Oncoguia participa de AP sobre a saúde da mulher na PNPCC

A audiência pública foi realizada no dia 18 de março sobre o tema "Implementação da Política Nacional de Prevenção e Controle do Câncer - Realidade das Mulheres", e reuniu importantes especialistas e representantes de instituições dedicadas ao combate ao câncer, com o objetivo de discutir os avanços, desafios e soluções para melhorar a assistência às mulheres com câncer no Brasil.
Entre os convidados, estavam Aline Leal Gonçalves e Creder Lopes, da Coordenação-Geral da Política Nacional de Prevenção e Controle do Câncer (CGCAN/SAES), Angélica Nogueira, presidente da Sociedade Brasileira de Oncologia Clínica (SBOC), Alexandre Ben, coordenador de advocacy da FEMAMA, Helena Esteves, gerente de advocacy do Instituto Oncoguia, Herika Rodrigues, coordenadora de relações institucionais do Instituto Lado a Lado pela Vida, Joana Jeker, fundadora da Associação Recomeçar e a Dra. Maria Fernanda representante do Hospital de Amor.
Aline falou sobre um avanço significativo que é a ampliação do acesso a medicamentos de bloqueio anti-HER2 para pacientes de câncer de mama com metástases. Também mencionou a inclusão da ressonância magnética da mama, o que representa um avanço para o rastreamento, diagnóstico precoce e tratamento da doença.
Outro ponto importante apresentado por Aline foi a priorização da criação do Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas (PCDT) para o câncer de colo de útero, com foco em uniformizar o manejo da doença no Sistema Único de Saúde (SUS). A criação do PCDT visa melhorar o diagnóstico precoce, padronizar os exames e tratamentos, e garantir o acesso igualitário ao tratamento, especialmente para mulheres em áreas mais vulneráveis, como as regiões periféricas e rurais. A implementação desse protocolo é considerada uma estratégia fundamental para reduzir as desigualdades no acesso à saúde e melhorar as taxas de sobrevivência das mulheres afetadas pelo câncer de colo de útero.
A SBOC destacou a importância de aumentar a conscientização sobre o câncer do corpo do útero, ou câncer endometrial, que tem se tornado uma preocupação crescente, especialmente entre mulheres pós-menopáusicas. Ao contrário do câncer de colo de útero, que recebe maior atenção, o câncer endometrial é muitas vezes negligenciado, apesar de seus sinais, como sangramentos anormais e dor pélvica, exigirem atenção imediata. A conscientização é vista como uma ferramenta crucial para incentivar as mulheres a procurarem ajuda médica precocemente.
Angélica falou também sobre o Índice de Priorização da SBOC, que é uma ferramenta que avalia e identifica quais tecnologias em saúde são realmente custo-efetivas no tratamento de câncer. Considerando uma série de critérios, como a eficácia clínica, o impacto na sobrevida e a qualidade de vida dos pacientes, além dos custos envolvidos na implementação de novas tecnologias no sistema de saúde. Ao utilizar esse índice, é possível direcionar os recursos de maneira mais eficiente, priorizando terapias que tragam o maior benefício para os pacientes com o menor custo para o sistema, promovendo uma gestão mais sustentável e equitativa no tratamento oncológico.
A Femama destacou que a navegação de pacientes é um serviço essencial no enfrentamento do câncer, já que facilita o acesso das pacientes aos cuidados necessários, desde o diagnóstico até o pós-tratamento, além de fornecer suporte emocional e psicológico. O trabalho de navegadores de pacientes é fundamental para garantir que as pacientes não se sintam sobrecarregadas pelo sistema de saúde e possam seguir com seus tratamentos de maneira mais eficiente e com maior qualidade de vida.
Helena Esteves, gerente de Advocacy do Instituto Oncoguia, falou sobre o desafio do financiamento dessas políticas e programas de saúde. A falta de garantia de recursos suficientes para implementar esses tratamentos incorporados pode resultar na escassez de terapias essenciais, o que prejudica as mulheres que utilizam o SUS. A indefinição sobre o financiamento também pode gerar insegurança no planejamento e continuidade dos tratamentos, comprometendo a qualidade do atendimento e afetando diretamente as chances de sucesso na luta contra o câncer.
Médicos do Hospital de Amor ressaltaram a importância de garantir o financiamento necessário para garantir acesso aos medicamentos incorporados pela Conitec, como os inibidores de ciclina, medicamentos que são mais atuais e oferecem chance de cura e controle da doença para as pacientes.
O Instituto Lado a Lado Pela Vida falou sobre a importância de implementar as políticas públicas de forma eficaz, promovendo um acesso mais justo e igualitário à saúde para todas as mulheres no Brasil. Segundo Herika, a regulamentação e execução da Política Nacional de Prevenção e Controle do Câncer vai garantir o diagnóstico precoce, tratamento adequado e acompanhamento contínuo dos pacientes.
Por fim, a Associação Recomeçar falou sobre a importância da Lei dos 30 dias que dispõe que após a suspeita de câncer, o paciente tem o direito de obter um diagnóstico definitivo em até 30 dias. No entanto, um relatório do Tribunal de Contas da União (TCU) mostrou que no SUS, o tempo médio para um diagnóstico fechado de câncer de mama pode variar entre 100 a 180 dias. A discrepância entre a Lei dos 30 Dias e a realidade enfrentada pelos pacientes no SUS destaca a necessidade de melhorias no financiamento, na gestão e na estruturação do sistema de saúde, segundo Joana Jeker.
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