OncoDebate: tudo que você precisa saber sobre mieloma múltiplo

No dia 28/9, fechando o mês de conscientização do mieloma múltiplo, promovemos o OncoDebate - Tudo que você precisa saber sobre Mieloma Múltiplo.

O evento foi uma importante oportunidade para conversarmos sobre os sinais e sintomas, diagnóstico, tratamentos, além de ouvir a voz de quem já convive com o mieloma múltiplo, priorizando sempre os direitos e prioridades do paciente. O papel do hematologista em todas as fases da doença também foi outro ponto fundamental do nosso OncoDebate.

Confira abaixo um resumo de tudo que rolou no nosso OncoDebate:

Abertura e mediação
Evelin Scarelli, coordenadora de relacionamento institucional e voluntariado do Oncoguia

Evelin iniciou o OncoDebate - Tudo que você precisa saber sobre Mieloma Múltiplo, apresentando dados do Instituto Nacional de Câncer sobre a doença. Segundo o Inca, no Brasil, são diagnosticados cerca de 7 mil novos casos de mieloma múltiplo por ano.

O universo do mieloma múltiplo: sintomas, diagnóstico, tratamentos e qualidade de vida do paciente
Walter Braga, hematologista do Centro Oncológico do Hospital Santa Catarina Paulista

Segundo o médico, a causa do mieloma múltiplo é desconhecida e pode ser definida como um acidente genético. A doença surge quando as células plasmáticas se tornam cancerígenas e crescem fora de controle. De acordo com o hematologista, é um câncer raro que afeta diretamente a medula óssea e é causado pelo crescimento descontrolado das células de defesa do organismo, chamadas de plasmócitos. Essas células produzem uma proteína anormal (anticorpo) conhecida por vários nomes, entre eles, a imunoglobulina.

Walter explicou que o mieloma múltiplo é mais frequente em homens entre 60 e 65 anos, no entanto, os jovens também podem ser acometidos pela doença. Ele ressaltou a importância do diagnóstico principalmente nas pessoas mais velhas, pois os sintomas do mieloma múltiplo podem ser confundidos com doenças pré-existentes nos idosos. Quando a doença se manifesta em um indivíduo mais jovem, como por exemplo, uma fratura espontânea da coluna, os sintomas costumam chamar mais atenção.

Sobre os sintomas, ele citou as dores ósseas, principalmente nas costas, fragilidade óssea, podendo levar a fraturas, anemia e possíveis alterações renais.

Já sobre o diagnóstico, o hematologista falou dos exames de rotina como hemograma completo (verifica os níveis de hemoglobina que podem indicar uma anemia), creatinina (avalia a saúde dos rins) e radiografia (raios X). Ele destacou que a eletroforese de proteínas (mede a quantidade total de imunoglobulinas no sangue) e a imunofixação sérica e urinária (detecta proteínas específicas, geralmente imunoglobulinas) são exames fundamentais para o diagnóstico do mieloma múltiplo. O médico também falou sobre o mielograma (também conhecido como punção aspirativa da medula óssea) que pode ser realizado  junto com a imunofenotipagem (analisa o material da medula óssea colhido no mielograma) e a biópsia da medula óssea (remove uma pequena porção de osso e medula).

“É mieloma múltiplo? O paciente deve ser acompanhado por um hematologista. Não temos a cura do mieloma múltiplo, mas é possível uma vida normal e com qualidade de vida”, observa.

O médico falou sobre os tratamentos, que sempre são definidos respeitando cada caso, principalmente a idade do paciente. Entre os tratamentos estão a cirurgia, radioterapia, quimioterapia, terapia com medicamentos, transplante de células-tronco, terapia com células T CAR e imunoterapia.

Para concluir, Walter ressaltou que as campanhas de conscientização são muito importantes porque resultam na disseminação da informação.

“Precisamos falar sobre o mieloma múltiplo para que no surgimento de qualquer um dos sintomas, o médico, toda equipe multidisciplinar e também o paciente possam pensar no mieloma múltiplo como uma possível causa”, finalizou o médico.

Mieloma múltiplo: olhar do paciente, dor oncológica e novidades da medicina.
Luciana Holtz, fundadora e presidente do Oncoguia e Rogério Oliveira, advogado, paciente ativista e presidente fundador da ABRAMM (Associação Brasileira de Mieloma Múltiplo)

Rogério questionou o médico Walter Braga sobre a dor oncológica e como os cuidados paliativos podem ser aplicados nos casos de mieloma múltiplo.

O hematologista explicou que o paciente deve ser acompanhado por toda equipe multidisciplinar e afirmou que com o tratamento, a grande maioria relata uma melhora no controle da dor oncológica, sendo muito raro o caso de pacientes que precisam conviver com a dor óssea.

Já a presidente do Oncoguia, Luciana Holtz, quis saber sobre as novidades da medicina a respeito do mieloma múltiplo.

Walter citou que a partir de 2015 houve uma revolução no tratamento de mieloma múltiplo, com os anticorpos monoclonais (imunoterapia).

Os anticorpos são proteínas produzidas pelo sistema imunológico do corpo para combater as infecções. E os anticorpos monoclonais são versões produzidas em laboratórios para atacar um alvo específico, como as proteínas na superfície das células do mieloma. Esse tratamento faz parte do rol da ANS (Agência Nacional de Saúde), mas ainda não está disponível no SUS (Sistema Único de Saúde).

Para finalizar, Rogério Oliveira trouxe o olhar do paciente com mieloma múltiplo. Segundo ele, a maior dificuldade é o diagnóstico, por conta do desconhecimento da doença e a demora durante toda a jornada no sistema de saúde.

“A doença ainda é muito ignorada. Falta um olhar mais firme do poder público para o mieloma múltiplo, com ações de conscientização que falem sobre a doença. Como sabemos, o diagnóstico precoce faz toda a diferença. O paciente que já enfrenta tantas dificuldades com o diagnóstico, ainda precisa lidar com muitas burocracias e entraves. Neste momento, sequer temos uma estatística oficial sobre os números de casos de mieloma múltiplo no Brasil”, concluiu Rogério.

Durante todo o OncoDebate - Tudo que você precisa saber sobre Mieloma Múltiplo, os pacientes interagiram sobre o tema e tiveram suas dúvidas esclarecidas, sempre com orientações e acolhimento.

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