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Ana Paula. - Câncer de Fígado
"Minha mãe se foi em 3 meses."
Tudo começou em julho deste ano, quando minha mãe sentiu dores intensas na região abdominal à noite. No dia seguinte, a dor continuou, muito forte, como uma cólica. Levei-a ao plantão, mas a médica, com descaso, disse apenas para ela tomar Buscopan e procurar o médico dela. Minha mãe tomou o remédio e a dor passou; depois disso, não voltou, e ela seguiu a vida normalmente.
Alguns dias depois, cerca de 20, ela estava deitada e notou um nódulo palpável na barriga que parecia ter surgido do nada, mas não sentia dor. Ficamos preocupados, e ela foi à consulta no posto de saúde, onde a médica pediu uma ultrassonografia. O exame detectou uma massa no abdômen, mas sem muitos esclarecimentos. Ela decidiu procurar um médico particular, que recomendou uma ressonância. Ela conseguiu agendar para cerca de 20 dias depois, pois, mesmo pagando, não era rápido. O laudo trouxe uma notícia alarmante: achados altamente suspeitos para hepatocarcinoma com infiltração. O desespero tomou conta de todos. Queríamos acreditar que o médico só havia sugerido essa possibilidade, mas que poderia ser outra coisa...
Assim começou uma jornada de consultas, pelo SUS, nossa única opção. Foram 30 dias entre consultas com especialistas, anestesista, exames, enquanto aquele tumor parecia crescer a cada dia. Graças a Deus, minha mãe não sentia dor, mas o apetite dela foi diminuindo gradativamente até que, próximo ao dia da cirurgia, já não conseguia mais comer. Começava a comer e logo sentia enjoo, uma sensação de estômago cheio, e estava cada vez mais magra. O médico orientou que ela fizesse exercícios e tentasse ganhar peso para se preparar para a cirurgia, mas o tempo foi curto. A cirurgia foi marcada para cerca de 20 dias após a última consulta, e o médico explicou que tentaria remover todo o tumor. Ele nos alertou sobre a complexidade do procedimento, mas essa era a única alternativa. Ficamos esperançosos, acreditando que ela finalmente se livraria disso.
No dia 1º de outubro, há 14 dias, às 11 horas, ela entrou no centro cirúrgico, e nosso desespero começou. As horas passavam sem notícias. Quando perguntávamos, diziam que ela ainda estava na cirurgia e que tudo estava bem... até que um enfermeiro apareceu com a primeira bolsa de sangue. De cara, soube que era para minha mãe. Depois veio outra bolsa... e outra. Eu estava desmoronando, sabendo que minha mãe estava sofrendo e perdendo muito sangue. A cirurgia levou cerca de 5 horas. Finalmente, o médico saiu e conversou conosco. Ele disse que o tumor era maior do que mostravam os exames e que havia mais dois do outro lado do fígado. Ele ressecou 50% do fígado, mas, no final da cirurgia, a pressão dela caiu para 4. Eu e meu cunhado ficamos extremamente angustiados com as palavras do médico, pois ele não demonstrou esperança. Ele apenas nos informou que ela iria para a UTI e que deveríamos aguardar para falar com os responsáveis.
Esperamos mais 2 horas até nos chamarem para vê-la na UTI. Ela estava desacordada, em coma induzido. Foi o maior desespero que já senti, a maior aflição ao ver minha mãe naquela situação, sem saber se ela reagiria. Saí da sala aos prantos e voltamos para casa, pedindo a Deus para que ela reagisse. Mas, infelizmente, ela não voltou. Sua condição piorou no dia seguinte, e os médicos da UTI informaram que ela estava no máximo de medicação. Nos disseram para ir vê-la. Como era em outra cidade, meu cunhado veio buscar a mim e minha irmã para tentarmos ver se ela reagia. Infelizmente, não deu tempo. Minha mãe se foi às 15 horas do dia 1º de outubro de 2024. Acredito que ela já havia partido ali mesmo na sala de cirurgia, quando a pressão caiu para 4; naquele momento, foi o fim dela.
O que mais dói é que foi tudo tão rápido. Esse tumor apareceu, e ela não conseguiu resistir à cirurgia. Pensamos que Deus a poupou de algo pior, para que ela não sofresse após a cirurgia, caso o tumor fosse maligno e voltasse ou se espalhasse. Há 14 dias perdi minha mãe, e a dor é dilacerante, a pior que já senti.