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Aline Fernandes Duarte - Câncer de Estômago
"Amor além da dor."
Meu nome é Aline, com 3 meses de vida fui diagnosticada com Carcinoma supra-renal, fiz cirurgia e quimioterapia com 1 ano de idade, acompanhamento médico até hoje, devido à anomalia do DNA da minha família.
O câncer tirou mais de mim e da minha família do que de qualquer outra que já ouvi falar. Somos do sertão do Ceará e residimos em Minas Gerais, foi aqui em Minas que tivemos nossos diagnósticos e tratamentos. Meu irmão 2 anos mais velho que eu foi diagnosticado com o primeiro tumor cerebral aos 14 anos, hoje ele tem 32 anos e já passou por 5 tumores cerebrais, 5 cirurgias, muitas doses de quimioterapia e radioterapia, incontáveis ressonâncias e tomografias. Incontáveis agulhadas.
Minha avó faleceu aos 71 anos de idade, sem nenhum problema de saúde, exceto o câncer no esôfago. Contamos com 5 tias diagnosticadas com carcinoma de mama antes dos 55 anos, uma infelizmente nos deixou. E recentemente perdi minha mãe, com seus 53 anos recém adquiridos, com câncer gástrico e câncer de mama ao mesmo tempo. Ela começou a passar mal em Janeiro, perdeu o apetite e sentiu muita queimação após as refeições.
Fizemos uma endoscopia em fevereiro e descobrimos a bactéria H Pylori, que foi tratada sem nenhum problema. Em março, como ela não melhorava e só aumentava a perda ponderal de peso, realizamos outra endoscopia e não deu nada, já não tinha mais a bactéria, além dos exames de sangue que deram normais também. Em abril realizamos uma tomografia do tronco inteiro, foi diagnosticado apenas um mioma uterino que ela já tinha a muitos anos, novamente os exames de sangue estavam normais. Em Maio nós internamos minha mãe, pois ela já não conseguia deglutir nem mesmo água. Internamos ela pra ela ser hidratada e alimentada por uma sonda, e fazer mais exames para descobrir o que ela tinha, realizamos uma nova endoscopia que mostrou o câncer gástrico grau 3, ali ela ficou internada, fazemos vários exames por que foi tudo muito rápido, quando agendaram a cirurgia dela para remoção do estômago, fizeram outra tomografia e infelizmente ela já estava com o tumor de krukenberg nos ovários e a parede abdominal colada (metástase).
Iniciamos o paliativo no dia do aniversário dela de 53 anos. Um mês até ela falecer. Um mês tentando retribuir todo amor que recebemos dela, Um mês pra dar a ela uma morte digna e sem dor. Um mês para preparar seus últimos desejos e vontades. Um mês pra conseguir nos despedir. Um mês não foi o suficiente, uma vida me despedindo não seria o suficiente para me despedir de quem me deu a vida e cuidou de mim e do meu irmão até seu último dia lúcida. Dez dias antes dela falecer foi sedada devido às fortes dores, nem mesmo doses extremas de morfina, haldol e vários outros medicamentos que não amenizam as dores.
Eu queria gritar o quão injusta a vida é, queria ter feito mais por ela, queria que ela tivesse mais vontades para serem realizadas, um mês foi muito pouco tempo pra dizer a ela o quanto nós a amamos. Sua falta é sentida diariamente. Meu exemplo de amor, acima de tudo, viveu por mim e meu irmão. O câncer tirou tudo de mim.