[REPORTAGEM] Vacina do HPV: Dúvidas e esclarecimentos
A vacinação contra o Vírus do Papiloma Humano (HPV) de meninas entre 11 e 13 anos passou a integrar o calendário nacional de vacinação no início de março e embora a adesão venha sendo positiva em todo o país, segundo dados do Ministério da Saúde, a nova política de saúde ainda está causando dúvidas entre os pais.
A falta de informações claras sobre a vacina, o protocolo utilizado e os efeitos adversos são razões do desconforto entre muitos e, para outros, questões ideológicas estão entre as barreiras.
A vacina distribuída pelo Ministério da Saúde é a quadrivalente que é a que protege contra quatro tipos de HPV: o 6 e o 11, que causam a maioria das verrugas genitais e no trato respiratório e o 16 e o 18, que provocam 100% dos tumores do colo do útero, além daqueles do canal anal, da vulva, pênis, vagina e em menor número de cabeça e pescoço.
A jornalista Sandra Muraki tem uma filha em idade de imunização e mesmo antes da vacina ser incorporada, já havia decidido pela adesão da menina de 11 anos. "Quando soube do programa fiquei entusiasmada. Mas depois de ler uma matéria em importante veículo de comunicação, percebi que dúvidas minhas não foram esclarecidas e comecei a me informar mais na imprensa e em redes sociais.”.
Após pesquisar, ouvir opiniões a favor e contra, Sandra concluiu que o impacto epidemiológico da vacina não será grande, já que o tipo de vacina do Programa do Ministério da Saúde protege contra poucos tipos de vírus. Também, preocupou a mãe o fato de não haver pesquisas que indiquem com clareza quais são os efeitos adversos causados.
Pautada em critérios que considerou aceitáveis, críveis, ela tomou a decisão: "Vou aguardar mais”.
A coordenadora do Instituto do HPV e professora da Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo, Dra. Luísa Lina Villa, explica que apesar de existirem dois tipos de vacina, a adotada pelo Ministério da Saúde é a mais utilizada em todo o mundo. "Embora alguns países da Europa e da América Latina disponibilizem a bivalente, hoje, 70 programas nacionais de imunização utilizam a quadrivalente”.
A pesquisadora acrescenta que muitos dos países, tais como Austrália, Nova Zelândia, Austrália, Bélgica e Alemanha, já conseguiram demonstrar a redução das infecções pelos tipos de HPV cobertos pela vacina, assim como de verrugas genitais e as lesões precursoras do câncer.
"Mas nenhum estudo demonstrou redução de câncer, já que esta é uma doença que tem história natural longa. Precisaremos de 10 ou 15 anos para ver se isso acontece de fato.”, pondera.
Efeitos adversos
Sobre os efeitos adversos, a pesquisadora concorda que este aspecto deva ser observado. Explica que a vacina pode causar efeitos adversos, geralmente, no local de aplicação. "Ela pode provocar dor entre moderada a intensa na área da injeção, por algumas horas e, eventualmente, por alguns dias.”, explica. Calor, vermelhidão, coceira, febre e dor de cabeça de breve duração também podem acontecer.
"É importante destacar que, embora isso ainda esteja em estudo, até o momento nenhum outro evento adverso importante foi atribuído à vacina, mas sim a efeitos nervosos causados em decorrência da introdução da agulha no músculo. Todas as agências regulatórias junto com a Organização Mundial da Saúde consideram a vacina segura”, esclarece.
Eventos graves - Eventos adversos graves como doenças autoimunes, episódios tromboembólicos e morte já foram registrados em menos de 0,2% de casos. "São eventos muito raros, porém computados para serem analisados à exaustão, embora não tenham apontado correspondência direta com a vacina”.
A filha da produtora de eventos Marcella Ortiz foi vacinada há uma semana e não apresentou efeitos adversos imediatos ou posteriores. Ortiz conta que tão logo a vacina foi incorporada no Sistema Único de Saúde optou pela adesão da menina de 11 anos; mas afirma, no entanto, que não se sentiu suficientemente respaldada por informações oriundas do Ministério da Saúde, ou da escola da filha, à respeito da imunização.
"Tive a sorte de ser alertada sobre a vacina por duas pessoas em quem confio muito, pois não me senti respaldada por campanhas públicas, da escola ou informações de referência na imprensa”.
O impacto do novo
A psico-oncologista Regina Liberato opina:
"As negações à vacina acontecem por duas razões. Primeiro, a saúde brasileira é focada na medicalização e não na prevenção; segundo, tendemos sempre a ter medo e negar o que é novo (...) esses são comportamentos naturais do ser humano”.
Para ela, quanto mais espaços de discussão e de difusão de informações houver, mais prontas para tomadas de decisões as pessoas estarão.
Para Dra. Luísa, a expectativa de atingir a cobertura de, pelo menos, 80% da população alvo é elevada. "Existe um conceito já formado há pelo menos um século, no Brasil e em todo o mundo, de que vacinas controlam doenças infecciosas e, agora, crônicas. Isso estimula as pessoas à adesão.”, finaliza.
A falta de informações claras sobre a vacina, o protocolo utilizado e os efeitos adversos são razões do desconforto entre muitos e, para outros, questões ideológicas estão entre as barreiras.
A vacina distribuída pelo Ministério da Saúde é a quadrivalente que é a que protege contra quatro tipos de HPV: o 6 e o 11, que causam a maioria das verrugas genitais e no trato respiratório e o 16 e o 18, que provocam 100% dos tumores do colo do útero, além daqueles do canal anal, da vulva, pênis, vagina e em menor número de cabeça e pescoço.
A jornalista Sandra Muraki tem uma filha em idade de imunização e mesmo antes da vacina ser incorporada, já havia decidido pela adesão da menina de 11 anos. "Quando soube do programa fiquei entusiasmada. Mas depois de ler uma matéria em importante veículo de comunicação, percebi que dúvidas minhas não foram esclarecidas e comecei a me informar mais na imprensa e em redes sociais.”.
Após pesquisar, ouvir opiniões a favor e contra, Sandra concluiu que o impacto epidemiológico da vacina não será grande, já que o tipo de vacina do Programa do Ministério da Saúde protege contra poucos tipos de vírus. Também, preocupou a mãe o fato de não haver pesquisas que indiquem com clareza quais são os efeitos adversos causados.
Pautada em critérios que considerou aceitáveis, críveis, ela tomou a decisão: "Vou aguardar mais”.
A coordenadora do Instituto do HPV e professora da Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo, Dra. Luísa Lina Villa, explica que apesar de existirem dois tipos de vacina, a adotada pelo Ministério da Saúde é a mais utilizada em todo o mundo. "Embora alguns países da Europa e da América Latina disponibilizem a bivalente, hoje, 70 programas nacionais de imunização utilizam a quadrivalente”.
A pesquisadora acrescenta que muitos dos países, tais como Austrália, Nova Zelândia, Austrália, Bélgica e Alemanha, já conseguiram demonstrar a redução das infecções pelos tipos de HPV cobertos pela vacina, assim como de verrugas genitais e as lesões precursoras do câncer.
"Mas nenhum estudo demonstrou redução de câncer, já que esta é uma doença que tem história natural longa. Precisaremos de 10 ou 15 anos para ver se isso acontece de fato.”, pondera.
Efeitos adversos
Sobre os efeitos adversos, a pesquisadora concorda que este aspecto deva ser observado. Explica que a vacina pode causar efeitos adversos, geralmente, no local de aplicação. "Ela pode provocar dor entre moderada a intensa na área da injeção, por algumas horas e, eventualmente, por alguns dias.”, explica. Calor, vermelhidão, coceira, febre e dor de cabeça de breve duração também podem acontecer.
"É importante destacar que, embora isso ainda esteja em estudo, até o momento nenhum outro evento adverso importante foi atribuído à vacina, mas sim a efeitos nervosos causados em decorrência da introdução da agulha no músculo. Todas as agências regulatórias junto com a Organização Mundial da Saúde consideram a vacina segura”, esclarece.
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A filha da produtora de eventos Marcella Ortiz foi vacinada há uma semana e não apresentou efeitos adversos imediatos ou posteriores. Ortiz conta que tão logo a vacina foi incorporada no Sistema Único de Saúde optou pela adesão da menina de 11 anos; mas afirma, no entanto, que não se sentiu suficientemente respaldada por informações oriundas do Ministério da Saúde, ou da escola da filha, à respeito da imunização.
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