Vacinação para pacientes com câncer
Vacinas são antígenos, isto é, substâncias que estimulam a criação de anticorpos pelo sistema imune. As vacinas podem ser divididas em dois grandes grupos:
Inativadas (mortas): são vacinas de vírus mortos e que podem ser aplicadas em qualquer pessoa, a qualquer momento com garantia de segurança. As vacinas inativadas podem ser tomadas por pacientes com câncer durante o tratamento oncológico, embora sua eficácia não vá ser a mesma do que se for tomada antes do início do tratamento ou de três a seis meses após o fim do tratamento. A infectologista do hospital Emílio Ribas, Rosana Richtmann, explica o porquê. “Durante a quimioterapia ou radio, o paciente apresenta menor resposta imunológica, criando menos anticorpos. Assim, ele não terá nenhum problema se tomar a vacina, porém ela será menos eficaz.”
Exemplos de vacinas inativas: Hepatite B, HPV, Hepatite A, Pneumococo, Meningococo, Influenza (gripe), entre outras.
Vacinas vivas: são contraindicadas em período de imunossupressão, como por exemplo, para pacientes em tratamento contra o câncer. “Nestes casos você está injetando uma coisa viva atenuada (enfraquecida) no paciente, e como o sistema imune dele já não está muito forte, ele poderá ter complicações por causa da vacina”, explica Rosana Richtmann.
Exemplos de vacinas vivas: Sarampo, Rubéola, Caxumba, Febre Amarela, Dengue, Rotavírus, Paralisia Infantil, Zoster, Varicela, entre outras.
Como o paciente com câncer pode se proteger das doenças contra as quais não pode se vacinar?
A orientação é que as pessoas em volta do paciente, aquelas do seu convívio, possam se imunizar, reduzindo assim o risco de que o paciente oncológico conviva com pessoas com a doença e também a pegue.
Dentre as vacinas que o paciente com câncer pode tomar, é preciso receita?
Não precisa de receita, mas é sempre ideal conversar com o médico oncologista antes para que ele lhe oriente adequadamente.
Onde o paciente com câncer pode tomar as vacinas indicadas?
Existem espalhadas por todo o Brasil unidades dos CRIES (Centros de Referência para Imunobiológicos Especiais), onde estas vacinas são disponibilizadas gratuitamente.
Os CRIES contam com um manual que indica quem pode tomar qual vacina, em qual momento e em quantas doses. Confira a lista completa.
Qual o melhor momento de me vacinar?
O mais adequado seria fazer as imunizações antes de iniciar o tratamento do câncer ou entre três e seis meses após o fim do tratamento oncológico.
“Descobriu que está com câncer, vai começar a tratar? Antes de mais nada, converse com seu médico, vá a um posto de saúde e ponha em dia sua carteira de vacinação. A sua resposta imunológica antes do início do tratamento é melhor do que durante ou depois. No caso das vacinas inativadas, sua melhor resposta é em até duas semanas antes do tratamento oncológico iniciar. Durante a quimioterapia, o mais adequado é não se vacinar. Não que você não possa, mas a resposta à vacina não será tão eficaz quanto antes do início do tratamento. Apenas a vacina contra influenza pode ser tomada a qualquer momento, sem contraindicação”, explica a infectologista Rosana Richtmann.
Existe alguma vacina prioritária para o paciente com câncer?
A vacina pneumocócica. Desde 2019, o Ministério da Saúde incluiu no Programa Nacional de Imunização (PNI) a vacina pneumocócica conjugada 13-valente no calendário de imunizações gratuitas para pacientes de risco. O grupo inclui pessoas com HIV/Aids, transplantados de células-tronco hematopoiéticas, transplantados de órgãos sólidos e pacientes com câncer, além de pacientes imunodeprimidos em geral.
A vacina pneumocócica conjugada 13-valente ajuda na prevenção de doenças pneumocócicas como pneumonia, meningite e otite. Até o momento, a vacina é a única ferramenta disponível para a prevenção de doenças causadas pelo Streptococcus pneumoniae e é disponibilizada, gratuitamente, pelo SUS nas unidades dos CRIES.
Para pacientes oncológicos, essa vacina é administrada em dose única. Porém, ela não é indicada para pacientes que já foram previamente vacinados com a pneumocócica 10-valente. Para quem recebeu a 23-valente, a 13-valente deve ser administrada um ano após a dose da 23-valente.
Em caso de dúvidas, sempre converse antes com o médico que já conhece seu caso. Saiba mais.
Existe alguma vacina contra o câncer?
NÃO. Não existe até hoje nenhuma vacina contra o câncer. Mas existem algumas vacinas que te protegem contra alguns vírus considerados fatores de risco para o desenvolvimento do câncer, como HPV (que causa câncer do colo do útero, vagina, vulva, ânus, orofaringe, pênis e outros), e a Hepatite B (associada ao câncer de fígado).
E a vacina contra o HPV, posso tomar mesmo não fazendo parte do grupo de imunização?
A vacina contra o HPV é destinada a qualquer pessoa em qualquer faixa etária. Ela é uma vacina segura e eficaz. A vacina é fornecida gratuitamente, em duas doses, para meninos de 11 a 14 anos e para meninas de 9 a 14 anos, fase em que a resposta imunológica e a criação de anticorpos contra o HPV é muito mais eficaz e quando há menor chance de a pessoa ter entrado em contato com o vírus do HPV. Mas pessoas de qualquer idade podem procurar uma clínica particular para se imunizar, inclusive pessoas que já tiveram HPV ou câncer HPV relacionado. “Pessoas que já tiveram algum tipo de problema decorrente do HPV não necessariamente já tiveram todos os tipos de HPV, assim, ao tomarem a vacina, se protegem contra outros tipos do vírus”, conclui Rosana.
Quer saber mais? Acesse: https://sbim.org.br/