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  • B. - Câncer de Esôfago
    "Meu amado pai se foi"

Meu pai fazia acompanhamento todo ano com o gastrointestinal, devido a problemas no esôfago e intestino. Sua última endoscopia foi em 2017, e estava tudo bem. Em 2018 fez colonoscopia e estava tudo bem. Em 2019 foi fazer tratamento de um descolamento de rotina, por isso não fez exames esse ano, quando entrou a pandemia ficamos com medo. Então, 16 de novembro de 2020, ele foi consultar.


Tinha um caroço no pescoço, nessa consulta o médico já nos alertou para uma doença grave. Quando fez a endoscopia nosso mundo caiu, meu pai estava com uma ferida de 7 cm no esôfago, já foi encaminhado para oncologia, onde já fizemos todos os exames para iniciar o tratamento. 


Fez 5 sessões de radioterapia. Meu pai começou a ter muita febre em dezembro. Ele fez mais exames, descobriu alguns nódulos nos pulmões, foi um momento tão difícil de contar pra ele, mas seguimos firmes confiantes que tudo ia dar certo. 


Em janeiro começou a quimioterapia, ele fazia 5 dias e descansava 21. A perna esquerda começou a doer muito. Meu pai gemia de dor, o único remédio que melhorava era morfina. Foi feita uma cintilografia que constatou que havia metástase na coluna e no osso ílio. 


Ele fez 5 sessões de radioterapia e a dor cessou. Ele fez mais dois ciclos de quimioterapia, um em fevereiro e outro em março. Então começou a sentir dor na polpa do bumbum direito. Foram pedidos mais exames. Fui com meu pai na consulta, dia 8 de abril, ele teve que ir de cadeira de rodas. Ele estava se sentindo muito cansado e tinha dor ao ficar em pé. 


Foi ali que meu mundo desabou outra vez, a médica disse que os nódulos haviam aumentado, tanto do pulmão quanto do esôfago, e haviam nódulos com necrose na musculatura da perna direita, ia mudar a quimioterapia, para fazer uma vez na semana. Meu pai estava cada dia pior, já não tinha mais apetite, ficava só deitado, gemia o tempo todo com dor. 


Meu coração doía demais por vê-lo assim e não poder fazer nada. Então, dia 12 ele foi internado com muita falta de ar e dor. Ficou 11 dias internado, colocaram sonda para alimentar, ele delirava o tempo todo. Não reconhecia as filhas dele que ficavam lá com ele. 


No seu último dia de vida, eu tive o privilégio de ficar com meu paizinho ali, pois eles não estavam deixando trocar de acompanhante devido a pandemia. Eu vi o quanto meu pai estava sofrendo. Eu fiquei o tempo todo segurando sua mão, fazendo carinho no seu cabelo e dizendo o quanto eu o amava. Chorava toda vez que ele dormia. 


Na madrugada do dia 21, às 04:55 da manhã, Deus levou meu paizinho para dormir o sono dos justos. Foi uma dor muito grande. É uma sensação de que um pedaço seu foi arrancado. Ao mesmo tempo, eu senti uma sensação "boa" de saber que ele não estava mais sofrendo. Meu pai tinha uma fé muito grande que ia ser curado, nós filhos tínhamos essa fé também, mas Deus sabe de todas as coisas. 


Meu pai foi uma pessoa boa em toda sua vida, aquele pai maravilhoso, nunca magoou um dos seus filhos. Preferia sair magoado do que magoar alguém. É o meu exemplo, quero poder contar para meus filhos o avô maravilhoso que eles tiveram. A pessoa amorosa, cuidadosa, que sofreu tanto morando na roça por tanto tempo sozinho.


No final da sua vida foi hora de descansar. Passou por tudo isso, mas nunca reclamou com Deus do porquê. No seu leito de morte ele dava glória a Deus. Hoje a dor é muito grande. Dói, dói muito. Minha vida perdeu todo o sentido, meus sonhos ficaram cinzas, não faz mais sentido sem ele. 


Meu pai viveu 5 meses após descobrir a doença. Nós filhos, cuidamos com muito carinho, demos muito amor, fizemos tudo que meu pai pedia, se tinha vontade de comer alguma coisa, comprar alguma coisa, ir em algum lugar.

 

Dei muito carinho e amor para meu pai. É isso que eu digo, ame muito, diga que ama! Nós não esperávamos ter que nos despedir dele, e aconteceu. Que Deus dê forças pra todos que estão passando por esse momento!


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