Terapia-alvo para leucemia mieloide aguda (LMA)

Terapia-alvo é um tipo de tratamento contra o câncer que age em partes específicas das células cancerígenas, de forma diferente dos quimioterápicos convencionais. Às vezes, ela age quando a quimioterapia não responde, e muitas vezes apresenta efeitos colaterais diferentes. As terapias alvo são eficazes mesmo quando usadas isoladamente no tratamento da leucemia mieloide aguda, e quando administradas junto com a quimioterapia potencializam a resposta do tratamento. Alguns desses medicamentos podem ser úteis em determinados casos de leucemia mieloide aguda.
 
Inibidores de FLT3
 
Em alguns pacientes com leucemia mieloide aguda, as células leucêmicas têm uma mutação no gene FLT3. Esse gene ajuda as células a produzirem a proteína FLT3 que ajuda as células a crescerem. Os medicamentos que têm como alvo a proteína FLT3 são usados no tratamento de algumas dessas leucemias.
 
Midostaurin. É um medicamento que bloqueia a FLT3 e várias outras proteínas nas células cancerígenas que ajudam as células a crescerem. Esse medicamento é usado junto com determinados quimioterápicos no tratamento de adultos recém-diagnosticados cujas células leucêmicas têm a mutação do gene FLT3.
 
O midostaurin é administrado por via oral, duas vezes ao dia.
 
Os efeitos colaterais frequentes podem incluir diminuição dos glóbulos brancos, febre, náuseas, vômitos, feridas na boca, dor de cabeça, dores musculares ou ósseas, hemorragias nasais, níveis elevados de glicose e infecções respiratórias. Com menos frequência, esse medicamento pode provocar problemas pulmonares, que podem se manifestar como tosse, dor no peito ou falta de ar. Informe seu médico, imediatamente, se apresentar qualquer um desses sintomas.
 
Gilteritinibe. É um medicamento que bloqueia a FLT3 e outras proteínas nas células cancerígenas que ajudam as células a crescerem. Esse medicamento é usado no tratamento de adultos cujas células leucêmicas têm uma mutação no gene FLT3 e cuja doença não mostrou resultados com tratamentos anteriores ou recidivou.
 
O gilteritinibe é administrado por via oral, uma vez ao dia.
 
Os efeitos colaterais frequentes podem incluir febre, falta de ar, diarreia, inchaço, vermelhidão, feridas na boca, dores musculares ou ósseas, fadiga, exames anormais do fígado e pneumonia. Com menos frequência, esse medicamento pode provocar problemas cardíacos ou problemas neurológicos. Informe seu médico, imediatamente, se apresentar qualquer um desses sintomas.
 
Inibidores da IDH
 
Em alguns pacientes com leucemia mieloide aguda, as células leucêmicas têm uma mutação no gene IDH1 ou IDH2, que ajudam as células a produzirem as proteínas denominadas IDH1 e IDH2. As mutações que ocorrem em um desses genes podem impedir que as células amadureçam.
 
Os inibidores IDH bloqueiam as proteínas IDH, diferenciando as células leucêmicas das células normais. Esses medicamentos ajudam as células leucêmicas a diferenciar das células normais. Por isso, são às vezes citados como agentes de diferenciação.
 
Esses medicamentos podem ser usados no tratamento da leucemia mieloide aguda com uma mutação IDH1 ou IDH2. As células leucêmicas do paciente devem ser testadas para verificar se têm uma dessas duas mutações.

  • Ivosidenibe. É um inibidor da IDH1. Pode ser usado para tratar a leucemia mieloide aguda com uma mutação IDH1, como primeiro tratamento em pessoas mais velhas ou não sem condições clínicas para tolerar a quimioterapia, ou em pacientes que não estão mais respondendo a outros tratamentos.
  • Enasidenibe. É um inibidor da IDH2. Pode ser usado para tratar a leucemia mieloide aguda com uma mutação IDH2, como primeiro tratamento em pessoas mais velhas ou sem condições clínicas para tolerar a quimioterapia, ou para tratar a recidiva a doença, ou ainda em pacientes que não estão mais respondendo a outros tratamentos.

Esses medicamentos são administrados por via oral, uma vez ao dia.
 
Os efeitos colaterais frequentes podem incluir náuseas, vômitos, diarreia, fadiga, dor nas articulações, falta de ar, aumento dos níveis da bilirrubina e perda de apetite. Um possível efeito colateral desses medicamentos é a síndrome de diferenciação, que ocorre quando as células leucêmicas liberam certas substâncias químicas no sangue. Os sintomas podem incluir febre, problemas respiratórios, diminuição da pressão sanguínea, problemas hepáticos ou renais e acúmulo de líquido em outras partes do corpo. Muitas vezes esses sintomas podem ser tratados interrompendo-se o tratamento e administrando um esteroide, como a dexametasona.
 
Gemtuzumabe ozogamicina
 
Essa terapia-alvo consiste em um anticorpo monoclonal associada a um medicamento quimioterápico. O anticorpo se liga à proteína CD33, que é encontrada na maioria das células da leucemia mieloide aguda. O anticorpo age como um sinal de direção, levando o medicamento quimioterápico para às células leucêmicas, destruindo-as quando elas tentam se dividir em novas células.
 
Esse medicamento pode ser usado junto com a quimioterapia como parte do tratamento inicial. Também pode ser usado isoladamente, como primeiro tratamento ou se outros tratamentos não estiverem mais respondendo. É administrado por infusão intravenosa.
 
Os efeitos colaterais mais frequentes são febre, náusea e vômito, diminuição das taxas sanguíneas, inchaço e feridas na boca, constipação, erupções cutâneas e dores de cabeça. Efeitos colaterais menos frequentes, porém importantes, podem incluir problemas hepáticos, reações durante a infusão (similar a reação alérgica), infecções graves, principalmente em pacientes que já fizeram transplante de células-tronco, e alterações no ritmo cardíaco.
 
Inibidor da BCL-2
 
Venetoclax. É um medicamento que tem como alvo a BCL-2, uma proteína que ajuda as células a viverem mais. Esse medicamento pode ser usado com quimioterapia em pacientes recém-diagnosticados, com 75 anos ou mais ou sem condições clínicas para tolerar a quimioterapia. É administrado por via oral, uma vez ao dia. Os efeitos colaterais podem incluir neutropenia, anemia, diarreia, náusea, sangramento, trombocitopenia e fadiga. Efeitos colaterais menos frequentes podem incluir pneumonia e outras infecções graves.
 
Síndrome de lise tumoral. É outro possível efeito colateral desse medicamento. Esse efeito é mais frequente em pacientes que têm um grande número de células leucêmicas no organismo, por isso é visto com mais frequência no início do tratamento. Quando a quimioterapia destrói as células leucêmicas, elas se abrem e liberam seu conteúdo na corrente sanguínea, o que pode sobrecarregar os rins, que não conseguem se livrar de todas essas substâncias. Quantidades excessivas de determinados minerais podem afetar o coração e o sistema nervoso. Para evitar que isso aconteça, o tratamento é iniciado com doses baixas, aumentando lentamente com o longo do tempo. Muitas vezes pode ser administrado medicamentos para diminuir a taxa dos glóbulos brancos até um determinado nível antes de iniciar o tratamento.
 
Inibidor da via Hedgehog
 
As células leucêmicas podem ter mutações em genes que fazem parte da via hedgehog, que é determinante para o desenvolvimento do embrião e do feto e é importante em algumas células adultas, mas pode ser hiperativa em células leucêmicas.
 
O glasdegibe é um medicamento que tem como alvo uma proteína nessa via. Ele pode ser usado com quimioterapia em pacientes, com 75 anos ou mais, com leucemia mieloide aguda recém-diagnosticada, ou sem condições clínicas para fazer a quimioterapia.
 
Esse medicamento é administrado por via oral, uma vez ao dia.
 
Os efeitos colaterais desse medicamento podem incluir dores musculares e ósseas, fadiga, neutropenia, anemia, sangramento, náusea, trombocitopenia e vermelhidão ou feridas na boca.
 
Como a via hedgehog afeta o desenvolvimento fetal, esses medicamentos não devem ser administrado em mulheres grávidas ou que possam engravidar.
 
Para saber se o medicamento que você está usando está aprovado pela ANVISA acesse nosso conteúdo sobre Medicamentos ANVISA.
 
Para saber mais sobre alguns dos efeitos colaterais listados aqui e como gerenciá-los, consulte nosso conteúdo Efeitos Colaterais do Tratamento.
 
Texto originalmente publicado no site da American Cancer Society, em 30/05/2019, livremente traduzido e adaptado pela Equipe do Instituto Oncoguia.

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