Tratamento por estágio do linfoma não Hodgkin em crianças
Em geral, todas as crianças e adolescentes com linfoma não Hodgkin são tratados com quimioterapia, às vezes, junto com outros medicamentos, mas os tratamentos diferem dependendo do tipo e estadiamento da doença.
Os linfomas em crianças e adolescentes, especialmente os linfomas de Burkitt, tendem a se desenvolverem muito rapidamente e podem já estarem avançados no momento do diagnóstico, por isso, é importante iniciar o tratamento o mais rápido possível.
Esses linfomas geralmente respondem bem à quimioterapia, que pode destruir uma grande porcentagem das células do linfoma em curto período de tempo. A preocupação é que isso possa provocar a síndrome de lise tumoral, um efeito colateral em que o conteúdo interno das células mortas entrem na corrente sanguínea e provoquem problemas nos rins e outros órgãos. Para evitar isso, os médicos prescrevem para a criança durante o tratamento líquidos em abundância e determinados medicamentos para ajudar o corpo a eliminar essas substâncias.
Presume-se que as crianças com linfoma em estágio inicial (I ou II) tenham a doença mais disseminada do que pode ser diagnosticada pelos exames de laboratório ou de imagem. Em função disso, apenas os tratamentos locais, como cirurgia ou radioterapia são improváveis de curar a doença. Portanto, a quimioterapia é uma parte importante do tratamento para todas as crianças.
Tratamento do linfoma linfoblástico
Estágios I e II. Em geral, o tratamento desses linfomas iniciais é similar ao tratamento da leucemia linfoide aguda (LLA). A quimioterapia é administrada em três fases (indução, consolidação e manutenção) usando vários medicamentos. Por exemplo, o esquema BFM utiliza combinações de medicamentos diferentes nos primeiros meses, seguido por tratamento menos intenso com metotrexato e 6-mercaptopurina via oral durante cerca de dois anos. Também são utilizados tratamentos mais curtos e menos intensivos, como as combinações de quimioterápicos CHOP (ciclofosfamida, doxorrubicina, vincristina e prednisona) e COMP (ciclofosfamida, vincristina, metotrexato e prednisona).
A quimioterapia, geralmente, com metotrexato, também é administrada no líquido cefalorraquidiano (quimioterapia intratecal) por pelo menos quatro doses, semanalmente. Isso ajuda a destruir as células do linfoma no cérebro ou medula espinhal.
O tempo total do tratamento pode ser de até dois anos.
Estágios III e IV. O tratamento para crianças com linfoma linfoblástico avançado é de cerca de dois anos. O tratamento é tipicamente mais intensivo do que para linfomas em estágio inicial. É administrado em três fases de quimioterapia (indução, consolidação e manutenção) utilizando vários medicamentos, similar ao tratamento da leucemia linfoblástica aguda de alto risco (LLA).
A quimioterapia intratecal também é administrada para destruir as células do linfoma que possam ter atingido o cérebro ou a medula espinhal. Em alguns casos, a radioterapia também pode ser administrada no cérebro e na medula espinhal.
Tratamento do linfoma de Burkitt e linfoma difuso de grandes células B
A quimioterapia é a principal forma de tratamento para esses linfomas junto com o anticorpo monoclonal rituximabe (quimioimunoterapia).
Estágios I e II. Embora a quimioterapia, geralmente, junto com o rituximabe, seja o principal tratamento desses linfomas, a cirurgia pode ser realizada antes do tratamento quimioterápico se o tumor estiver localizado em apenas uma região, como um grande tumor abdominal.
Vários medicamentos quimioterápicos são utilizados. O tempo de tratamento pode variar de nove semanas a seis meses. A maioria dos oncologistas pediátricos considera o tempo de tratamento de nove semanas adequado se todo o tumor for removido cirurgicamente.
A quimioterapia intratecal é necessária apenas se o linfoma estiver se desenvolvendo ao redor da cabeça e pescoço.
Estágios III e IV. As crianças com linfomas avançados precisam ser tratados com rituximabe associado a uma quimioterapia mais intensiva. Como esses linfomas tendem a se desenvolverem rapidamente, os ciclos de quimioterapia são curtos, com pouco descanso entre os ciclos de tratamento.
Por exemplo, um esquema de tratamento conhecido como protocolo francês LMB alterna entre diferentes combinações de medicamentos a cada três a quatro semanas num total de seis a oito meses. Outros esquemas de tratamento similares são o protocolo alemão BFM e o esquema St. Jude total B.
A quimioterapia também deve ser administrada no líquido cefalorraquidiano.
Tratamento do linfoma anaplásico de células grandes
A quimioterapia é a principal forma de tratamento para esses linfomas. Estão em andamento estudos para determinar se a adição de outros medicamentos à quimioterapia, como crizotinibe ou brentuximabe vedotina pode tornar o tratamento mais eficaz.
Estágios I e II. O tratamento para esses linfomas geralmente consiste em quimioterapia com quatro ou mais medicamentos administrados por cerca de três a seis meses. O esquema quimioterápico habitual contém uma combinação de quatro medicamentos: ciclofosfamida, vincristina, prednisona e doxorrubicina ou metotrexato. Estes são conhecidos como os esquemas CHOP ou COMP.
A quimioterapia é administrada no líquido espinhal apenas se o linfoma estiver próximo da cabeça ou pescoço.
Estágios III e IV. Os linfomas de células grandes não atingem frequentemente a medula óssea ou o líquido espinhal, mas se isso acontecer precisará de um tratamento mais intenso. A quimioterapia inclui vários medicamentos administrados durante nove a 12 meses.
A quimioterapia intratecal também é administrada.
Tratamento da recidiva
Quando possível, é recomendada uma quimioterapia mais intensiva, geralmente incluindo o transplante de medula óssea. Isso, geralmente, é realizado em estudos clínicos. Uma opção é considerar a participação de um estudo clínico com novos tratamentos.
Para alguns tipos de linfoma em crianças, outros tipos de tratamento podem ser uma opção. Por exemplo, se a terapia não estiver mais respondendo ou recidivar após o tratamento, medicamentos como brentuximabe vedotina ou um inibidor de ALK podem ser uma opção, caso ainda não tenham sido tentados.
Os ensaios clínicos de outras novas formas de tratamento também podem ser uma opção para as recidivas do linfoma não Hodgkin em crianças.
Texto originalmente publicado no site da American Cancer Society, em 10/08/2021, livremente traduzido e adaptado pela Equipe do Instituto Oncoguia.