Radioterapia para retinoblastoma
A radioterapia usa radiações ionizantes para destruir ou inibir o crescimento das células anormais que formam um tumor. É uma forma eficaz de destruir as células cancerígenas que não podem ser removidas cirurgicamente. Em comparação com a cirurgia, tem a vantagem de, eventualmente, salvar a visão.
Dois tipos de radioterapia podem ser usados para o tratamento de crianças com retinoblastoma: radioterapia externa e braquiterapia.
Radioterapia externa
Consiste em irradiar o órgão alvo com doses fracionadas. Esta técnica era o tratamento mais comum para o retinoblastoma, mas, devido aos efeitos colaterais, é agora mais frequentemente reservada a tumores que não podem ser tratados com outros tipos de terapias. A radioterapia externa é realizada cinco vezes por semana, durante um período de algumas semanas. O procedimento em si é indolor e cada sessão dura apenas alguns minutos.
As novas técnicas de radioterapia externa são capazes de atingir o tumor mais precisamente, reduzindo as doses nos tecidos normais adjacentes, o que permite diminuir os efeitos colaterais. São elas:
- Radioterapia de intensidade modulada (IMRT). Permite a conformação da radiação para o contorno da área alvo e utiliza múltiplos feixes de radiação angulares e de intensidades não uniformes, possibilitando um tratamento concentrado na região do tumor, com menor efeito sobre as células sadias, além de reduzir a toxicidade do tratamento. Com esta técnica, é possível avaliar a distribuição de dose em todo o órgão alvo, reduzindo as áreas de alta dose e tornando a distribuição mais homogênea.
- Radioterapia de feixe de prótons. Ao contrário dos raios X que liberam energia durante seu trajeto, os prótons causam pouco dano aos tecidos que atravessam, liberando sua energia no órgão alvo. Os resultados preliminares são promissores, mas ainda há poucos dados sobre seu uso para retinoblastoma.
Possíveis efeitos colaterais da radioterapia externa. Os problemas podem incluir alterações nas áreas da pele irradiadas, perda de cabelo, reações cutâneas, catarata, lesões na retina, lesões do nervo óptico, diminuição da visão, interferência no crescimento do tecido ósseo e aumento do risco de desenvolver um segundo câncer nessa área. Alguns dos efeitos colaterais da radioterapia desaparecem após o término do tratamento.
As novas formas de radioterapia, como a IMRT e a radioterapia com feixe de prótons, que atingem o tumor com mais precisão, poupando mais tecido normal, podem diminuir esses efeitos colaterais.
Braquiterapia
A braquiterapia ou radioterapia interna, ao contrário da radioterapia que trata o órgão alvo com feixes de radiação externos (a longa distância), utiliza fontes de radiação interna (a curta distância). Na braquiterapia, o material radioativo é colocado, por meio de instrumentos específicos, próximo à lesão tumoral em uma pequena placa feita de ouro ou chumbo para proteger os tecidos vizinhos contra a radiação. Como a radiação viaja uma distância muito curta, a maior parte será focada apenas no tumor.
A placa é inserida no globo ocular com pontos minúsculos, durante uma cirurgia e, posteriormente, é retirada numa segunda cirurgia alguns dias depois. Ambos os procedimentos são realizados com a criança sob anestesia geral e ela, normalmente, permanece no hospital durante o tempo entre as duas cirurgias.
Possíveis efeitos colaterais da braquiterapia. A braquiterapia provoca menos efeitos colaterais do que a radiação externa. A principal preocupação é o dano à retina ou ao nervo óptico, o que pode afetar a visão.
Texto originalmente publicado no site da American Cancer Society, em 03/12/2018, livremente traduzido e adaptado pela Equipe do Instituto Oncoguia.