Oncoguia realiza 1º Fórum sobre desafios do melanoma no Brasil

Pela primeira vez, o Instituto Oncoguia reuniu em São Paulo, no dia 12 de dezembro, especialistas, pacientes, gestores da saúde, entre outros públicos para debater os principais desafios dos pacientes com melanoma.

A doença representa apenas 3% dos casos de câncer de pele, mas é a causa da maioria das mortes em decorrência da doença.

Luciana Holtz abriu o evento apontando as principais estatísticas do melanoma no Brasil e falou sobre as expectativas em relação ao fórum: conhecer melhor a realidade do melanoma no Brasil, ouvindo a opinião dos especialistas, conhecer iniciativas que têm feito a diferença e dar voz aos pacientes. 

  • Melanoma: Ontem, hoje e amanhã, com Rodrigo Munhoz, oncologista especialista em tumores cutâneos e sarcomas do Hospital Sírio Libanês e Instituto do Câncer do Estado de São Paulo

Rodrigo Munhoz deu um panorama geral sobre o melanoma no Brasil e no mundo desde a descoberta da doença até os dias de hoje, passando por questões como prevenção, diagnóstico e tratamento. O especialista destacou o crescimento do número de casos da doença em todo o mundo, provocado principalmente pela falta de prevenção, de equipes treinadas para o diagnóstico precoce da doença e da falta de acesso da população à dermatologistas. 

Mesa Redonda: Os desafios da prevenção do melanoma, com moderação de Theo Rupert, editor no Grupo Abril

O especialista destacou a dificuldade brasileira para o diagnóstico do melanoma devido à deficiência de dermatologistas em importantes regiões brasileiras. Grande parte dos especialistas estão concentrados no Sul e Sudeste do país. Além disso, o desconhecimento da população sobre a doença também foi um aspecto abordado pelo médico como importante fator para a prevenção e diagnóstico precoce do melanoma. Por fim, Elimar apresentou o projeto Juntos Contra o Melanoma, que tem o objetivo de capacitar profissionais de outras áreas, como cabeleireiros, tatuadores, podólogos, manicures e pedicures para identificarem melanomas e orientarem os clientes quando devem procurar um especialista. 

Soraia contou um pouco da experiência do Melanoma Brasil no trabalho de acolhimento a pacientes com a doença e de fornecer informação de qualidade sobre o melanoma, doença que ainda é muito subestimada pela população em geral e até mesmo por familiares e amigos dos pacientes. “As pessoas não têm noção da gravidade do melanoma. Precisamos compreender que não é apenas um ‘cancerzinho’ de menor importância”, destacou a palestrante. 

Ao final, Soraia Nakano e Elimar Elias Gomes tiraram dúvidas sobre questões importantes relacionadas à prevenção do melanoma, uso de protetor solar e outras formas de proteção importantes.

Mesa redonda: Estou com melanoma e agora?

O melanoma é um tipo de câncer grave, porém com boas chances de cura quando diagnosticado precocemente. Porém a falta de acesso de grande parte da população a profissionais capacitados para o diagnóstico e o desconhecimento dos sinais e de fatores de identificação da doença, fazem com que muitos casos sejam descobertos já avançados e, portanto, com menores chances de cura. Em sua palestra, Alberto Wainstein destacou a dificuldade encontrada principalmente por pacientes que dependem do SUS, que, em vez de passarem pelo tratamento padrão para o melanoma – que é a cirurgia – acabam tendo que passar por medidas paliativas devido ao estágio avançado dos diagnósticos. 

  • Tratamento sistêmico do paciente com melanoma, com Rodrigo Munhoz, oncologista especialista em tumores cutâneos e sarcomas do Hospital Sírio Libanês e Instituto do Câncer do Estado de São Paulo

Entender quão avançada a doença está é um dos primeiros passos para ajustar o melhor tratamento para cada paciente. Alguns cenários podem necessitar de tratamentos adicionais após a cirurgia, principalmente em pacientes metastáticos, e em alguns casos é preciso realizar um tratamento preventivo em pacientes sem melanoma visível. Além de destacar as questões consideradas nessa decisão, Rodrigo Munhoz abordou ainda questões como a demora no tempo de aprovação de algumas novidades terapêuticas no Brasil e as diferenças nos tratamentos para pacientes que dependem do SUS versus aqueles que têm acesso à saúde suplementar.

Marina Sahade apontou os principais efeitos colaterais que podem ocorrer em pacientes com melanoma em tratamento com imunoterapia e terapia-alvo. A oncologista destacou ainda a importância de pacientes e familiares estarem atentos a qualquer alteração de sintoma ou sinal que surjam após a administração dos medicamentos, para que sejam relatados aos profissionais de saúde a fim de que se possa ser feito o manejo adequado destas intercorrências. 

Na mesa de debates final entre os três profissionais, eles responderam perguntas do público e destacaram que as principais questões que merecem atenção são: conscientização da população sobre o melanoma, investimento e facilitação de acesso ao diagnóstico precoce da doença e trabalhos de conscientização para a prevenção do câncer de pele.

Durante esta mesa, foram apresentados os resultados da pesquisa realizada pelo cliqueSUS e pelo Oncoguia sobre a administração de quimioterapia para pacientes com melanoma metastático no SUS durante o período de 2015 a 2017. Uma das principais conclusões do estudo foi a de que, de 4.338 pacientes, apenas 0,71% receberam um tipo de tratamento adequado. Outros 97,93% receberam tratamentos pouco eficazes e 1,35% tratamentos ineficazes.

Após a apresentação dos dados, houve um debate com os convidados:

- Sandro Martins, Coordenador-Geral da Atenção Especializada do Ministério da Saúde, membro da Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias em Saúde (CONITEC).

- André Sasse, Presidente do Grupo Sonhe de Campinas, responsável pelos serviços de oncologia do Hospital Vera Cruz, Instituto do Radium.

- Hospital Santa Tereza e Alberto Wainstein, Cirurgião oncológico atuante na rede privada - Hospital Mater Dei, Hospital Vila da Serra e Hospital Vera Cruz - e na rede pública (SUS).  

Dentre os principais destaques do debate, que giraram em torno de questões importantes referentes ao funcionamento do SUS, os participantes comentaram sobre o que pode ser feito com os dados levantados pela pesquisa do Oncoguia; sobre a atualização de DDTs; obstáculos na incorporação de novidades terapêuticas e tecnológicas no SUS.

  • Vivendo com Melanoma, com Soraia Nakano, Diretora do Grupo de Apoio e Acolhimento à Pacientes do Melanoma Brasil e Carla Fernandes, assessora Jurídica do Melanoma Brasil

Pacientes de melanoma e voluntárias pela causa, Soraia e Carla contaram suas histórias desde a descoberta da doença até o momento presente, abordado questões como tratamentos adotados e dificuldades encontradas durante a jornada como pacientes oncológicas, como a judicialização para conseguir tratamento pelo SUS.

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