Pelo acesso ágil ao diagnóstico molecular para os pacientes de câncer de pulmão: posicionamento GBOT e Oncoguia

O Instituto Oncoguia e o Grupo Brasileiro de Oncologia Torácica (GBOT), em conjunto com organizações parceiras, iniciam um movimento para promover o debate sobre a importância do acesso ao diagnóstico molecular do câncer de pulmão no Brasil. O teste, que avalia o tumor a nível genético, é essencial para determinar tratamentos mais eficazes e transformar positivamente a realidade do câncer de pulmão no país.

Confira o posicionamento completo abaixo: 

Pelo acesso ágil ao diagnóstico molecular para os pacientes de câncer de pulmão 

São Paulo, agosto de 2023 - O câncer de pulmão é a principal causa de mortalidade por câncer no Brasil, demandando esforços contínuos para o avanço no diagnóstico e tratamento. Apenas em 2020, ocorreram 28.618 óbitos pela doença no país. A alta mortalidade deste tipo de câncer está relacionado a uma série de fatores, dentre eles a grande dificuldade de realizar diagnóstico precoce que ainda enfrentamos. No Brasil, 89% dos pacientes com câncer de pulmão iniciaram o tratamento em estágio avançado ou metastático (III e IV) nos últimos 3 anos, segundo dados do Radar do Câncer. 

Os desafios do diagnóstico passam não só por chegar no paciente o quanto antes, aumentando as suas chances de cura, mas também por possibilitar o tratamento mais adequado para cada caso. E isso só é possível a partir do momento em que entendemos o perfil de cada tipo de tumor e, com essa informação, conseguimos encaminhar o paciente para a terapia mais eficaz. 

Nesse cenário, o diagnóstico molecular é uma ferramenta essencial para a identificação de mutações genéticas específicas presentes nas células cancerígenas, permitindo um tratamento personalizado e mais eficaz para os pacientes. Com o diagnóstico molecular, médicos podem selecionar terapias direcionadas e inovadoras, aumentando as chances de sucesso e melhorando a qualidade de vida dos pacientes. Dados publicados em 2022 revelaram que as terapias personalizadas foram um dos principais fatores responsáveis pelo aumento da sobrevida dos pacientes com câncer de pulmão na última década. 

O diagnóstico molecular é especialmente relevante para pacientes com Câncer de Pulmão Não Pequenas Células, que representam 85% dos casos. Para esse tipo de tumor, especialmente os tumores do tipo histológico Adenocarcinoma, tanto na doença inicial, quanto na mais avançada, é recomendada uma análise do material genético tumoral, antes de iniciar o tratamento. De acordo com este resultado os medicamentos são selecionados.

Apesar dos benefícios, o acesso ao diagnóstico molecular ainda enfrenta desafios no Brasil, tanto na esfera pública quanto privada. Questões relacionadas à infraestrutura laboratorial, disponibilidade de recursos, financiamento e capacitação profissional são alguns dos obstáculos que precisam ser superados para democratizar o acesso a essa importante abordagem diagnóstica em todo o país. Há evidências de que menos da metade dos pacientes brasileiros com câncer de pulmão recebem o diagnóstico molecular adequado. 

Instituições de saúde, governos e organizações da sociedade civil devem unir esforços para promover a capacitação de profissionais de saúde, aprimoramento da infraestrutura e conscientização da sociedade, garantindo que cada vez mais pacientes possam se beneficiar do diagnóstico molecular no tratamento do câncer de pulmão. É preciso avançar para que todo paciente que possa ser beneficiado por uma terapia personalizada tenha a possibilidade de realizar teste molecular. Assim, acreditamos que é preciso trabalhar para que, num futuro próximo, todo paciente com câncer de pulmão não-pequenas células em estágio avançado tenha a oportunidade de fazer o teste de biomarcador para identificação de mutações, como ALK, EGFR (e suas variações), BRAF, HER2, MET exon 14 skipping, NTRK, KRAS, RET e ROS1 e proteínas como a PD-L1.

O Grupo Brasileiro de Oncologia Torácica e o Instituto Oncoguia, juntamente a organizações parceiras, estão comprometidos em enfrentar os desafios impostos para que isso se torne realidade. Durante o Agosto Branco, mês dedicado à conscientização sobre o Câncer de Pulmão, iniciamos um movimento para promover a disseminação do diagnóstico molecular amplo em câncer de pulmão no Brasil. É com o empenho coletivo que poderemos tornar o diagnóstico molecular uma realidade acessível a todos os pacientes, transformando positivamente o cenário do câncer de pulmão no país.

                                                                                             Dra Clarissa Baldotto 
                                                                                           Presidente do GBOT

                 

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