Oncodebate: ter câncer não significa ter dor
No dia 10 de julho, reunimos especialistas em dor oncológica para conversar com pacientes e familiares em um evento fechado para inscritos. Foram cerca de 150 participantes que acompanharam as discussões ao vivo. Abaixo, você confere alguns destaques da programação.
- Luciana Holtz, presidente do Instituto Oncoguia
Luciana abriu o evento apresentando o Oncoguia. Ela explicou também sobre a importância de se falar sobre dor, um sintoma tão frequente em pacientes com câncer. Luciana ressaltou que cuidar da dor do paciente oncológico é uma das formas de se garantir a missão do Oncoguia: garantir ao paciente com câncer que viva mais e melhor, já que tratar da dor garante à estas pessoas mais qualidade de vida. Luciana aproveitou para apresentar alguns dados da pesquisa realizada pelo Oncoguia em 2015, em que 84% dos pacientes entrevistados disseram ter dor de moderada a severa e achavam que a dor fazia parte do diagnóstico do câncer. Por fim, Luciana apresentou alguns dos conteúdos que o Oncoguia tem proporcionado para o paciente com câncer cuidar da sua dor, como a página do portal e a live com a especialista Maria Del Pilar.
- Maria Del Pilar, diretora do corpo clínico e coordenadora da oncologia clínica do ICESP
Tema: Cuidando adequadamente da dor do câncer
Pilar explicou o que é dor e porque ela precisa ser cuidada e tratada adequadamente. Segundo dados apresentados pela especialista, de 80% a 90% dos pacientes com câncer vão apresentar dor em algum momento após o diagnóstico. Ela apontou que o sofrimento psicológico é uma das consequências da dor e explicou que o tratamento da dor tem como objetivo principal o alívio do sintoma para garantir qualidade de vida ao paciente. “Dores mais intensas levam mais tempo para serem tratadas do que dores mais leves”, comentou Pilar, explicando que o tempo para o controle da dor tem relação direta com a intensidade da dor sentida por cada pessoa. Ela ainda abordou as causas mais comuns da dor, destacou a importância de identificar a causa e o tipo de dor sentido por cada pessoa e falou sobre a necessidade de se fazer uma avaliação completa do quadro da dor para que ela possa ser cuidada corretamente.
- Talita Sganzerla, enfermeira especialista em dor e membro da Associação Brasileira de Enfermagem em Oncologisa e Onco-Hematologia (Abrenfoh)
Tema: O tratamento multidisciplinar da dor oncológica
Talita destacou que a dor sentida pelo paciente oncológico é multifatorial, ou seja, ela abrange aspectos físicos, psicológicos, sociais e espirituais. Por isso, é muito importante cuidar desse paciente e de sua dor como um todo, combinando múltiplas modalidades e especialistas de diferentes áreas, como, por exemplo, enfermeiros, médicos, fisioterapuetas, assistentes sociais, farmacêuticos, psicólogos, fonoaudiólogos, terapeutas ocupacionais, entre outros.
- Paola Torres, médica hematologista e presidente do Instituto Roda da Vida
Tema: Medicina integrativa e manejo da dor
Paola abriu sua fala com um cordel especial sobre o tema do encontro. Mais uma vez, ressaltou-se a importância de ver o paciente oncológico como um todo - corpo, mente e espírito -, e não apenas com um olhar focado só no câncer. “Cada pessoa sente uma dor que é única e essa dor interfere em todos aspectos da sua vida. Por isso, é importante utilizar todas as ferramentas que possam abordar corpo, mente e espírito”, ressaltou. Ela completou ainda destacando que as práticas integrativas não substituem o tratamento oncológico, e sim somam-se a ele. Além disso, Paola apontou ainda que é fundamental conversar com o oncologista antes de fazer algum tratamento complementar e buscar profissionais referenciados. Alguns exemplos de terapias integrativas foram o reike, a acupuntura, a meditação, entre outros.
- Regina Liberato, psicóloga, psico-oncologista e especialista em cuidados paliativos
Tema: Conversando sobre o conceito de dor total
Regina também abordou o papel que outros fatores têm na forma como o paciente oncológico sente e vive sua dor. Ela destacou a importância de conhecer a si mesmo como uma forma de reconhecer o que influencia na dor experienciada para que ela possa ser tratada por completo, e não apenas seu reflexo físico. Afinal, como destacou a especialista, a dor emocional interfere e muito no enfrentamento da dor e do câncer em si. Por isso, o diagnóstico de um câncer é um momento de se conhecer mais a fundo e poder ressignificar a vida diante da doença, reconhecendo os recursos que se tem para enfrentar essa nova fase.
- Ana Michele Soares, jornalista, paliativista e voluntária do Oncoguia
Tema: Momento de compartilhar - perguntas e respostas
Ao final do evento, Ana Michele, paciente com câncer de mama metastático, falou sobre sua visão da dor como paciente oncológica, comentou os depoimentos dos participantes do evento e, juntamente com as demais palestrantes, respondeu às dúvidas do público.