Radioterapia para Câncer de Mama

O tratamento radioterápico utiliza radiações ionizantes para destruir ou inibir o crescimento das células anormais que formam um tumor. Nem todas as mulheres com câncer de mama têm indicação de radioterapia. A radioterapia pode ser realizada nas seguintes situações:

  • Após a cirurgia conservadora da mama, para diminuir a chance da recidiva na mama ou nos linfonodos próximos.
  • Após uma mastectomia, especialmente se o tumor tinha mais que 5 cm de diâmetro ou se atingia os linfonodos.
  • Se o tumor se encontra disseminado para outros órgãos, como ossos ou cérebro.

Os principais tipos de radioterapia que podem ser usados para tratar o câncer de mama são a radioterapia externa e a braquiterapia.

Radioterapia externa

A radioterapia externa ou convencional é o tipo mais comum para tratar o câncer de mama. Esse tratamento consiste em irradiar o órgão alvo com doses fracionadas. A paciente não sente nada durante a aplicação, que dura apenas alguns minutos por dia.

As áreas que devem ser irradiadas dependem do tipo de cirurgia realizada (mastectomia ou cirurgia conservadora da mama) e se os linfonodos estavam (ou não) comprometidos:

  • Se a paciente fez mastectomia e nenhum linfonodo estava comprometido, será irradiada a parede torácica e os locais de saída dos drenos.
  • Se a paciente fez a cirurgia conservadora da mama, será irradiada toda a mama para evitar uma recidiva nessa região.
  • Se foi diagnosticado câncer nos linfonodos axilares, essa área também é irradiada. Em alguns casos, a área tratada também pode incluir os linfonodos supraclaviculares e os linfonodos mamários internos.

A radioterapia é administrada 5 vezes por semana por algumas semanas. Mas recentemente novas modalidades vêm permitindo diminuir o número de dias de sessões (hipofracionamento) para administrar doses maiores por um período mais curto.

Radioterapia Hipofracionada. Nessa técnica a radioterapia é administrada em doses diárias maiores, em número menor de sessões menos tratamentos (geralmente por apenas 3 a 4 semanas). Em mulheres tratadas com cirurgia conservadora de mama e sem doença nos linfonodos axilares, esse esquema é tão promissor em evitar a recidiva quanto um tratamento por longos períodos de  tempo. O que também pode levar a menos efeitos colaterais a curto prazo.

Irradiação acelerada da mama

Existem tipos diferentes de irradiação parcial acelerada da mama:

  • Radioterapia intraoperatória. Nessa abordagem, uma dose alta única de radiação é administrada na área onde o tumor foi retirado, ainda na sala cirúrgica logo após a cirurgia conservadora da mama. Essa técnica requer equipamentos especiais e não está amplamente disponível.
  • Radioterapia conformacional 3D. Nessa técnica, a radioterapia é administrada com equipamentos especiais, direcionada para a área do tumor. Isso permite que mais mama saudável seja preservada. Os tratamentos são administrados duas vezes ao dia durante 5 dias.
  • Radioterapia de intensidade modulada (IMRT). É similar à técnica conformacional, mas permite a administração de altas doses de radiação no volume alvo, minimizando as doses nos tecidos normais adjacentes de forma muito eficaz.

Radioterapia da parede torácica

Se a paciente fez uma mastectomia e nenhum linfonodo estava comprometido, será administrada radioterapia em toda a parede torácica, na cicatriz da mastectomia e nas áreas do dreno cirúrgico. Geralmente, é administrada diariamente 5 dias por semana, durante algumas semanas.

Radioterapia linfonodal

Independentemente da paciente fazer uma cirurgia conservadora da mama ou uma mastectomia, se os linfonodos axilares estavam comprometidos será feita a radioterapia. Em alguns casos, os linfonodos supraclaviculares e os linfonodos mamários internos também serão irradiados. Geralmente, é administrada diariamente 5 dias por semana, durante algumas  semanas, simultaneamente ao tratamento da mama ou da parede torácica.

Possíveis efeitos colaterais da radioterapia externa

Os principais efeitos colaterais a curto prazo da radioterapia com feixe externo para câncer de mama são:

  • Inchaço e sensação de peso na mama.
  • Alterações na pele na área irradiada.
  • Fadiga.

As alterações da pele podem variar de vermelhidão leve a bolhas e descamação. A maioria das alterações na pele melhoram em alguns meses. Algumas alterações no tecido mamário geralmente desaparecem em 6 a 12 meses, mas podem eventualmente levar mais tempo.

A radioterapia com feixe externo também pode provocar efeitos colaterais tardios:

  • Algumas mulheres podem sentir que a radioterapia torna a mama menor e mais firme.
  • A radioterapia pode influenciar nas suas opções de reconstrução mamária. Também pode aumentar o risco de problemas com a aparência se for administrada após a reconstrução, principalmente se forem utilizados retalhos cutâneos.
  • As mulheres que fizeram radioterapia mamária podem ter problemas para amamentar mais tarde.
  • A radioterapia da mama pode danificar alguns nervos da região do braço. Isso é denominado plexopatia braquial, que pode provocar dor e fraqueza no ombro, braço e mão.
  • A radioterapia dos linfonodos axilares pode provocar linfedema.
  • Em casos raros, a radioterapia pode provocar enfraquecimento das costelas, o que pode levar a fraturas.
  • Antigamente, algumas partes dos pulmões e do coração eram mais propensas a receber alguma radiação, o que poderia levar a danos a longo prazo desses órgãos em algumas mulheres. Entretanto equipamentos modernos de radioterapia permitem um melhor direcionamento dos feixes de radiação, então esses problemas são raros hoje.
  • Uma complicação rara da radioterapia da mama é o desenvolvimento do angiossarcoma. Esses cânceres são raros e podem crescer e se disseminar rapidamente.

Braquiterapia

Braquiterapia ou radioterapia interna é outra forma de administrar a radioterapia. Essa técnica consiste na inserção do material radioativo dentro ou próximo ao órgão a ser tratado. Para isso são utilizados fontes radioativas específicas, pequenas e de diferentes formas por meio de guias denominadas cateteres ou sondas.

Existem diferentes tipos de braquiterapia:

  • Braquiterapia intracavitária. Esse é o tipo mais comum de braquiterapia para pacientes com câncer de mama. Existem vários tipos de dispositivos disponíveis, todos são inseridos na mama como um pequeno cateter. Para cada tratamento, uma ou mais fontes radioativas são colocadas no tubo e no dispositivo por um curto período de tempo. Os tratamentos geralmente são administrados duas vezes ao dia, durante 5 dias com a paciente em regime ambulatorial.
  • Braquiterapia intersticial. Nessa abordagem, vários cateteres com material radioativo são inseridos na mama em torno da área em que o tumor foi retirado e deixados por alguns dias para liberar a dose necessária para o tratamento. Esse método de braquiterapia não é mais usado.

Possíveis efeitos colaterais da braquiterapia

Assim como na radioterapia externa, a braquiterapia intracavitária pode apresentar efeitos colaterais, incluindo:

  • Vermelhidão.
  • Dor mamária.
  • Infecção.
  • Lesão de uma área de tecido adiposo na mama.
  • Fratura de costelas em casos raros.
  • Seroma (coleta de líquidos na mama).

Para saber mais, consulte nosso conteúdo sobre Radioterapia.

Para saber mais sobre alguns dos efeitos colaterais listados aqui e como gerenciá-los, consulte nosso conteúdo Efeitos Colaterais do Tratamento.

Texto originalmente publicado no site da American Cancer Society, em 18/09/2019, livremente traduzido e adaptado pela Equipe do Instituto Oncoguia.

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