Terapia-alvo para tumores cerebrais em crianças
A medida que os pesquisadores aprendem mais sobre as mudanças nas células que causam o câncer, eles têm sido capazes de desenvolver novos tipos de drogas que visam atacar receptores específicos nas células. A terapia-alvo consiste justamente nesse tratamento, que ataca especificamente essas moléculas, que sabidamente estão envolvidas no crescimento e disseminação das células cancerígenas.
Esses medicamentos ainda não desempenham um papel importante no tratamento de tumores cerebrais ou da medula espinhal, mas alguns deles podem ser úteis para determinados tipos de tumores.
- Dabrafenibe e trametinibe
Em gliomas de baixo grau, as células tumorais têm alteração no gene BRAF, conhecida como mutação V600E, que faz com que produzam proteínas que ajudam as células a crescer.
O dabrafenibe e o trametinibe são terapias-alvo que afetam algumas dessas proteínas. O dabrafenibe tem como alvo a proteína BRAF, enquanto o trametinibe afeta a proteína MEK. Uma combinação desses medicamentos pode ser uma opção para crianças com pelo menos um ano de idade com glioma de baixo grau com uma mutação BRAF V600E que necessite de tratamento diferente de cirurgia ou radioterapia.
Esses medicamentos são, geralmente, administrados diariamente, em comprimidos ou em forma líquida.
Os efeitos colaterais frequentes podem incluir alterações na pele, erupção cutânea, coceira, sensibilidade ao sol, dor de cabeça, febre, calafrios, dor nas articulações ou músculos, fadiga, tosse, perda de cabelo, náusea, diarreia e aumento da pressão arterial. Efeitos colaterais menos frequentes, mas importantes, podem incluir hemorragia, problemas no ritmo cardíaco, problemas hepáticos ou renais, problemas pulmonares, reações alérgicas, problemas na pele ou olhos e aumento da glicose.
Alguns pacientes tratados com esses medicamentos desenvolvem câncer de pele, especialmente câncer de pele de células escamosas. Por essa razão, o médico deverá examinar a pele da criança com frequência durante o tratamento. Você também deve informar o médico, imediatamente, se notar novos crescimentos ou áreas anormais na pele do seu filho.
- Everolimus
Para astrocitomas de células gigantes subependimárias (SEGAs) que não podem ser completamente removidos cirurgicamente, o everolimus pode reduzir o tamanho do tumor ou retardar seu crescimento por algum tempo. Esse medicamento boqueia a proteína mTOR, que normalmente promove o crescimento e divisão celular.
O everolimus é administrado por via oral, uma vez por dia.
Os efeitos colaterais frequentes incluem feridas na boca, aumento do risco de infecções, náuseas, perda de apetite, diarreia, erupções cutâneas, sensação de cansaço, inchaço (edema) nos membros inferiores, aumento dos níveis glicêmicos (açúcar) no sangue e dos níveis de colesterol. Um efeito colateral menos frequente é a lesão pulmonar, que pode provocar falta de ar ou outros problemas.
Muitas outras terapias-alvo estão em desenvolvimento e sendo avaliadas em estudos clínicos.
Para saber mais, consulte nosso conteúdo sobre Terapia-alvo.
Para saber se o medicamento que você está usando está aprovado pela ANVISA acesse nosso conteúdo sobre Medicamentos ANVISA.
Para saber mais sobre alguns dos efeitos colaterais listados aqui e como gerenciá-los, consulte nosso conteúdo Efeitos Colaterais do Tratamento.
Texto originalmente publicado no site da American Cancer Society, em 17/03/2023, livremente traduzido e adaptado pela Equipe do Instituto Oncoguia.