Terapia-alvo para câncer de estômago
Terapia-alvo é um tipo de tratamento contra o câncer que usa drogas ou outras substâncias para identificar e atacar as células cancerígenas de forma mais exclusiva, causando poucos danos às células normais. Cada tipo de terapia-alvo funciona de uma maneira diferente, mas todas alteram a forma como uma célula cancerígena cresce, se divide, se auto repara, ou como interage com outras células.
A terapia-alvo age de forma diferente dos quimioterápicos e, por ser menos suscetível de afetar as células normais, seus efeitos colaterais não são tão intensos quanto os tratamentos convencionais.
Medicamentos que têm como alvo o HER2
Alguns pacientes com câncer de estômago têm uma proteína de promoção do crescimento chamada HER2 na superfície das células cancerígenas. Os tumores com níveis aumentados de HER2 são denominados HER2 positivos. Por essa razão, os medicamentos que têm como alvo a proteína HER2 são úteis no tratamento desses cânceres.
Trastuzumabe
O trastuzumabe é um anticorpo monoclonal, uma versão artificial de uma proteína muito específica do sistema imunológico, que tem como alvo a proteína HER2. Em pacientes com tumores HER2-positivo, a administração de trastuzumabe associado à quimioterapia pode aumentar a sobrevida em casos de doença avançada.
Este medicamento só age se as células cancerígenas forem HER2-positivas, por essa razão as amostras do tumor devem ser analisadas para sua presença antes de iniciar o tratamento.
O trastuzumabe é administrado por via intravenosa a cada duas ou três semanas junto com a quimioterapia.
Os efeitos colaterais do trastuzumabe podem incluir febre, calafrios, fraqueza, náuseas, vômitos, tosse, diarreia e dor de cabeça. Esses efeitos ocorrem com menos frequência após a primeira dose. Este medicamento raramente provoca problemas cardíacos. O risco de uma lesão cardíaca é aumentado se o trastuzumabe é administrado com determinados medicamentos quimioterápicos denominados antraciclinas, como a epirrubicina.
Fam-trastuzumabe deruxtecano
O Fam-trastuzumabe deruxtecano é um conjugado anticorpo-droga, que é um anticorpo monoclonal ligado a um medicamento quimioterápico. Neste caso, o anticorpo anti-HER2 atua como um sinal de homing ao se ligar à proteína HER2 nas células cancerígenas, levando a quimioterapia diretamente a elas.
Esse conjugado anticorpo-droga pode ser administrado isoladamente no tratamento do câncer de estômago HER2-positivo avançado, normalmente após o tratamento com trastuzumabe ter sido tentado.
Esse medicamento é administrado por infusão venosa uma vez a cada três semanas.
O fam-trastuzumab deruxtecano pode provocar diminuição das taxas sanguíneas, o que pode aumentar o risco de infecções e sangramentos. Outros efeitos colaterais frequentes deste medicamento podem incluir náuseas e vômitos, diarreia ou constipação, perda de apetite, febre, sensação de cansaço e perda de cabelo.
Este medicamento pode provocar doenças pulmonares importantes. Por essa razão, informe seu médico, imediatamente, se apresentar sintomas como tosse, chiado, dificuldade para respirar ou febre.
Esse medicamento também pode provocar problemas cardíacos. Por essa razão, antes de iniciar o tratamento o médico deve testar a função cardíaca do paciente com ecocardiograma ou varredura MUGA.
Medicamentos que têm como alvo o fator de crescimento endotelial vascular (VEGF)
Ramucirumabe
Para que os cânceres cresçam e se disseminem, precisam criar novos vasos sanguíneos para que os tumores obtenham nutrientes através do sangue. Uma das proteínas que indica ao corpo para produzir mais vasos sanguíneos é a VEGF. O ramucirumabe é um anticorpo monoclonal que se liga a um receptor VEGF, impedindo a formação de mais vasos sanguíneos. Isso pode ajudar a retardar ou bloquear o crescimento e a disseminação da doença.
O ramucirumabe é usado no tratamento do câncer de estômago avançado após outro medicamento parar de responder.
O ramucirumabe é administrado por via intravenosa, a cada duas semanas. Pode ser administrado isoladamente ou junto com a quimioterapia.
Os efeitos colaterais mais frequentes do ramucirumabe são aumento da pressão arterial, dor de cabeça e diarreia. Os efeitos colaterais raros, mas importantes incluem formação de coágulos sanguíneos, hemorragias, perfuração gástrica ou intestinal e problemas de cicatrização.
Inibidores de quinase da tropomiosina ou tirosina (TRK)
Uma pequena porcentagem de tumores de estômago têm alterações em um dos genes NTRK, o que faz com que eles produzam proteínas TRK anormais, levando ao crescimento celular anormal e ao desenvolvimento do câncer.
O larotrectinibe e o entrectinibe são medicamentos que têm como alvo as proteínas TRK e são usados no tratamento de tumores avançados com alterações no gene NTRK que continuam crescendo apesar de outros tratamentos.
Esses medicamentos são administrado por via oral, uma ou duas vezes ao dia.
Os efeitos colaterais frequentes desses medicamentos podem incluir tontura, fadiga, náuseas, vômitos, constipação, ganho de peso e diarreia. Efeitos colaterais menos frequentes, mas importantes, podem incluir resultado de exames hepáticos anormais, problemas cardíacos e confusão.
Outras terapias-alvo
Outras terapias-alvo estão sendo estudados contra o câncer de estômago. Algumas delas têm como alvo a proteína HER2, enquanto outras têm alvos diferentes.
Para saber mais, consulte nosso conteúdo sobre Terapia-alvo.
Para saber se o medicamento que você está usando está aprovado pela ANVISA acesse nosso conteúdo sobre Medicamentos ANVISA.
Para saber mais sobre alguns dos efeitos colaterais listados aqui e como gerenciá-los, consulte nosso conteúdo Efeitos Colaterais do Tratamento.
Texto originalmente publicado no site da American Cancer Society, em 22/01/2021, livremente traduzido e adaptado pela Equipe do Instituto Oncoguia.