Questões Especiais para Câncer em Adolescentes
Os adolescentes com câncer e seus familiares enfrentam diversos desafios desde o diagnóstico, durante e após o tratamento:
Atrasos no diagnóstico
Conforme mencionado em seções anteriores os cânceres em adolescentes e adultos jovens são frequentemente diagnosticados mais tardiamente do que em outros grupos etários. Às vezes, isso pode prejudicar o tratamento, pois dependendo do tempo, a doença pode ter se disseminado para outros órgãos.
Problemas de tratamento
As pessoas nessa faixa etária às vezes podem ter receio de consultar oncologistas pediátricos ou oncologistas que tratam principalmente adultos mais velhos. Nem todos os médicos estão familiarizados com o tratamento do câncer nos adolescentes e adultos jovens, que muitas vezes podem ter características raras. A comunicação entre pacientes e seus médicos também pode ser um problema, já que muitos oncologistas se sentem mais confortáveis lidando com outras faixas etárias.
Independentemente de onde eles são tratados, os adolescentes e adultos jovens podem se sentir isolados e fora do lugar. A maioria dos pacientes em consultórios médicos ou hospitais de câncer são adultos mais velhos ou crianças, de modo que os adolescentes podem não encontrar jovens da sua faixa etária lidando com problemas similares aos seus. É importante que as pessoas se conectem com outras que entendam o que está acontecendo com elas e possam se relacionar com elas no mesmo nível. Hoje existem muitos grupos de apoio, tanto presencial como online, para adolescentes e jovens adultos com câncer que estão procurando se conectar com outras pessoas em situações semelhantes.
Questões sociais e emocionais
Alguns dos maiores desafios enfrentados pelos adolescentes com câncer é o fato de que essa fase é um momento de grande mudança em suas vidas. Na adolescência as pessoas geralmente estão estabelecendo suas próprias identidades e desenvolvendo sua independência social, emocional e financeira. E o diagnóstico de câncer pode provocar uma grande desordem em suas vidas.
Durante o tratamento, os pacientes e seus familiares tendem a se concentrarem nos aspectos diários para superar e vencer a doença. Mas uma série de preocupações emocionais podem surgir durante e após o tratamento. Alguns destes podem durar muito tempo, podendo incluir:
- Mudanças físicas, como perda de cabelo, ganho de peso, cicatrizes cirúrgicas, devido à doença e/ou seu tratamento.
- Preocupação com a recidiva ou o desenvolvimento de novos problemas de saúde.
- Ressentimento com a doença e o fato de ter que passar pelo tratamento.
- Tornar-se mais dependente dos pais no momento em que estava se tornando cada vez mais independente.
- Ter dúvidas sobre o que dizer aos outros ou ser tratado de forma diferente ou discriminado (pelos amigos, colegas de turma, colegas de trabalho, empregadores, entre outros).
- Ter dúvidas sobre relacionamentos (namoro, casamento, filhos).
Ninguém escolhe ter câncer, mas para muitos ex-pacientes, a experiência pode, eventualmente, ser positiva, permitindo uma definição mais clara das prioridades e ajudando a estabelecer valores pessoais sólidos. Outros podem ter mais dificuldade na recuperação e na adaptação à vida após o câncer.
É normal sentir-se um pouco ansioso ou ter outras reações emocionais após o tratamento, mas se sentir muito preocupado, deprimido ou com raiva pode afetar pontos importantes do desenvolvimento de um jovem. Embora o impacto psicológico da doença em crianças e adolescentes seja óbvio, os adultos também enfrentam muitos desses mesmos desafios. Portanto, devem ser incentivados a realizarem terapias ocupacionais e acompanhamento psicológico.
Texto originalmente publicado no site da American Cancer Society, em 16/10/2019, livremente traduzido e adaptado pela Equipe do Instituto Oncoguia.