mudou?
- ALRN reforça compromisso com a saúde pública no Fórum Oncoguia
- Novo plano para combater câncer de colo tem foco em rastreio e vacina
- IR: Haddad propôs limitar isenção para pacientes de câncer e Aids, não acabar com benefício
- Nova técnica trata câncer de próstata em uma única sessão
- Dezembro Laranja alerta para a prevenção do câncer de pele no Brasil
- IBGE: mortes por câncer avançam 7,7% em quatro anos e pressionam sistema de saúde
- Você conhece os direitos de quem tem câncer? Deveria!
- Tempo é cura para o câncer
- Reunião do Consinca destaca avanços no combate ao câncer, mas entidades esperam mais celeridade na implementação
- Fórum debate desafios do tratamento do câncer
- Estudos revelam atividade que pode reduzir o risco de câncer de intestino
- Terapia-alvo diminui câncer de pulmão e melhora qualidade de vida; entenda
- Estudo mostra associação entre 22 agrotóxicos e o desenvolvimento de câncer de próstata; entenda
- Anvisa aprova medicamento para tipo de câncer de pulmão em estágio inicial
- Câncer de próstata: 10 mil pacientes não têm acesso à radioterapia no SUS ao ano
- O debate sobre o impacto climático dos tratamentos do câncer
- Vacina brasileira contra câncer de próstata começa a ser testada nos EUA
- Comissão da Câmara debate cenário da oncologia no Brasil
- Política Nacional de Prevenção e Controle do Câncer: ‘Precisamos subir o tom e cobrar’
- Câncer de pâncreas: conheça os riscos e sintomas da doença
- Pacientes e sociedade médica cobram publicação de PCDT de câncer de mama
- Surto de câncer de pâncreas pode ser menos preocupante do que parecia
- Goiás oferece mapeamento genético gratuito para câncer. Como funciona?
- Câncer de próstata: por que alguns tumores não exigem tratamento imediato?
- OMS convoca G20 para apoiar luta contra câncer do colo do útero
- Câncer de próstata vulnerabiliza saúde mental do homem
- Câncer de pâncreas: novas terapias promissoras para a doença
- Câncer de Próstata: o que há de mais moderno no Brasil para um diagnóstico precoce e um tratamento mais efetivo
- Estudo estima aumento global de 76% dos casos de câncer até 2050
- Hoje existem recursos capazes de tratar câncer de próstata com menos impactos a vida do paciente
- DF é referência nacional de notificação obrigatória de câncer
- A democratização do tratamento do câncer: um caminho inadiável
- Câncer de pulmão pode ser detectado no ar expirado, diz estudo
- Cientistas anunciam ter descoberto o elo entre carne vermelha e câncer
- Governo zera imposto de importação de remédios usados para tratar câncer
- Estoura o silicone, tem efeito colateral? 10 respostas sobre a mamografia
- Estudo do Car-T Cell: testes iniciais com terapia inovadora contra câncer no sangue foram seguros, diz Hemocentro
- 3 em cada 10 homens nunca fizeram nem pretendem fazer exame de toque retal, diz pesquisa
- Câncer de pulmão: rastreamento, que não tem protocolo no país, pode salvar vidas e é custo efetivo, defendem entidades
- Mapeamento genético gratuito pode ajudar a detectar câncer de mama ainda em estágio inicial
- Diferenças regionais impõem desafios ao paciente com câncer no sistema de saúde
- Câncer de mama na arte: confira outras obras que retrataram a doença, assim como Michelangelo fez na Capela Sistina
- Câncer de próstata é hereditário? Entenda riscos
- ALRN participa da edição Nordeste do Fórum Oncoguia com foco em pacientes oncológicos
- Resistentes a cuidados com a saúde, homens são foco da campanha Novembro Azul
- Novembro Azul: alimentação pode ajudar a prevenir o câncer de próstata
- Câncer de mama é o que mais mata mulheres, diferentemente do que diz médica investigada
- Câncer de próstata: IA pode ajudar no diagnóstico e tratamento, diz estudo
- Médica que espalhou fake news sobre câncer de mama não existir é processada pelo Colégio de Radiologia
- Pesquisadores identificam subtipo de câncer de próstata mais agressivo
- Médicos reafirmam eficácia da mamografia para prevenir câncer de mama
- Estudo encontra 22 pesticidas ligados ao câncer de próstata
- Anvisa avalia novo tratamento para câncer de pulmão
- PCDT para câncer de colo de útero deve ser apresentado na próxima reunião da Conitec
- Reconstrução mamária: apenas 30% das mulheres com câncer de mama conseguem acesso pelo SUS
- Câncer de mama: o que muda na vida sexual após diagnóstico
- Linfoma não Hodgkin: o que é e quais os sintomas do câncer de Suplicy?
- DIU hormonal aumenta o risco de câncer de mama? Entenda
- Mamografia: menos de 30% das mulheres realizam o exame
- A importância do pós-tratamento no processo de cura do câncer de mama
- Detecção precoce do câncer de mama reduz custos, mas esbarra em desinformação
- Prevenção e Tratamento de Câncer tem que envolver a Saúde Mental
- A (des)obrigação de planos de saúde fornecer medicamento para câncer
- Mulheres sofrem com perda do emprego após diagnóstico de câncer de mama, aponta Datafolha
- Assessores do câncer ensinam a frequentar hospitais e marcar consultas após diagnóstico: saiba o que faz um navegador de pacientes
- Mulheres de baixa renda terão exames gratuitos de câncer de mama
- Brasil descumpre lei dos 30 dias e faz biópsia de câncer de mama fora do prazo
- ANS aprova novos tratamentos para câncer de próstata e outras doenças
- Maioria das mulheres jovens consegue engravidar após câncer de mama
- Testagem genética pode ser aliada contra câncer de mama, apontam especialistas
- Desempenho em teste físico ajuda a direcionar tratamento do câncer
- Mortalidade por câncer supera doenças cardíacas em 727 municípios brasileiros
- Como oferecer terapias avançadas e caras para a população?
- Como o esporte reduz risco de câncer de mama, segundo estudos
- Desempenho em testes físicos pode ajudar a direcionar o tratamento do câncer de pulmão
- Novas perspectivas para o tipo mais agressivo de câncer de mama
- Descobri um câncer, e agora? Como cuidar da saúde mental?
- França: Agrotóxicos proibidos encontrados em crianças podem estar ligados à explosão de casos de câncer infantil
- Francesa prova que perdeu filha para o câncer após manusear flores com pesticidas durante gravidez
- Não é só cigarro que aumenta casos de câncer de pulmão na América Latina
- Iluminação especial do Congresso integra ações da campanha Outubro Rosa
- Câncer de mama em homens: a doença e os tabus da masculinidade
- Câncer de mama: desigualdade no tratamento compromete chances de cura
- Tratamento contra câncer traz riscos para gravidez? EntendaGrávida de 20 semanas, a influenciadora Isabel Veloso revelou que voltará a fazer quimioterapia devido ao crescimento do tumor, contra o qual luta desde os 15 anos
- Outubro Rosa: casos de câncer de mama em mulheres jovens têm crescido
- Novo teste de ultrassom pode detectar câncer de ovário com 96% de precisão