Enchentes RS: veja iniciativas de apoio aos pacientes com câncer

Um grupo de mais de 90 oncologistas do Rio Grande do Sul fazem parte de uma iniciativa que visa mitigar os impactos das enchentes no estado para os pacientes oncológicos e garantir a continuidade de exames, consultas e tratamentos. A iniciativa Oncologia na Enchente RS fornece orientação, acolhimento e assistência rápida e eficaz para que ninguém fique sem o suporte médico. 

Um dos criadores da iniciativa, o médico oncologista André Fay, professor da escola de medicina da PUCRS e coordenador da residência médica em oncologia do Hospital São Lucas, em Porto Alegre, participou de uma live no instagram do Oncoguia para divulgar o trabalho solidário. 

Desde o fim de abril, o Rio Grande do Sul enfrenta uma tragédia climática sem precedentes. Segundo o boletim da Defesa Civil do estado, as fortes chuvas, alagamentos e enchentes causaram, até o dia 14 de maio, 147 vítimas fatais, além de 127 desaparecidos e 806 feridos. O número de pessoas que precisaram deixar suas casas contabiliza mais de 619 mil. Quase 81 mil estão em abrigos e 538 mil estão desalojados, ficando em casas de amigos ou parentes.

Nesse contexto, as vítimas enfrentam uma série de desafios, desde a falta de água potável, falta de mantimentos, energia e dificuldades de deslocamento. Para os pacientes com câncer, a situação se agrava com a perda de medicamentos, incertezas com relação a continuidade do tratamento e o que fazer sobre exames e consultas marcadas.

Segundo Fay, as unidades de saúde enfrentam dificuldades extremas para seguirem funcionando, tanto na oncologia como em outras áreas. “No Hospital Santa Casa de Porto Alegre, por exemplo, mais de 300 colaboradores perderam tudo. Essas pessoas estão em abrigos, em casas de familiares, sem a menor condição de ir trabalhar. O hospital chegou a destinar uma área dentro da instituição para que alguns deles pudessem passar as noites porque não tem como voltar para casa”, relatou o médico durante a live do Oncoguia. 

Diante dessa situação, o grupo Oncologia na Enchente RS disponibiliza canais para que os pacientes busquem apoio e orientação para que a tragédia não seja ainda pior. 

Paciente com câncer no Rio Grande do Sul: o que fazer

De acordo com Fay, a principal orientação para pacientes oncológicos vítimas das enchentes no Sul no Brasil é buscar contato com a equipe médica do centro oncológico ou unidade de saúde responsável pelo tratamento, exame ou consulta agendada. 

“Orientamos que os pacientes primeiros tentem contato com suas instituições de origem e equipe médica responsável pelo acompanhamento. Todas estão mobilizadas para resolver o problema de seus pacientes, sem exceção”, afirmou o oncologista. “Entretanto, no momento cada instituição está agindo individualmente dentro do seus processos e possibilidades, buscando atender às situações específicas de cada paciente”.

Além de contatar os próprios hospitais oncológicos, o médico ressalta que os canais do grupo Oncologia na Enchente RS estão abertos para coletar informações de pacientes oncológicos em situações de desabrigo ou vulnerabilidade. Com base nas informações recebidas, o grupo repassa as demandas aos centros de tratamento de referência e demais órgãos competentes a fim de manter todos os cuidados necessários.

“Todos os esforços estão sendo para adaptar, resolver e se reinventar para que os tratamentos continuem e os pacientes recebam os cuidados necessários”.

Para entrar em contato com o grupo de oncologistas, o paciente pode preencher um formulário pelo site OncologiaEnchenteRS.com, enviar um e-mail para [email protected] ou chamar diretamente pelo WhatsApp no número (51) 980123785. 

Outras iniciativas

Além do grupo de oncologistas, instituições das sociedades médica e civil também se juntaram para apoiar os pacientes oncológicos durante esse momento de instabilidade. 

Confira onde buscar ajuda: 

FORÇA ONCO RS 
Iniciativa do Instituto Camaleão e do Instituto de Governança e Controle do Câncer (IGCC), aliado ao Movimento Todos Juntos Contra o Câncer e à Associação Brasileira de Linfoma e Leucemia (Abrale). Por meio de um formulário online, a iniciativa ajuda a conectar as pessoas com câncer aos hospitais de tratamento. Você pode acessar o formulário aqui.

ABRIGO PARA PACIENTES ONCOLÓGICOS
O Força Onco RS abriu, no dia 14 de maio, um local destinado aos pacientes oncológicos que foram impactados pelas enchentes no Rio Grande do Sul, sendo exclusivo para abrigar e atender as demandas e necessidades de pessoas em tratamento de câncer. O abrigo está localizado na Igreja São Jorge - Acesso pela Av. Salvador França, 120 - Partenon, Porto Alegre (ao lado da Delegacia). 

• Importante ressaltar que este não é um abrigo portas abertas. Os pacientes que estão desabrigados e queiram ser acolhidos precisam responder a um formulário (disponível aqui). Por meio das respostas, a equipe de voluntários fará a triagem dos casos e entrará em contato.

INSTITUTO DO CÂNCER INFANTIL
Entidade filantrópica, sem fins lucrativos, que atualmente atende mais de 500 crianças de 153 municípios do Rio Grande do Sul. Até agora, a equipe de voluntários já contatou 278 famílias para levantar a necessidade de cada uma a fim de que nenhum tratamento seja interrompido. A sede da instituição oferece abrigo durante o dia com espaço para banho e alimentação dos pacientes e familiares. Para solicitação de alimentação, roupas ou medicamentos, entre em contato diretamente pelo Whatsapp (51) 995420233. Saiba mais aqui.

DOAÇÃO DE MEDICAMENTOS
A Colabore com o Futuro, iniciativa que trabalha para o aumento da participação popular nas tomadas de decisões na saúde pública, em parceria com ONGs e com o Departamento de Assistência Farmacêutica (Deaf) da Secretaria da Saúde (SES) do Rio Grande do Sul está organizando o fluxo de medicamentos doados para as farmácias públicas dos municípios. As doações podem ser feitas por organizações não governamentais (ONGs), laboratórios farmacêuticos, distribuidoras de medicamentos e municípios. Não são aceitas, neste momento, doações de pessoas físicas. Saiba mais. 

Conteúdo produzido pela equipe do Instituto Oncoguia