Nova técnica trata câncer de próstata em uma única sessão

Um novo método cirúrgico minimamente invasivo pode curar alguns casos de câncer de próstata em uma única sessão. Trata-se do NanoKnife, equipamento desenvolvido que destrói tumores malignos por ablação.

O aparelho, desenvolvido nos Estados Unidos, gera pulsos elétricos sobre as células cancerosas, abrindo pequenos buracos nas membranas que as protegem. É dessa forma que a corrente elétrica penetra nas células até que elas morram. Na linguagem técnica, o fenômeno é chamado de eletroporação irreversível (IRE, na sigla em inglês).

A técnica foi aprovada por órgãos como a Food and Drug Administration (FDA, a agência regulatória estadunidense) e a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). No entanto, por aqui, ainda não foi incluída no Sistema Único de Saúde (SUS) e nem no rol da Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS).

Poucos centros de referência realizam o procedimento no Brasil. Um deles é o Hospital Israelita Albert Einstein, em São Paulo, que utiliza o equipamento desde 2022.

Segundo especialistas da instituição, o NanoKnife é uma opção cirurgia que reduz riscos de complicações após o tratamento.

“Trata-se de uma tecnologia atérmica, ou seja, que não dispensa calor e nem frio. Com isso, o risco de lesão nos nervos responsáveis pela ereção e de prejuízos na função urinária dos pacientes é mínimo, fatores que costumam ser as grandes preocupações dos homens que necessitam tratamento”, destaca o urologista Oskar Kaufmann.

Indicações

O NanoKnife é uma terapia localizada, ou seja, um tratamento que tem como alvo uma área delimitada do corpo. Isso faz com a técnica seja bastante precisa e possa ser utilizada em regiões próximas de partes vitais com segurança.

Por isso, ela avança contra casos de câncer de próstata em estágio inicial. Nessa fase, os tumores não costumam gerar sintomas e estão localizados em uma área restrita da glândula, sem invadir outros tecidos.

“O NanoKnife é mais um aliado para o tratamento do câncer de próstata, permitindo que ofereçamos um tratamento eficaz e possibilitando cada vez mais manter a qualidade de vida para esses pacientes”, afirma o uro-oncologista Arie Carneiro.

No Brasil, o método já foi testado no tratamento do câncer de pâncreas, rim e fígado também iniciais.

Nos Estados Unidos, estudos clínicos estão sendo desenvolvidos para observar a eficácia contra tumores maiores e em outros órgãos. É o caso do ensaio clínico Direct, que está recrutando pacientes diagnosticados com câncer de pâncreas localmente avançado.

Como é feito o procedimento?

A técnica é aplicada sob sedação. Em procedimento minimamente invasivo, longas agulhas penetram a pele e são posicionadas sobre a próstata. Elas estão conectadas ao dispositivo que gerará os pulsos elétricos que matarão as células do câncer.
A voltagem usada e a duração do procedimentos são determinadas conforme a necessidade de cada caso.

Entre as vantagens da técnica estão a possibilidade de preservar a próstata e tratar apenas a área acometida pelo tumor, além da baixa probabilidade de internação. Em geral, o paciente recebe alta no mesmo dia em que o procedimento foi feito.

Na recuperação, o corpo reconhece as células mortas, eliminando-as e regenerando o tecido com outras células saudáveis.

Fonte: Veja Saúde