Um segundo câncer?
Aconteceu. O câncer realmente voltou. Como você está se sentindo?
E saiba que está tudo bem se você estiver em choque, assustado ou até com muita raiva. Esse novo e repetido processo de investigar o que está acontecendo, mais o retorno de todas as emoções que você sentiu quando foi diagnosticado pela primeira vez são, sim, bem difíceis e podem ser até mais fortes desta vez. Aliás, não só para você, mas esse momento também pode ser desafiador para seus familiares, amigos e demais entes queridos, colocando suas relações em um turbilhão.
Você pode se sentir mais cauteloso, perdido e menos esperançoso do que nunca. Muitas questões e dúvidas surgem com a volta (recidiva) do câncer, mas, de verdade, tente não se desesperar, certo? Estamos aqui para te ajudar a caminhar nessa nova etapa, com foco especial em esclarecer dúvidas e incertezas que possam surgir daqui pra frente.
Vem com a gente!
Nesta página:
Eu poderia ter evitado a recidiva?
Muitas pessoas culpam a si mesmas por perder uma consulta médica, não se alimentar corretamente ou adiar seus exames de sangue ou de imagem. Mas saiba que mesmo você fazendo tudo isso, o câncer ainda pode voltar. Apesar de todo o conhecimento atual sobre como o câncer se desenvolve e cresce, ele ainda é um mistério de muitas maneiras.
Então, mesmo que você não tenha seguido uma ou outra recomendação médica, não se culpe pela volta da doença. Isso não vai te ajudar em nada nesse momento, certo?
Por que eu? Por que comigo?
Para algumas pessoas, procurar uma resposta para a pergunta "Por que eu?" pode causar noites sem dormir e um eterno exame de consciência. Já outros descobrem que não importa muito o motivo pelo qual algo aconteceu - o mais importante é como lidar com isso.
A preocupação pode drenar das pessoas a energia necessária para lidar com a doença. Se você se sentir incapaz de superar essa pergunta, fale com sua equipe médica. Você pode precisar de encaminhamento para um profissional de saúde mental, como um psico-oncologista ou psiquiatra, que pode ajudá-lo a lidar com esses sentimentos.
O que esperar do tratamento da recidiva do câncer?
Uma vez que o câncer está de volta, novos tratamentos devem entrar em perspectiva. Seu médico irá te apresentar as opções disponíveis para o seu caso, assim como o novo objetivo do tratamento e a eficácia de cada opção.
Certifique-se de entender o porquê de cada tratamento que está sendo considerado:
- É para controlar o câncer?
- É para curar o câncer?
- É para controlar os sintomas e oferecer uma qualidade de vida melhor?
A decisão, por mais que a experiência médica tenha um grande peso, está nas suas mãos e é essencial que o objetivo da terapia seja claro para você.
Se não se sentir seguro com opções terapêuticas propostas, você também pode procurar uma segunda opinião médica ou buscar ser tratado em um centro oncológico com mais experiência em casos similares ao seu. Sua própria equipe médica pode dar sugestões de centros especializados no seu tipo de câncer.
Além disso, pesquisas clínicas também podem ser sugeridas para o seu caso. Se você está pensando em participar de um ensaio clínico, é importante saber qual é o objetivo dele e como ele irá ajudar no seu tratamento. Você pode ver quais estudos clínicos estão abertos no momento aqui.
Mas lembre-se: é muito importante verificar a cobertura do seu plano de saúde. Se você é usuário do SUS, essa informação nem sempre está disponível, mas vale você ter uma conversa franca com o seu oncologista.
Por que o tratamento da recidiva não é igual ao primeiro?
É possível que sua equipe médica sugira tratamentos que você já conhece, podendo até repetir a estratégia usada no tratamento do seu câncer primário. Por exemplo, se você descobriu a recidiva do câncer de mama na própria mama, pode precisar de cirurgia novamente para remover o tumor.
Entretanto, a repetição de terapias não é regra e pode ser que o seu esquema de tratamento seja completamente diferente do que você passou pela primeira vez. Isso porque as decisões de tratamento dependem de algumas questões que variam de tipo de câncer para tipo de câncer e de paciente para paciente.
Para decidir quais tratamentos serão necessários para a recidiva serão considerados:
- Tipo de câncer.
- Quando ocorreu a recidiva.
- Onde está localizada a recidiva.
- Quão disseminado está.
- Sua saúde geral.
- Seus valores pessoais e desejos. (Por isso, conhecer suas prioridades e vontades é tão importante)
Outra coisa a ser considerada pela sua equipe médica é que as células cancerígenas podem se tornar resistentes à quimioterapia. Tumores que retornam muitas vezes não respondem ao tratamento tão bem quanto os primeiros tumores e isso irá impactar na escolha da estratégia terapêutica.
Outra razão pela qual seu médico pode usar um tratamento diferente é devido ao risco de efeitos colaterais. Por exemplo, certos medicamentos quimioterápicos podem causar problemas cardíacos ou lesões nos nervos das mãos e dos pés. Continuar a receber o mesmo medicamento pode aumentar o risco de agravar esses problemas ou levar a efeitos colaterais a longo prazo.
Pergunte à sua equipe médica por que um determinado tratamento é recomendado para a recidiva do câncer e não deixe de discutir suas opções com os profissionais de saúde que te acompanham, com membros do seu grupo de apoio e, especialmente, com membros da sua família.
Se a cirurgia é necessária para tratar a recidiva, quanto tempo é muito tempo para esperar o tratamento? O câncer pode se espalhar enquanto espero?
Você mais do que ninguém já sabe como o tempo é essencial quando falamos de tratar um câncer. Entretanto, para a maioria dos casos, haverá tempo suficiente antes de você precisar decidir sobre um tratamento para a recidiva.
Lembre-se de que as células cancerígenas se multiplicam até crescerem o suficiente para formar um tumor ou algo que possa ser visto em um exame de sangue ou em uma imagem. E isso leva tempo. Por isso, não se sinta pressionado para tomar uma decisão para ontem.
Pergunte para seu médico qual é o intervalo de tempo mais seguro que você tem para tomar uma decisão ponderada sobre a melhor e mais certa opção para o seu tratamento.
Antes de bater o martelo, você também pode aproveitar para obter uma segunda opinião. E certifique-se de discutir todas as opções com sua equipe médica e sua família. No fim, você precisa sentir que tomou a melhor decisão para você.
Qual é a chance de recidiva após o tratamento?
Essa pergunta é muito difícil de responder. Não há como fornecer números exatos. As respostas dependem da sua situação e de muitos fatores diferentes.
Por exemplo, a recidiva de um câncer pode depender do:
- Tipo de câncer que você tem.
- Intervalo de tempo entre o diagnóstico original e a recidiva.
- Agressividade do tipo de célula cancerosa.
- Sua idade.
- Seu estado geral de saúde.
- Seu regime de tratamento.
- Como você tolera o tratamento.
Existem métodos que ajudam a estimar a chance de recidiva para alguns tipos de câncer. Você pode perguntar para sua equipe médica quais são as suas estimativas.
No entanto, lembre-se que são apenas estimativas, ou seja, não podem cravar se seu câncer irá voltar ou não.
Saiba mais sobre como evitar a recidiva.
Risco de um segundo câncer relacionado ao tratamento
Não é possível prever quem poderá desenvolver um segundo câncer. Mas, às vezes, o tratamento oncológico pode aumentar o risco de um paciente sofrer uma recidiva. Conforme novos tratamentos surgem e os tratamentos padrão continuam sendo utilizados, os estudos continuam avaliando como a genética e os diferentes tratamentos contra o câncer interagem, bem como as ligações entre as diferentes opções terapêuticas, hábitos de vida e os agentes causadores de câncer conhecidos.
Radioterapia
Há muitos anos, a radioterapia foi reconhecida como uma causa potencial de câncer. Na verdade, muito do que se sabe sobre os possíveis efeitos colaterais da radioterapia é devido aos estudos realizados nos sobreviventes das explosões das bombas atômicas no Japão. Os pesquisadores também aprenderam muito com os trabalhadores ocupacionalmente expostos às radiações e com os pacientes tratados com radioterapia.
Um exemplo é que a maioria dos tipos de leucemia, incluindo a leucemia mieloide aguda (LMA), a leucemia mieloide crônica (LMC) e a leucemia linfoide aguda (LLA), estão relacionados à exposição às radiações. A síndrome mielodisplásica, um tipo de câncer da medula óssea que pode se transformar em leucemia aguda, também está associada a essa exposição. O risco dessas doenças após o tratamento radioterápico depende de uma série de fatores, por exemplo:
- Quanto da medula óssea foi exposta às radiações.
- Dose de radiação que atingiu a medula óssea.
- Taxa da dose de radiação (dose de radiação, tempo de irradiação e número de frações).
Na maioria das vezes, esses tipos de câncer se desenvolvem vários anos após o tratamento radioterápico.
A radioterapia também pode aumentar o risco de desenvolver outros tipos de câncer, principalmente tumores sólidos. A maioria desses cânceres se desenvolve 10 anos ou mais após a realização do tratamento. Esse risco também depende de alguns fatores:
- Idade do paciente: a idade na época da radioterapia também afeta o risco de tumores sólidos. Por exemplo, o risco de desenvolver câncer de mama após a radioterapia é maior nas pacientes que foram tratadas quando jovens em comparação com aquelas que fizeram o tratamento radioterápico mais velhas. A idade no momento do tratamento radioterápico tem um efeito similar sobre o desenvolvimento de outros tumores sólidos, incluindo o câncer de pulmão, câncer de tireoide, sarcoma ósseo e cânceres gastrointestinais ou relacionados (estômago, fígado, colorretal e pâncreas).
- Dose de radiação: em geral, o risco do desenvolvimento de tumores sólidos após a radioterapia aumenta com a elevação da dose de radiação. Alguns tipos de câncer necessitam de uma dose de radiação maior.
- Área tratada: também é importante, uma vez que esses tumores tendem a se desenvolver próximos ou na área alvo da radioterapia. Certos órgãos, como a mama e a glândula tireoide, parecem ser mais propensas a desenvolverem cânceres após a radioterapia do que outros.
Quimioterapia
Alguns medicamentos quimioterápicos têm sido associados com diferentes tipos cânceres secundários. Os mais frequentemente associados são a síndrome mielodisplásica e a leucemia mieloide aguda. Às vezes, a síndrome mielodisplásica ocorre primeiro, em seguida, se transforma em leucemia mieloide aguda. A leucemia linfoide aguda também tem sido associada à quimioterapia. A químio é um fator de risco maior do que a radioterapia para a leucemia.
O risco aumenta com o uso de altas doses de quimioterápicos, maior tempo de tratamento e altas doses em curtos períodos de tempo. Os agentes quimioterápicos que apresentam um risco aumentado para o segundo câncer incluem:
- Agentes alquilantes (mecloretamina, clorambucil, ciclofosfamida, melfalano, lomustina, carmustina e busulfan).
- Medicamentos à base de platina (cisplatina, carboplatina).
- Inibidores da antraciclina topoisomerase II (etoposídeo ou VP-16, teniposideo, mitoxantrona).
Medicamentos usados na terapia-alvo
Medicamentos de terapia-alvo, que são projetados para combater o câncer visando determinados genes ou proteínas, podem estar relacionados com o surgimento de cânceres secundários. Entretando, como são tratamentos mais recentes, ainda não se sabe muito sobre o risco relacionado. Mas existem alguns medicamentos de terapia-alvo que podem aumentar esse risco.
Por exemplo, os fármacos Vemurafenib e dabrafenib, utilizados para tratar o melanoma podem gerar um risco aumentado de câncer de pele do tipo espinocelular.
Risco de um segundo câncer relacionado ao estilo de vida e meio ambiente
Certos comportamentos ou hábitos e estilos de vida podem aumentar o risco de uma pessoa ter um segundo câncer. Estudos continuam analisando possíveis associações entre genética, hábitos de vida e agentes causadores de câncer conhecidos.
Para alguns tipos de câncer, não está claro se o estilo de vida desempenha um papel no seu desenvolvimento. Para outros, o câncer está relacionado a fatores de risco considerados modificáveis ou que podem ser potencialmente alterados para diminuir o risco de câncer. Mais de 40% dos casos de câncer são atribuídos à hábitos de vida e fatores como:
- Tabagismo.
- Excesso de peso corporal e obesidade.
- Alcoolismo.
- Falta de atividade física.
- Nutrição deficiente.
- Exposição solar ou aos raios ultravioleta (UV) em excesso.
- Infecção pelo HPV (papilomavírus humano).
- A exposição a alguns agentes cancerígenos ocupacionais (radônio, amianto, fumo passivo) ou ambientais também podem aumentar o risco de uma pessoa desenvolver câncer.
Às vezes, o desenvolvimento de um segundo câncer está relacionado ao mesmo hábito e estilo de vida que o primeiro tipo de câncer. Por exemplo, o tabagismo está associado a um risco aumentado de câncer de bexiga. Pessoas que tiveram câncer de bexiga têm um risco aumentado para outros tipos de câncer relacionados ao tabagismo, como câncer de pulmão, câncer de boca e orofaringe, câncer de laringe e hipofaringe, câncer de esôfago, câncer de pâncreas, câncer de colo do útero, câncer de rim, câncer de bexiga, câncer de estômago, câncer de colorretal, câncer de fígado e leucemia mieloide.
Risco de um segundo câncer relacionado à genética e ao histórico familiar
Determinadas alterações genéticas ou síndromes hereditárias podem aumentar o risco de uma pessoa desenvolver um segundo câncer. No entanto, a maioria dos cânceres não está claramente associada aos genes herdados. Estudos continuam analisando as ligações entre genética, hábitos de vida e agentes causadores de câncer conhecidos.
As síndromes hereditárias são causadas por alterações genéticas anormais (variantes ou mutações) que geralmente são herdadas de um dos pais. Essas síndromes podem estar relacionadas a um risco aumentado de um ou mais tipos de câncer. Por exemplo, mulheres com síndrome hereditária do câncer de mama e ovário (HBOC), que são causadas com mais frequência por mutações nos genes BRCA1 e BRCA2, têm um alto risco de câncer de mama, ovário entre outros. Outro exemplo é a síndrome do câncer colorretal hereditário sem polipose (HNPCC), também conhecida como síndrome de Lynch, que está associada a um risco aumentado de câncer de colo do útero, câncer de endométrio, câncer de ovário, câncer de bexiga, câncer de estômago, câncer de pâncreas e outros.
Saiba mais sobre casos de câncer na família
O aconselhamento genético pode ser útil e indicado para pessoas que têm uma síndrome de câncer familiar ou um risco aumentado para um tipo de câncer devido ao histórico familiar.
Um tipo de teste genético é um estudo farmacogenético, que pode ser usado para determinados tipos de variações genéticas. Esse teste analisa como essas variações podem afetar a forma como elas reagem ao tratamento.
Converse com seu médico sobre se o teste genético é indicado para o seu caso específico, bem como os prós e contras de fazê-lo.
Como saber se devo continuar o tratamento?
Não há uma resposta única para essa pergunta. Isso depende do tipo de câncer, de como está afetando você, do que sua equipe médica está dizendo e do que você e sua família estão pensando e sentindo sobre a situação.
Para algumas pessoas, receber tratamento contra o câncer as ajuda a se sentir melhor e mais fortes, porque estão fazendo algo para lidar e controlar a doença. Mas, para outros, retomar a rotina de exames, consultas e sessões de tratamento funciona de maneira oposta, podendo fazer com que se sintam mais cansados ou menos livres.
Só você pode decidir como quer viver a sua vida. Claro, você vai querer ouvir a opinião de sua família, também. Os sentimentos e opiniões deles são importantes, já que estão vivenciando o câncer junto com você. Mas lembre-se de que a decisão final é sua.
É importante que você expresse suas preocupações e desejos para sua família e equipe médica. Isso o ajudará a tomar uma decisão sobre se deve ou não continuar o tratamento.
Mas é importante ressaltar: você pode contar com o suporte da equipe de cuidados paliativos a qualquer momento mas, diante de uma recidiva, isso pode fazer ainda mais a diferença, pois o foco será o controle dos sintomas e melhorar sua qualidade de vida. Para muitas pessoas, o câncer pode ser controlado com tratamentos desse tipo por anos, levando a um tempo de vida maior e com qualidade.
Emoções e a recidiva
Enfrentar uma recidiva vai ser sempre um momento traumático para um paciente com câncer. A incerteza do futuro, frustração com os resultados dos exames e tratamentos, volta do medo e do cansaço podem desestabilizar qualquer um.
É importante ter em mente que é natural se sentir perdido e assustado depois de descobrir a recidiva, mas que não tem porque viver com esses sentimentos ruins. E nem é recomendado, já que o estresse, por exemplo, pode até afetar os resultados esperados do tratamento.
Entenda mais algumas emoções que você pode estar sentindo:
Culpa
É compreensível ficar muito chateado quando você espera uma coisa e o oposto acontece. A última coisa que alguém espera é passar por mais um tratamento contra um câncer que achava que havia desaparecido. E, quando isso acontece, é normal querer culpar alguém.
Mas, ninguém tem culpa. Ainda não se sabe todos os mecanismos e fatores que levam à recidiva, então não é possível apontar o dedo para algo ou alguém. Ninguém é responsável pelo retorno de um câncer, isso inclui sua equipe médica, sua família e, principalmente, você.
Se você tiver à disposição um profissional de saúde mental que te acompanha, fale com ele sobre esse sentimento e como lidar com a culpa. Caso não faça acompanhamento, procure o atendimento de algum psicólogo, psico-oncologista ou psiquiatra. Você pode pedir indicações para sua equipe médica.
Quaisquer que sejam seus sentimentos, eles também devem ser discutidos com sua família e rede de apoio. Procurar ajuda e acolhimento pode fazer toda a diferença.
Raiva
Sentir raiva com uma recidiva do câncer é completamente normal, e você pode precisar de alguém para falar sobre esses sentimentos.
Existem diferentes lugares para encontrar esse tipo de suporte. Para algumas pessoas, sua comunidade de apoio é seu local de culto. Para outras, um grupo de apoio formal ou um grupo de apoio online podem ser úteis. Outros pacientes que enfrentaram recidivas podem entender e oferecer o acolhimento que você precisa.
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Ainda assim, algumas pessoas preferem a privacidade de um aconselhamento individual. Peça aos seus amigos, familiares ou a um médico de confiança uma indicação. No fim, não importa de onde vem o acolhimento e sim encontrar maneiras de liberar seus sentimentos. Você merece ser ouvido.
Depressão, tristeza e ansiedade
Um certo grau de depressão e ansiedade é comum em pacientes que estão enfrentando uma recidiva do câncer. Mas quando uma pessoa está emocionalmente abalada por um longo período de tempo ou tem dificuldades com suas atividades diárias, ela pode desenvolver esses transtornos em um grau mais sério e precisar de atendimento médico.
E não é uma boa estratégia se deixar levar pela tristeza e melancolia. Esses problemas podem te desestabilizar emocionalmente de forma a dificultar o cumprimento de um cronograma de tratamento.
Mas, mesmo que você esteja com esses sinais, existem meios de contornar os sentimentos ruins.
A depressão e a ansiedade podem ser tratadas e os tratamentos geralmente funcionam bem. Tratar os sintomas físicos e incluir hábitos que te trazem alegria, bem estar e contentamento podem ajudar a melhorar seu humor. Use o que você aprendeu quando teve câncer pela primeira vez e tente as coisas que o ajudaram naquela época. Essas mesmas habilidades de enfrentamento podem ser úteis agora.
Familiares e amigos também devem ficar atentos aos sintomas de angústia. Se você é familiar ou uma pessoa próxima de um paciente com câncer, deve incentivar a pessoa a procurar ajuda de um profissional de saúde ao notar qualquer sinal de tristeza e desânimo. A ansiedade e a depressão clínica podem ser tratadas de várias maneiras, incluindo medicamentos, psicoterapia ou ambos. E esses tratamentos podem ajudar a pessoa a se sentir melhor e a melhorar a qualidade de vida.
Medo da morte
Enfrentar um câncer é difícil em qualquer momento, mas é especialmente desafiador quando você acredita que o pior já passou e ele volta. A recidiva do câncer pode parecer ainda mais injusta nessas circunstâncias.
A presença constante do pensamento na morte pode ser difícil, mas converse com sua equipe médica para ter uma ideia de quão realistas são seus medos e preocupações. Mesmo assim, tenha em mente que as estimativas são apenas isso, palpites. Não se deixe abalar por chances e porcentagens, cada caso é um caso.
Também é importante buscar um tipo de apoio que funcione para você, para que possa falar e expressar seus sentimentos sobre a recidiva sem julgamentos ou rejeições. Essas conversas sobre os seus sentimentos, que podem ser com um profissional da saúde mental ou um familiar de sua confiança, também pode fazer com que você aprenda mais sobre si mesmo e explorar o sentido de sua vida.
Às vezes, nossas vidas têm um propósito e significado que não podemos ver claramente. Pode ser muito útil descobrir esse propósito e encontrar o encanto de viver mesmo quando parecer que não há esperança.
Texto originalmente publicado no site da American Cancer Society em 28/08/2023, livremente traduzido e adaptado pela equipe do Instituto Oncoguia.