Política nacional para rastrear câncer de pulmão pode salvar vidas

Uma pesquisa apresentada no Congresso Brasileiro de Oncologia, realizado em novembro, no Rio, propôs a criação de um protocolo nacional para o rastreamento do câncer de pulmão, um dos tumores mais incidentes no país e a principal causa de mortes por câncer no mundo.

O estudo liderado pelo Gbot (Grupo Brasileiro de Oncologia Torácica), pela SBPT (Sociedade Brasileira de Pneumologia e Tisiologia) e pela SBCT (Sociedade Brasileira de Cirurgia Torácica) defendeu a sustentabilidade financeira do exame de rastreio, que salvaria vidas e otimizaria recursos. 

No Brasil, estima-se que mais de 32.000 novos casos de câncer de pulmão sejam diagnosticados anualmente, com aproximadamente 90% dos pacientes diagnosticados já em estágios avançados, o que limita significativamente as chances de cura. A taxa de sobrevivência média para esses casos é baixa, destacando a importância de estratégias que possibilitem diagnósticos precoces.

A pesquisa brasileira recomenda o rastreamento para pessoas com alto risco da doença, especialmente indivíduos de 50 a 80 anos que têm histórico de consumo intenso de cigarros e que ainda fumam ou pararam há menos de 15 anos. 

O método sugerido é a tomografia computadorizada de baixa dose realizada periodicamente. Trata-se de um exame simples, capaz de identificar pequenos nódulos pulmonares que, se confirmados como tumores malignos, podem ser tratados precocemente com altas taxas de sucesso.

Estudos internacionais indicam que a realização de tomografias anuais ou bienais em pacientes de risco reduz significativamente a mortalidade pela doença. Quando o câncer de pulmão é diagnosticado em estágios iniciais, o tratamento necessário é menos agressivo e mais acessível financeiramente. Isso representa não só um benefício direto para a saúde do paciente, mas também uma economia significativa para o sistema de saúde.

Hoje, muitos países já têm protocolos estabelecidos para o rastreamento do câncer de pulmão, semelhantes ao que é feito no Brasil com a mamografia para câncer de mama. No entanto, não temos um programa desse tipo para tumores pulmonares no SUS (Sistema Único de Saúde), nem diretrizes claras estabelecidas na rede privada.

Esse estudo confirma os dados de trabalhos internacionais robustos. Mas não podemos nos esquecer de medidas como as campanhas de prevenção ao uso do cigarro, de grande impacto na prevenção de câncer de pulmão e outros tipos de tumores e doenças crônicas.

A criação de um programa nacional de rastreamento pode transformar esse cenário, permitindo diagnósticos em tempo oportuno e reduzindo significativamente a mortalidade, além de oferecer aos pacientes a chance de tratamentos menos invasivos e mais eficazes.

Fonte: Poder 360

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