Novidades no tratamento do câncer de via biliar
Como o câncer de via biliar é raro, ainda é difícil estudá-lo. Por essa razão, a maioria dos médicos concorda que durante o tratamento para qualquer tipo ou estágio da doença, a participação em um estudo clínico deve ser considerada. O objetivo é que o paciente possa obter o melhor tratamento disponível.
Atualmente, muitas pesquisas sobre câncer de via biliar estão em desenvolvimento em diversos centros médicos no mundo inteiro. E, anualmente, os pesquisadores descobrem mais sobre o que causa a doença, como evitá-la e as melhores formas de tratamento. Entretanto, os novos e promissores tratamentos discutidos aqui tendem a estar disponíveis apenas em estudos clínicos.
- Cirurgia
Os pesquisadores estão constantemente melhorando as técnicas cirúrgicas utilizadas no tratamento do câncer de vias biliares e procurando maneiras de tornar mais pessoas aptas para a cirurgia.
Outras opções também estão sendo estudadas. Por exemplo, às vezes a cirurgia para remover o tumor pode ser tecnicamente possível, mas não pode ser realizada porque pode não deixar o fígado suficientemente saudável após o procedimento. Uma opção seria bloquear o suprimento de sangue para a parte do fígado que será removida (embolização da veia porta). Dessa forma, essa parte do fígado se atrofia e diminui de tamanho, permitindo que outra parte do fígado se desenvolva para compensar a primeira. Após algumas semanas, pode existir uma quantidade suficiente de fígado saudável para realizar a cirurgia para retirar o tumor.
Melhores maneiras de realizar a cirurgia laparoscópica estão sendo verificadas e comparadas à cirurgia aberta. Os tratamentos adjuvantes e neoadjuvantes, realizados antes e após a cirurgia, também são áreas ativas da pesquisa. Os médicos estão buscando alternativas para combinar outros tratamentos com a cirurgia para obter melhores resultados.
- Radioterapia
Os pesquisadores estão procurando novas maneiras de aumentar a eficácia da radioterapia. Um exemplo é a radioterapia com feixe de prótons, em vez do usual feixe fótons ou elétrons. O tratamento com feixes de prótons permite a administração de uma dose de radiação maior ao tumor, reduzindo os efeitos colaterais aos tecidos normais, uma vez que não causa danos em sua trajetória no tecido.
Outras formas de radioterapia seguem sendo estudadas. Por exemplo, os médicos estão avaliando se o uso de stents radioativos colocados dentro dos ductos biliares ajudariam a reduzir o tamanho dos tumores e a manter os mesmos abertos por mais tempo do que os stents convencionais.
Outra abordagem em estudo é a injeção de esferas radioativas na artéria hepática, denominada radioembolização transarterial.
- Quimioterapia
Em geral, os efeitos da quimioterapia contra o câncer de via biliar são limitados, mas estão sendo testados novos medicamentos e novas combinações, além de novas formas de combinar a quimioterapia com outros tratamentos, como a cirurgia, radioterapia e transplante de fígado.
- Terapia-alvo
Conforme os pesquisadores aprendem mais sobre as mudanças nas células que causam o câncer, eles têm sido capazes de desenvolver novos tipos de drogas que visam atacar receptores específicos.
A terapia-alvo consiste justamente nesse tratamento, que ataca especificamente essas moléculas, que sabidamente estão envolvidas no crescimento e disseminação das células cancerígenas.
Por exemplo, algumas dessas drogas têm como alvo os vasos sanguíneos do tumor. Os tumores de via biliar precisam de novos vasos sanguíneos para crescer além de certo tamanho. O bevacizumabe, erlotinibe, ramucirumabe e regorafenibe são exemplos de medicamentos que visam o crescimento dos vasos sanguíneos e estão sendo estudados contra o câncer de via biliar.
Outros medicamentos têm alvos diferentes. Por exemplo, o EGFR é uma proteína encontrada em grandes quantidades em algumas células cancerígenas que as ajuda a crescer. Os medicamentos que têm como alvo o EGFR têm mostrado algum benefício contra vários tipos de câncer. Alguns deles, inclusive o cetuximabe e o panitumumabe estão agora sendo estudados para uso em pacientes com câncer de via biliar, geralmente, em combinação com quimioterapia ou outras terapias-alvo.
Outros tipos de terapia-alvo, como os inibidores de MEK, como tivantinibe, e os medicamentos anti-PD1, como o pembrolizumabe, também estão sendo estudados para uso contra o câncer de via biliar.
Texto originalmente publicado no site da American Cancer Society, em 03/07/2018, livremente traduzido e adaptado pela Equipe do Instituto Oncoguia.