OncoDebate: tudo sobre câncer de próstata

No dia 26 de novembro, reunimos especialistas de diferentes áreas para o nosso “OncoDebate: tudo sobre câncer de próstata”. Foram discutidos os principais problemas enfrentados pelos pacientes com a doença e temas como a situação do câncer de próstata no Brasil, principais tratamentos sistêmicos, a importância da equipe multidisciplinar e muito mais. Confira abaixo um resumo de tudo que rolou.

Abertura
Luciana Holtz, fundadora e presidente do Instituto Oncoguia

Luciana falou sobre o trabalho realizado pelo Oncoguia em relação ao câncer de próstata. Ela apresentou as ferramentas educativas oferecidas aos pacientes com a doença, como páginas do portal (https://www.oncoguia.org.br/cancer-home/cancer-de-prostata/33/149/) com conteúdos sobre o tumor, página especial e galeria de vídeos, lives, materiais impressos e disponíveis para download e finalizou falando sobre a campanha “Posso te dar um toque”. 

Câncer de próstata: o que é?
Ana Paula Cardoso, oncologista do Hospital Israelita Albert Einstein

Ana Paula apresentou todo o panorama que envolve o câncer de próstata. Ela explicou a localização do órgão, falou sobre estatísticas, fatores de risco, sinais e sintomas e rastreamento da doença.

A próstata fica localizada entre o reto e a bexiga e por ela passa também a urina. A oncologista explicou que nem sempre o câncer nesta região apresenta sintomas, mas é possível que os homens sintam sinais relacionados a problemas urinários dependendo da localização e extensão do tumor, assim como em casos mais avançados. 

O câncer de próstata é o que mais acomete os homens, com cerca de 65 mil novos casos por ano. Um aumento de mais de 10% nos últimos anos, segundo Ana Paula, principalmente por questões como envelhecimento da população e mudanças de hábitos de vida.

A especialista ainda destacou que o rastreamento é o melhor caminho para prevenir a doença antes de ela ocorrer e para detecção precoce, quando existe grande chance de cura. Essa informação é importante porque Ana Paula ressaltou que cerca de 44% dos homens no Brasil nunca foram a um urologista. Ela ainda apontou que homens a partir dos 40 anos deveriam ter um urologista de confiança e, a partir dos 45 anos, realizar o rastreamento com exames de PSA e toque retal.

Parte 1: Vamos conhecer os dados?
Qual a situação do câncer de próstata no Brasil?

Radar do câncer de próstata
André Santos, gerente de dados e RWE do Instituto Oncoguia

André apresentou dados do Radar do Câncer de Próstata que apontam o impacto da pandemia de coronavírus no diagnóstico e tratamento da doença. 

Segundo André, o levantamento foi realizado comparando dados de março a setembro de 2020 com dados da média do mesmo período nos últimos quatro anos, entre 2016 e 2019.

O Radar apontou que o número de pacientes com câncer de próstata iniciando tratamento sistêmico teve queda de 12,64% neste ano. O número de exames de PSA realizados em pacientes entre 40 e 49 anos caiu 37,1% e em homens acima dos 50 anos, a queda foi de 20,4%. A quantidade de biópsias realizada também foi 37,4% menor. 

O que preocupa é que em algum momento esses pacientes vão chegar e os diagnósticos vão acontecer, mas o risco é de que a doença já esteja mais avançada com menores chances de tratamentos curativos. 

Levantamento IVOC: câncer de próstata e seis desafios
Fernando Maluf, diretor do Serviço de Oncologia Clínica do Hospital BP Mirante; membro do Comitê Gestor do Hospital Israelita Albert Einstein, fundador do Instituto Vencer o Câncer e membro fundador do Grupo EVA.

Maluf apresentou um projeto de investigação realizado pelo IVOC para entender o cenário do câncer de próstata no Brasil.

Segundo o especialista, a mortalidade e a incidência da doença vêm aumentando no país e representa ⅓ do total de tumores em homens no Brasil. Para Maluf, isso demanda uma atenção especial em termos de políticas públicas de atenção ao câncer de próstata, pois existem diretrizes, mas que são pouco efetivas.

Para o especialista, a principal forma de promover saúde é cuidar de questões relacionadas à obesidade, alimentação e prática de atividade física, pois um dos fatores que pode estar contribuindo pro aumento de casos no Brasil é o aumento da taxa de obesidade masculina. 

Outra questão ressaltada por Maluf é a falta de alinhamento nas mensagens adotadas pelo Governo, ONG, sociedades médicas, entre outros, em termos de rastreamento. 

Por fim, o oncologista destacou que o projeto do IVOC aponta que os desafios são a baixa realização de biópsias, a diversidade de tratamentos, falta de recursos para oferecer o melhor tratamento e a demora entre diagnóstico e início do tratamento.

Parte 2: Tudo que o paciente precisa saber!

A cirurgia do câncer de próstata: o que o paciente precisa saber
Arnaldo Fazoli, urologista do ICESP (Instituto de Câncer do Estado de São Paulo)

Arnaldo destacou que a cirurgia é um dos principais tratamentos para o câncer de próstata, sendo o primeiro tratamento em cerca de 30% dos casos. 

Segundo o especialista, existem várias técnicas cirúrgicas que podem ser realizada e cirurgia robótica é uma realidade em grande parte do mundo, no Brasil e, inclusive em alguns hospitais do SUS.

Arnaldo explicou que a próstata é uma glândula localizada abaixo da bexiga, antes do pênis e que a uretra passa pelo meio da próstata. Por isso, o acesso a ela é muito difícil e a única forma de chegar até ela é através do reto. Assim, no toque retal o urologista busca por um nódulo e ao identificar algo suspeito pede o exame de PSA que, quando elevado, leva a uma biópsia também feita pelo reto com um ultrassom que retira fragmentos do órgão que são enviados para análise patológica. A biópsia sendo positiva, faz-se o estadiamento para saber a extensão da doença e determinar o melhor tratamento.

Em casos de doença localizada ou localmente avançada, as opções são vigilância ativa, cirurgia, radioterapia, crioterapia, hormonioterapia ou outras técnicas ainda em fases experimentais.

Na cirurgia, é feita a retirada completa da próstata porque o tumor tem uma característica multifocal, ou seja, o diagnóstico pode mostrar apenas um pontinho, mas a doença acomete toda a próstata. Em fase inicial, a cirurgia pode ser curativa em 90% dos casos. 

Arnaldo explicou ainda que incontinência urinária e impotência podem ser efeitos colaterais da cirurgia (mas também da radioterapia e até mesmo da hormonioterapia) porque o esfíncter, que controla a urina, e os feixes neurovasculares, que controlam a ereção, podem ser lesados pelo tratamento ou retirados quando também tiverem sido acometidos pelo tumor.

Compreendendo o câncer de próstata e os principais tratamentos sistêmicos
Ana Paula Cardoso, oncologista do Hospital Israelita Albert Einstein

Começou explicando o que é o Grau de Gleason, apontado no resultado anatomopatológico da biópsia, que determina o grau de diferenciação das células tumorais. Ou seja, como as células estão arquitetadas determinando se a doença é mais ou menos agressiva. Isso auxilia a identificar a chance de o tumor voltar independente da realização do tratamento. Quanto maior o Grau de Gleason, mais o risco de a doença voltar em até 5 anos. Outro dado importante do diagnóstico é a extensão da doença na próstata e fora da próstata. Tudo isso ajuda a determinar o melhor tratamento para cada paciente. 

Ana Paula falou sobre diferentes tipos de quimioterapia e sobre o bloqueio hormonal ou hormonioterapia. No caso da hormonio, 90% dos pacientes com câncer de próstata avançado respondem, sendo o principal tratamento pros casos avançados e primeira alternativa. E em 2015, descobriu-se que o bloqueio hormonal associado a quimioterapia, aumenta a sobrevida e a qualidade de vida dos homens com diagnósticos avançados. 

Já quase em 2020, foi aprovado nos Estados Unidos, mas ainda não no Brasil, o uso de terapia-alvo para câncer de próstata avançado para homens que já fizeram outros tratamentos anteriores e que apresentam uma mutação genética específica. 

Recentemente também, houve a aprovação de uma imunoterapia para tratar a doença. Algo menos frequente, mas que pode beneficiar pacientes com a doença mais avançada com marcações específicas.

Ana Paula reforçou que é sempre importante conversar com o médico sobre as possibilidades para cada caso, mas não desistir, pois estes tratamentos ajudam e muito na qualidade de vida dos pacientes. 

Radioterapia e câncer de próstata
Robson Ferrigno, médico especialista em radioterapia, coordenador dos serviços de radioterapia do Hospital BP e ex-Presidente da Sociedade Brasileira de Radioterapia

Robson destacou que o câncer de próstata é um dos mais frequentemente tratados com radioterapia e é uma opção curativa para tumores confinados na próstata. O tratamento costuma ser a opção para pacientes mais idosos, frágeis ou para aqueles sem condições ou que optam por não fazer a cirurgia. 

Ele explicou que a radioterapia é um tratamento que não interfere muito na rotina do paciente, não invasivo, ambulatorial, sem anestesia, indolor, sem efeitos durante as aplicações, que não causa incontinência, mas que pode causar impotência, complicações no reto e na bexiga e que é mais longo, sendo feito por cerca de dois meses. 

A radio é também uma opção curativa para estágios iniciais, mas o especialista destacou a importância de avaliar os objetivos do paciente e de juntos tomarem uma decisão pela melhor opção.

A importância da equipe multidisciplinar no gerenciamento de efeitos colaterais:

Enfermeira
Rita de Cássia, enfermeira estomaterapeuta no ICESP (Instituto do Câncer do Estado de São Paulo)

Segundo Rita, o enfermeiro é o profissional que orienta e auxilia o paciente a se preparar para a cirurgia, dando dicas que possam minimizar futuras complicações do tratamento, como a perda urinária, por exemplo, por meio de exercícios, dicas de alimentação, entre outras orientações. 

O enfermeiro é também quem auxilia o paciente e seu familiar no pós-operatório, orientando nos cuidados com a sonda vesical, e ensinando cuidados e exercícios para lidar com possíveis incontinências urinárias avaliando o tipo de incontinência, o momento em que há perda de urina, para assim traçar uma estratégia adequada para cada paciente melhorar a perda urinária, seja ela transitória ou duradoura. 

Assim, pode-se determinar dois tipos de tratamento: conservador, com uso de fraldas ou absorventes e reeducação vesical; ou ainda com realização de reabilitação do assoalho pélvico, biofeedback e eletroestimulação. Tudo isso possibilita ao paciente uma melhor qualidade de vida.

Fisioterapia
Verônica de Fátima Souza Lima, fisioterapeuta no ICESP (Instituto do Câncer do Estado de São Paulo

Verônica começou ressaltando a importância do acompanhamento multidisciplinar para pacientes com câncer: quanto mais especialistas atuando conjuntamente, maior o desenvolvimento e a qualidade de vida desse paciente.

Ela destacou que o papel do fisioterapeuta com pacientes de câncer de próstata é fazer uma prescrição personalizada de cuidados e atividades importantes na reabilitação da pessoa de acordo com suas necessidades e particularidades, compensando efeitos adversos da doença e do tratamento e avaliar os resultados e evolução do paciente. Ela ressaltou que é muito importante ter o foco na pessoa e não só no tipo de câncer do qual ela trata. 

Além disso, o fisioterapeuta também auxilia na orientação de contra-indicações com base nas particularidades dos pacientes, isto é, opinando em questões que podem afetar a segurança e tolerância do paciente a fim de garantir a cada um aquilo que melhor lhe convém.

Psicologia
Marcus Vinicius Netto, psicanalista, coordenador do Núcleo de Psicologia Hospitalar do CRP-SP e membro diretor da Sociedade Brasileira de Psicologia Hospitalar

Além de o próprio diagnóstico do câncer, todos os possíveis efeitos colaterais do tratamento geram sofrimento no paciente, em maior ou menor grau. Manejar esse sofrimento também é tão importante quanto manejar os demais efeitos. 

Segundo Marcus, efeitos colaterais podem denunciar possíveis precariedades do corpo, suspender os sentidos atribuídos à vida, mudanças de papéis sociais ou vir junto com o medo da morte. 

Apesar disso, não é incomum que as pessoas e até mesmo especialistas de outras áreas da saúde desvalorizem o sofrimento emocional. Mas cuidar do sofrimento é importante até mesmo para melhorar a relação do paciente com a equipe multiprofissional que o acompanha.

Para manejar o sofrimento do paciente, é importante que as equipes de saúde saibam diferenciar sintomas físicos, de psíquicos e emocionais e, a partir disso, direcionar os cuidados adequados para lidar com esse sofrimento.

Este conteúdo ajudou você?

Avaliação do Portal

1. O conteúdo que acaba de ler esclareceu suas dúvidas?
Péssimo O conteúdo ficou muito abaixo das minhas expectativas. Ruim Ainda fiquei com algumas dúvidas. Neutro Não fiquei satisfeito e nem insatisfeito. Bom O conteúdo esclareceu minhas dúvidas. Excelente O conteúdo superou todas as minhas expectativas.
2. De 1 a 5, qual a sua nota para o portal?
Péssimo O conteúdo ficou muito abaixo das minhas expectativas. Ruim Ainda fiquei com algumas dúvidas. Neutro Não fiquei satisfeito e nem insatisfeito. Bom O conteúdo esclareceu minhas dúvidas. Excelente O conteúdo superou todas as minhas expectativas.
3. Com a relação a nossa linguagem:
Péssimo O conteúdo ficou muito abaixo das minhas expectativas. Ruim Ainda fiquei com algumas dúvidas. Neutro Não fiquei satisfeito e nem insatisfeito. Bom O conteúdo esclareceu minhas dúvidas. Excelente O conteúdo superou todas as minhas expectativas.
4. Como você encontrou o nosso portal?
5. Ter o conteúdo da página com áudio ajudou você?
Esse site é protegido pelo reCAPTCHA e a política de privacidade e os termos de serviço do Google podem ser aplicados.
Multimídia

Acesse a galeria do TV Oncoguia e Biblioteca

Folhetos

Diferentes materiais educativos para download

Doações

Faça você também parte desta batalha

Cadastro

Mantenha-se conectado ao nosso trabalho