Novidades no tratamento do câncer de glândulas salivares
Muitas pesquisas sobre câncer de glândulas salivares estão em desenvolvimento em diversos centros médicos no mundo inteiro, promovendo grandes avanços nas áreas de genética e tratamentos. Confira alguns deles.
- Alterações genéticas do câncer de glândulas salivares
Estudos mostraram determinadas alterações genéticas em vários tipos de câncer de glândulas salivares. Os pesquisadores estão começando a entender como essas alterações tornam as células das glândulas salivares malignas.
Por exemplo, em cânceres adenoides císticos, uma mutação no gene NOTCH1 torna esse câncer mais agressivo e com maior chance de disseminação. Mas isso também significa que os cânceres de glândulas salivares com essa mutação NOTCH1 respondem aos inibidores NOTCH1. Alguns cânceres secretores têm um gene de fusão ETV6-NTRK3 que torna os inibidores de TRK uma opção de tratamento. Mais pesquisas estão sendo feitas para verificar o uso de terapias-alvo contra alterações genéticas em diferentes tipos de câncer de glândulas salivares.
Com os avanços no entendimento dessas alterações e outras nas células cancerígenas das glândulas salivares, os pesquisadores esperam ter subsídios para desenvolver novos tratamentos para este tipo de câncer, mais eficazes e com menos efeitos colaterais.
- Cirurgia
Os avanços nas técnicas cirúrgicas permitem que os cirurgiões de cabeça e pescoço e neurocirurgiões removam a doença que se espalhou na região da base do crânio. Essas cirurgias estão se tornando frequentes e bem sucedidas.
As cirurgias de reconstrução estão cada vez mais sofisticadas, permitindo procedimentos mais extensos com uma melhor qualidade de vida para os pacientes após o tratamento.
- Radioterapia
Os avanços na radioterapia permitem agora uma segmentação mais precisa do órgão alvo a ser irradiado. A radioterapia intraoperatória, onde a radiação é dirigida para o local do tumor durante a cirurgia, está sendo estudada como uma forma de tratamento para tumores de glândulas salivares que provavelmente recidivarão. Isso ajudará no tratamento de tumores localizados próximos a nervos ou grandes vasos sanguíneos, onde será possível realizar apenas uma cirurgia de pequeno porte.
- Quimioterapia
O câncer de glândulas salivares avançado é raro, por isso o conhecimento sobre o tratamento quimioterápico desses tipos de câncer ainda está evoluindo.
Em geral, a quimioterapia não responde bem no tratamento no câncer de glândulas salivares. A maioria das informações sobre quimioterapia estágio IV do câncer de glândulas salivares são do tratamento de outros tipos de câncer de cabeça e pescoço.
Outra área de interesse é o uso da quimioterapia junto com a radioterapia após a cirurgia em pacientes com alto risco de recidiva da doença, por exemplo, aquelas com doença nos linfonodos ou um tumor grande invadindo as estruturas próximas.
Os medicamentos quimioterápicos, muitas vezes, administrados junto com a radioterapia, continuam a ser testados em ensaios clínicos.
- Terapia-alvo
Um maior entendimento sobre as alterações nas células que causam o câncer tem levado ao desenvolvimento de novos medicamentos alvo que visam especificamente estas mudanças. Esses medicamentos alvo agem de forma diferente dos quimioterápicos convencionais, além de terem efeitos colaterais diferentes.
Estudos identificaram alterações em algumas células cancerígenas das glândulas salivares que as ajudam a crescerem e se disseminarem. Algumas dessas alterações afetam proteínas que podem ser bloqueadas por terapias-alvo que já são utilizadas no tratamento de outros tipos de câncer. No momento, esses medicamentos são usados no tratamento do câncer de glândulas salivares avançado.
- Hormonioterapia
Pesquisas preliminares mostraram que alguns tumores de glândulas salivares têm muitos receptores para hormônios masculinos e femininos denominados andrógenos e estrogênios, respectivamente. Medicamentos que bloqueiam esses receptores ou níveis hormonais mais baixos, como bicalutamida ou leuprolide, parecem ser úteis no tratamento desses tumores.
- Tratamento dos efeitos colaterais do tratamento
Mesmo com as melhores técnicas de radioterapia e cirurgia, algumas pessoas ainda apresentam efeitos colaterais a longo prazo, como boca seca. A terapia de fotobiomodulação, uma terapia a laser de baixa intensidade aplicada às glândulas salivares, foi estudada para ajudar com esse efeito colateral frequente do tratamento. Os estudos iniciais mostraram alguma eficácia em pacientes com boca seca. Entretanto, mais estudos são necessários para comprovar que essa terapia é útil para esse fim.
Outros estudos estão analisando diferentes tipos de prevenção e tratamento da boca seca, incluindo novos medicamentos, acupuntura, oxigênio hiperbárico, transferência da glândula submandibular e aumento da produção de saliva por meio da estimulação das papilas gustativas e da mastigação.
Texto originalmente publicado no site da American Cancer Society, em 18/03/2022, livremente traduzido e adaptado pela Equipe do Instituto Oncoguia.